Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-10
Resumo
Com a pandemia causada pela Covid-19 algumas das precarizações que já conviviam conosco foram escancaradas, entre elas o trabalho realizado por trabalhadoras domésticas, em específico, aquelas que não possuem vínculo empregatício. Essa categoria ocupada majoritariamente por mulheres enfrentou a difícil missão de conciliar suas duplas jornadas de trabalho com a exposição ao vírus como forma de sobrevivência. Para melhor explorar tais questões, foi adotada uma pequena pesquisa bibliográfica como método, fazendo uso de ferramentas de pesquisa da internet para encontrar artigos de acesso livre. A seleção dos textos foi feita a partir da leitura dos resumos e buscando os que fizessem uma relação entre trabalho doméstico informal e a pandemia de COVID-19 no Brasil. Em março de 2020, o Ministério da Saúde brasileiro decretou a quarentena, como medida de saúde preventiva, com a intenção de promover o isolamento social e/ou distanciamento social. O setor econômico e social foram os mais afetados, junto a isso, mulheres ficaram mais expostas não somente a violência doméstica, mas também à fome e ao desemprego. Além do aumento da carga de trabalho não remunerado em casa, com a suspensão das creches e escolas. É preciso dizer que a precarização do trabalho no Brasil não é fruto da pandemia, mas de uma antiga e crescente construção de um mercado de trabalho marcado por sua informalidade, remunerações baixas e difícil acesso aos direitos trabalhistas anteriormente conquistados. Com a pandemia, o desemprego torna-se mais presente na realidade dos brasileiros, aumentando a informalidade dos trabalhos. A classe trabalhadora tem 50% dos seus trabalhadores em serviços informais e são justamente essas pessoas as mais atingidas pelos efeitos da COVID-19. A informalidade é um fato presente na vida das trabalhadoras domésticas, seu nível é de tal forma elevado que a cada dez, sete não possuem carteira de trabalho assinada. Portanto, um crescente número dessas trabalhadoras se submete a modalidade de diaristas, no ano de 2018 as diaristas ocupavam 44% da categoria. A inserção da mulher no mercado de trabalho fez com que o serviço doméstico anteriormente feito por elas fosse realizado por outra pessoa, ou seja, há um aumento da terceirização do trabalho doméstico que em sua maioria será realizado por mulheres negras, com baixa renda e escolaridade. Não traz espanto o fato da primeira morte por Covid-19, no estado do Rio de Janeiro, ter sido de uma trabalhadora doméstica infectada pelo vírus após contato com sua chefe recém-chegada da Itália. As trabalhadoras que já vinham sofrendo com a precarização de seus trabalhos e com a informalidade agora lutam para sobreviver. É necessário repensar em que medida as ações criadas pelo governo brasileiro durante a pandemia atendem as necessidades desse grupo social e periférico, bem como, faz-se preciso o estímulo para que o trabalho doméstico e de cuidado sejam visibilizados para que os direitos às trabalhadoras domésticas, em especial as que não possuem vínculo formal, sejam garantidos, visto que o trabalho reprodutivo é essencial para a manutenção da vida e mão-de-obra na sociedade.