Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE PORTADORA DE ADENOCARCINOMA PULMONAR EM TRATAMENTO IMUNOTERÁPICO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jhennifer Nycole Rocha da Silva, Brenda Caroline Martins da Silva, Nathália Oliveira de Souza, Amanda Loyse da Costa Miranda, Joanny Emanoelly Campos do Nascimento, Ana Larissa Lobato de Freitas, José Henrique Santos Silva

Última alteração: 2022-02-10

Resumo


Apresentação: A neoplasia maligna, também conhecida como câncer, é considerada a segunda maior causa de mortalidade global, estando apenas atrás de doenças cardiovasculares. Sua principal definição consiste em ser um grupo de centenas de doenças que podem acometer qualquer parte do corpo, com características celulares anormais, invasivas, de rápido crescimento e alcance de partes adjacentes, seu último estágio de progressão é classificado como metástase. Durante muitos anos em que se conhece essa patologia, alguns tratamentos foram desenvolvidos com o objetivo garantir a cura ou uma maior qualidade de vida para o paciente. A quimioterapia, cirurgia e radioterapia, são exemplos de tratamentos desenvolvidos, mas os riscos à saúde de quem já está debilitado e os efeitos colaterais, são altos. Assim, a imunoterapia surge como um mecanismo principal com o objetivo de direcionar o sistema imunológico para as células tumorais, dando um suporte  a mais para que o sistema imune tenha vantagens na luta contra o câncer. Apesar da imunoterapia ser um tratamento mais específico para as células tumorais, ainda assim ela apresenta reações adversas graves, no entanto, essas reações são mais brandas do que as reações à quimioterapia, por exemplo, e por se tratarem de novas drogas o perfil de toxicidade ainda vem sendo estabelecido. Os efeitos adversos inespecíficos causados pela imunoterapia incluem sintomas gastrointestinais, mucosite e mielossupressão, todavia esses efeitos colaterais são em sua maioria leves ou ausentes. Neste cenário, as ações do profissional enfermeiro são imprescindíveis tendo em vista a promoção, prevenção e recuperação do indivíduo. Para isso, suas intervenções devem ser desenvolvidas de maneira sistematizada, com precisão e raciocínio crítico ao decorrer de todo o atendimento, oferecendo suporte com segurança na garantia de uma assistência singular. O estudo propôs-se a descrever a Sistematização da Assistência de Enfermagem a um paciente portador de câncer de pulmão em tratamento imunoterápico, tendo como referencial teórico o modelo conceitual de Wanda Horta, utilizando os Diagnósticos de Enfermagem da Taxonomia II da NANDA, as intervenções de enfermagem da NIC e os resultados da NOC. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado no setor ambulatorial de um Centro Avançado de Ensino, Pesquisa e Tratamento do Câncer localizado no estado do Pará, no município de Belém, no mês de junho de 2021. Participaram do estudo três estudantes e um preceptor da instituição. A paciente foi selecionada de forma aleatória para análise de dados e prontuário, realização de exame físico e identificação dos diagnósticos de enfermagem, intervenções de enfermagem e resultados esperados. Resultados e descrição da experiência: ao primeiro momento, foram coletadas as seguintes informações: mulher, 60 anos, parda, solteira, sem filhos, proveniente de Belém/PA, reside sem acompanhantes. No momento, apresentou-se consciente, orientada em tempo e espaço, eupneica em ar ambiente, normotérmica, deambulando sem auxílio, ECOG 2, com limitação ao diálogo e adesão aos planos terapêuticos estabelecidos junto a equipe multidisciplinar. AP: HAS, nega diabetes, tabagista há 40 anos (dois maços de cigarro ao dia), referindo ter diminuído a quantidade, e etilista social. Faz uso dos seguintes medicamentos: Atacand 8mg/dia, Lexotan se necessário, Fluoxetina 20mg/dia e Rosuvastatina 40mg/dia. AF: mãe faleceu de leucemia e o irmão faleceu com câncer de pulmão. NHB: sono e repouso preservados, nutrição inadequada rica em alimentos pró-oncogênicos, oxigenação adequada, funções fisiológicas presentes e espontâneas, não realiza práticas físicas. Em janeiro de 2013, em consulta