O presente estudo tem como objetivo identificar percepções que idosos em situação de vulnerabilidade na região da Vila Nova têm acerca dos impactos, na sua condição de vida, das políticas sociais de Seguridade Social, compreendidas como estratégias elaboradas de forma intersetorial, tais como saúde, assistência social e previdência, para garantia dos direitos da população.

Diante do crescimento em massa da população acima de 60 anos, sendo a cidade de Santos - SP com uma população desta faixa etária acima da média do estado, entende-se o conceito de envelhecimento vulnerável não como algo homogêneo e abstrato, mas que considera a prevalência da desigualdade social e de classe no processo da longevidade da população. As políticas sociais que se elaboram no enfrentamento desta questão social necessitam captar as características dos espaços, territórios e os sujeitos que ali habitam, sendo que a pesquisa optou por se concentrar na cidade de Santos, bairro da Vila Nova, região com alto número de cortiços.

Por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de discurso com três participantes, os resultados mostram a prevalência de idosos com agravamentos em saúde e que são dependentes de cuidados no cotidiano, vivendo em cortiços, cuja baixa renda e escassez de vínculos familiares faz com que o apoio comunitário e informal torne-se essencial para a sobrevivência. A seguridade social se manifesta por meio da previdência e assistência social na concessão de mínimo necessário, porém por vezes com inconsistências e atuações que não superam ações pontuais e isoladas, tal como centralidade no fornecimento de cestas básicas. No âmbito da saúde, destaca-se a atuação da Estratégia de Saúde da Família reconhecida como fator para manutenção da saúde, porém não foram averiguadas ações que visem a prevenção de doenças e promoção de saúde ao longo da vida dos entrevistados. Ainda que reconhecendo desafios de habitarem sozinhos em um bairro com infraestrutura precária e sem acesso a serviços e espaços de convivência e fomento da qualidade de vida, os entrevistados mostram-se vinculados ao território da Vila Nova e desejam preservar a autonomia em residência própria, em vez de serem encaminhados às Instituições de Longa Permanência, como já lhes foi proposto. Assim, políticas que visam a atuação no domicílio e fortalecimento das redes atuais de apoio se encontram como demandas manifestadas pelos entrevistados.

Por fim, diante da insuficiência de intervenções das políticas sociais, faz-se imprescindível maior visibilidade e aproximação da realidade do idoso em vulnerabilidade, por parte das instituições, da comunidade e sociedade como um todo, que necessitam reconhecer os fatores estruturais que levam a esta questão social e se mobilizar para o seu enfrentamento.