Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Pragmatismo Utópico. Devir solidário das novas institucionalidades das artes. Labor Textil regenerantes de“Taypi" (aymara) de Demos-Gaia : Corpo-coração (amuyt’aña). Corpo-comunidade. Corpo-território. Corpo-infinitum de múltiplas vozes.
LUIZ GUILHERME DE BARROS FALCAO VERGARA

Última alteração: 2022-02-21

Resumo


É diante os colapsos de estruturas sociais e instituições públicas de “Demo" (de cidadania e das práticas do Comum) que se redobra a importância de se restaurar os sentidos transdisciplinares das artes, das Humanidades não eurocêntricas, pós-coloniais e pós-humanistas. Esta pesquisa se desenvolve a partir da conceitualização do pragmatismo utópico para a formação transdisciplinar de artistas, agentes culturais, sociais e ações coletivas buscando reunir os fundamentos éticos emergentes das estratégias regenerantes da potência vital das artes como “demi-urge” do acontecer solidário, “taypi" (aymara), das associações colaborativas multiespecies com a Natureza, como eco-sistema único de infinitos modos de existência e cosmovisões fora da cegueira herdada do excepcionalismo humano. Com o sentido de Ernst Bloch para “futurum-front-novum”, investe-se no experimental do que não ainda foi instituído, reconhecendo o devir da solidariedade nas novas institucionalidades experimentais de estados de invenção de laboratórios de estruturas vivas comportamentais de confluências das artes com as práticas de Demos/Comum. Este estudo aponta para a urgência de formação de valores éticos e estéticos para as práticas e políticas do Comum nos lugares e institucionalidades de coletivização e convivialidade das artes-cidadania-saúde em ações ambientais, terapêuticas sociais, comunitárias, co-criacão coletiva.

Para abordar novas institucionalidades entrelaçam-se aqui como forma viva de um processo de "Labor Textil" Ch’ixi, de Silvia Cusicanqui, diferentes conceitos afins - desde a Coincidentia (ou Coincidatio) Oppositorum, o principio de não localidade para o Mundo Emaranhado de Denise Ferreira, Quiasma de Merleau Ponty, el Cuerpo-Território de Veronica Gago e o reencantamento do mundo pela retomada de uma política do Comum de Silvia Federici. Em contrapondo, tem-se o desfazimento de Demos que Tatiana Roque e Josué Medeiros abordam explorando a crise da democracia através do colapso de suas instituições de cidadania em três rupturas - confiança, legitimidade e autoridade. O emaranhamento do mundo pode ser também abordado pelas viradas paradigmáticas que envolvem desde a hipótese de Gaia por Lynn Margulis e James Lovelock, às diversas releituras como Regenerantes de Gaia de Fabio Scarano (2020), as “associoções multiespécies” e o pós “excepcionalismo humano” explorado por Emanuele Coccia e Anna Tsing, entre outros. Assim esse estudo busca entrelaçar fios soltos dos pragmatismos utópicos das viradas éticas das artes-cidadania (agentes Demos) - saúde coletiva, em um sentido de “devolução para a Natureza” do corpo-território das associações multiespécies, tais como a obra de Hélio Oiticica, "Devolver a Terra à Terra", em seu último CONTRABÓLIDE Nº1. Esse “Labor Textil”(inspiração Ch’ixi) configura uma perspectiva de confluências entre as artes, cidadania (Comum-Demos), Educação e Saúde, como devir descolononial das institucionalidades regenerantes de Demos e Gaia, para a sua inclusão e devolução inseparável do ser-mundo-abrigo de interdependência dos infinitos modos de existência.