de rotina, foi identificado duas lesões pulmonares por meio de tomografia em tórax, sendo realizada ressecção pulmonar em abril de 2012 e acompanhamento através de exames de imagem. Em setembro de 2016 observou-se opacidade em lóbulo superior direito e lóbulo inferior esquerdo. Em dezembro de 2016 observou-se aumento de 0,1 cm em lóbulo superior direito, e de 0,4 cm em lóbulo inferior esquerdo. Em exame PET-CT realizado em janeiro de 2017, foi identificado hipermetabolismo em nódulo pulmonar direito, e biópsia pulmonar de março de 2017 evidenciou um Adenocarcinoma Pulmonar de crescimento Lepídico. Como tratamento, iniciou nos meses de maio e junho de 2017, dois ciclos de carboplatina e pemetrexede, e em julho e agosto do mesmo ano, seguiu do terceiro ao sexto ciclo de carboplatina e pemetrexede, acrescentado Bevacizumab com boa tolerância. Apresentou neutropenia grau três e resposta quase completa identificada pelos exames. Seu tratamento deu continuidade através da manutenção de oito ciclos com Pemetrexede e Bevacizumabe, respondendo com leve neutropenia e hepatite medicamentosa. Segue realizando até o presente momento a terceira linha de tratamento com Atezolizumabe 1.200mg a cada três semanas. Por intermédio do histórico e avaliação clínica, foram encontrados os seguintes problemas ativos e apontados os seguintes diagnósticos de enfermagem: a) Risco de síndrome do idoso frágil, relacionado a alterações no domínio físico, social e psicológico, evidenciado por hipertensão, ECOG 2 e Karnofsky 60-50%; b) Enfrentamento defensivo, relacionado a negação de fraquezas e dificuldade para estabelecer relacionamentos, evidenciado por sistema de apoio insuficiente, vícios e negação de fraquezas e problemas; c) Comportamento de saúde propenso a risco, relacionada à capacidade prejudicada de modificar o estilo de vida, evidenciado por falta de adesão e resistência aos planos terapêuticos da equipe. A partir disso foram elencados as respectivas intervenções de enfermagem: a) Encorajar a realização do autocuidado a cada encontro; Orientar a remoção de obstáculos em sua casa que possam promover algum acidente; Determinar história física, social, psicológica, seus hábitos comuns e rotina em triagem inicial; aplicar semestralmente índice de vulnerabilidade clínico funcional 20 (IVCF-20) para reconhecimento rápido do idoso frágil; Avaliar PA antes e após o tratamento quimioterápico; b) Avaliar mensalmente a vontade do paciente de atingir os objetivos do tratamento; reforçar a cada encontro as intervenções estabelecidas pela equipe multidisciplinar; realizar educação em saúde sobre os riscos do tabagismo, realizar questionário de tolerância de Fagerstrom para avaliar o nível de dependência da nicotina; em caso de interesse, orientar goma de mascar ou partilhas com 2 mg de nicotina para auxiliar a cessação do tabagismo ou adesivos de nicotina a depender do teste de fagerstrom; c) Priorizar a cada encontro o contato e a criação de vínculo com o paciente; promover ensino do processo de adoecer; estabelecer a cada encontro pequenas metas mútuas; ter um cuidado na assistência do pesar, monitorando ansiedade, alterações no humor. Após a execução da Sistematização de Assistência de Enfermagem, espera-se os seguintes resultados: a) Envelhecimento saudável, sem risco de acidente, com autonomia e autocuidado; b) Melhor adesão ao tratamento e entendimento dos objetivos reais da paciente com o tratamento com a equipe; c) Criação de vínculo com a equipe e uma adesão progressiva aos planos terapêuticos. Considerações finais: Na assistência ao paciente oncológico, o enfermeiro acompanha todas as fases vivenciadas, desde o diagnóstico, tratamento, manejo de sintomas, reabilitação e/ou cuidados paliativos. Por ser um momento de descobertas e ressignificação da vida, a humanização no atendimento torna-se fundamental para este profissional, especialmente na construção de condutas que resgatem a autonomia e o enfrentamento do indivíduo. À vista disso, sistematizar as ações e condutas da equipe de enfermagem assegura a criação de vínculo e garante a eficácia das ações ao longo dos protocolos terapêuticos adotados.