Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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GUEREIRAS DO QUILOMBO NO PROTAGONISMO E PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Geovana Lima Pereira, Silvio Almeida Ferreira

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


Conforme o Ministério da Saúde, a esperança de vida para as mulheres negras é de 66 anos, enquanto, para as mulheres brancas é de 71 anos. Existe um potencial fator de produção de iniquidades em saúde causado pelas discriminações. Como as mulheres negras estão na interseção das discriminações raciais, de gênero e classe social, tornam-se maiores os riscos de comprometimento da identidade pessoal, imagem corporal, autoconceito e autoestima com influências sobre o processo bem-estar/saúde e doença/mal-estar. O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência da participação em projeto de extensão sobre os determinantes sociais, racismo e classe econômica desenvolvido com mulheres que vivem em uma comunidade quilombola. Trata-se de um relato de experiência da execução do projeto denominado “Promoção a saúde das mulheres negras frente aos determinantes: racismo, gênero e classe econômica no quilombo de Murumuru, Santarém, Pará” no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Extensão – Ação Afirmativa (PIBEX-AF), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), ocorrido no período de janeiro a dezembro de 2016. A comunidade quilombola Murumuru situa-se na rodovia Curua-Úna, ramal Santa Rosa a, cerca de, 48 quilômetros da zona urbana de Santarém/Pará. O projeto foi desenvolvido com um grupo de mulheres de aproximadamente 30 membros, denominado “Guerreiras do Quilombo” com idade entre 18 e 69 anos. Em meio às atividades desenvolvidas, houveram reuniões e rodas de conversa sobre saúde da mulher, racismo, questões de gênero, incentivo à renda e sustentabilidade ambiental. As mulheres vivem da agricultura familiar, de benefícios sociais, pesca e extrativismo. Quando são acometidas por processos de adoecimento, recorrem, primeiramente, ao uso de plantas medicinais para o tratamento sintomatológico, utilizam chás e garrafadas, oriundo dos conhecimentos tradicionais que são repassados de geração para geração; algumas vão a benzedeiras e/ou puxadeiras da comunidade para recuperar a saúde. Algumas limitações e dificuldade são impostas para o acesso aos serviços de saúde, considerando que o posto de saúde do quilombo foi desativado por falta da contratação de profissionais e a unidade de saúde mais próxima fica na comunidade quilombola Tiningú — há quilômetros de distância entre as comunidade com estradas de difícil acesso — onde algumas das mulheres procuram atendimentos básicos, sendo que os serviços de especialidades são acessados no perímetro urbano de Santarém. Considerando as realidades enfrentadas por estas mulheres, iniciativas como a das “Guerreiras do Quilombo”, sendo um espaço de discussões coletivas, representa muito para as mulheres quilombolas à busca de enfrentamentos das adversidades e problemáticas e enquanto protagonistas de suas histórias.