Apresentação: O Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde do Espírito Santo (Qualifica APS) desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde – ICEPi, consiste num conjunto de iniciativas que visam a integração sistêmica de ações e serviços de saúde por meio da provisão de atenção preventiva, contínua, integral e humanizada, que favoreçam o acesso, a equidade, a eficácia clínica e sanitária, bem como a eficiência econômica e social. O componente de Provimento e Fixação de Profissionais é resultado da cooperação entre o Estado e os Municípios por meio do desenvolvimento de mecanismos recrutamento, formação, remuneração e supervisão. A Estratégia de Saúde da Família nos 64 municípios que integram o QUALIFICA APS é o principal campo de atuação dos profissionais médicos, dentistas e enfermeiros e onde se espera que através das ações desenvolvidas em conjunto pelos docentes, supervisionados e ICEPI consigamos de fato impactar positivamente na melhora da qualidade da assistência prestada à população do Espírito Santo. Nesse viés, o ICEPi desenvolve ações voltadas para a Estratégia de Saúde da Família, e diante da gravidade da COVID-19 que foi considerada uma pandemia em março de 2020,  ocasionando alta mortalidade e transmissibilidade, a contribuição do Enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família (ESF) atuante pelo programa Qualifica APS, tornou-se fundamental no cenário da vacina, que despontou em janeiro de 2021 como uma possibilidade de deter o avanço da COVID-19, sob o prisma de reduzir casos graves e consequentemente diminuir as mortes. Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência vivenciada pelos docentes assistenciais enfermeiros quanto a atuação dos enfermeiros do programa QUALIFICA-APS no desdobramento da campanha de vacinação contra a COVID-19. Descrição da experiência: O trabalho em relevo trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, tendo como disparador a vacinação contra a COVID-19 no estado do ES iniciada em janeiro de 2021, frente a necessidade em evitar casos graves da doença, mortes e o colapso do sistema de saúde. O Brasil dispõe de um programa de vacinação completo sendo considerado o maior do mundo.  A oferta de vacinas é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI). No contexto da pandemia, novamente o sistema de imunização fora testado. Ainda que a atuação tenha sido eficaz, houve divergências nos critérios estabelecidos para imunizar a população brasileira. Esta situação permitiu que fossem adotadas estratégias paralelas pelos Estados e Municípios, o que propiciou a desinformação. Para garantir o acesso às doses, fora desenvolvido um amplo planejamento com a participação ativa dos profissionais enfermeiros, tendo sido de extrema importância o acompanhamento in-loco e a educação permanente realizada pelos docentes assistenciais, dadas as especificidades inerentes ao contexto pandêmico, que é completamente novo. Nessa toada, os enfermeiros têm sido protagonistas e todo o trabalho desenvolvido pelos docentes dessa mesma classe também é de extrema importância, pois a educação permanente serve de sustentáculo para as ações direcionadas e específicas otimizando o trabalho de cada um, diante do cenário desfavorável e da exaustão destes profissionais. Todo o trabalho realizado pelos docentes assistenciais, dadas as especificidades inerentes ao contexto pandêmico, foi de alta complexidade desencadeando para cada enfermeiro um grande desafio.  Resultados e/ou impactos: Constatou-se que a educação permanente desenvolvida pelos docentes assistenciais do programa Qualifica APS e o trabalho em equipe foram essenciais para o bom desempenho da campanha de vacinação contra a COVID-19 nos munícipios do Estado do Espírito Santo, possibilitando a ampliação do senso crítico e desenvolvimento do raciocínio científico, contribuindo na atuação do profissional para efetivar a campanha de vacinação, condução do processo de trabalho, procedimentos assistenciais, melhorando a qualidade do serviço ofertado à população e uma boa adesão a vacinação. Observou-se ainda uma sobrecarga dos enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família quanto ao planejamento e execução da campanha de vacinação contra COVID-19 nas Unidades de Saúde da Família. Considerando que a organização de todo o processo que envolve efetivação da vacinação é de responsabilidade do enfermeiro e da equipe de enfermagem, na campanha de vacinação para o enfrentamento à COVID-19 a enfermagem comprovou o vigor do seu trabalho, sendo indispensável para o alcance da cobertura vacinal no ES. Isso posto, diante da urgência em garantir imunização ao maior número de usuários, no menor prazo possível, de forma segura e com qualidade, as equipes de enfermagem enfrentaram toda ordem desafios: o desespero da população para receber a vacina em contraposição à hesitação de alguns usuários do grupo prioritário para receber o imunizante; o desconhecimento das reações adversas; a (in)disponibilidade de doses; a existência de vacinas distintas, com doses e intervalos diferentes, gerando confusão nos registros e no entendimento dos usuários; atrasos na administração da segunda dose e por vezes, o não comparecimento do usuário para recebê-la;  atrasos na distribuição das vacinas e dispersão para localidades distantes; dificuldades para manter a conservação adequada do imunizante; a exposição cotidiana  do trabalhador à COVID-19; a divulgação de possíveis fraudes (isoladas) na mídia nacional, que desabonaram a imagem da enfermagem, gerando exposição desautorizada da imagem dos profissionais durante o exercício do trabalho. Todo esse cenário, ocasionou ao enfermeiro uma carga emocional, física e laboral desmedida. Em contrapartida, várias estratégias foram implementadas para garantir o êxito da cobertura vacinal da população. Dentre estas, destaca-se o trabalho de educação em saúde para sensibilização da população quanto à importância da prevenção da doença através da imunização; a atuação dos enfermeiros docentes como um importante canal de comunicação de confiabilidade técnico-científica para os enfermeiros assistenciais, e a busca ativa com vacinação domiciliar. Está última, em especial, foi fundamental para fortalecer o trabalho em equipe, aproximando os profissionais de saúde com a comunidade, e possibilitando, inclusive, a descoberta de pacientes portadores de doenças crônicas que não utilizavam o serviço de saúde das ESFs.

Considerações finais: Através da experiência aqui descrita, é possível auferir que os processos formativos continuados, fomentados pelo ICEPi durante a atuação dos docentes assistenciais enfermeiros, refletiram na organização do processo do cuidado, no repasse de informações relevantes a comunidade e na atuação segura dos profissionais enfermeiros atuantes na campanha vacinal contra COVID-19.