Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Pautando relações étnico-raciais no Consultório na Rua: um relato de experiência
Nataliane Souza Rangel

Última alteração: 2022-07-04

Resumo


Apresentação: O Consultório na Rua integra o componente atenção básica da Rede de Atenção Psicossocial, e oferta cuidado em saúde para a população em situação de rua. As equipes desempenham suas atividades in loco, de forma itinerante, a partir de ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, quando necessário, também com as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dos serviços de Urgência e Emergência e de outros pontos de atenção, de acordo com a necessidade do usuário. Objetivo: Relatar a experiência de uma psicóloga residente de Saúde Mental inserida no serviço de Consultório na Rua, a partir do enfoque em relações étnico-raciais e perspectiva de cuidado racializado. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo, do tipo relato de experiência. Fizeram-se registros a partir de atuação em equipe multiprofissional de Consultório na Rua da cidade de Macapá - AP, no período de agosto a dezembro de 2021, durante realização de atividades como busca ativa e ações para acompanhamento, orientação, observação, e escuta qualificada dos usuários do serviço. Utilizou-se para registro das informações a ferramenta Versão de Sentido (VS). A análise dos registros foi feita a partir do método de Análise de Conteúdo. Resultados: Constatou-se que o público atendido pelo Consultório na Rua constituem-se majoritariamente de pessoas pretas e pardas, os quais trazem em sua narrativa de vida discursos que revelam dificuldade de acesso a direitos como educação, saúde, trabalho, violência intrafamiliar e/ou exposição precoce a álcool e outras drogas, aspectos que tendem a reduzir perspectivas positivas de vida e predispõem à situação de rua. Além disso, percebe-se ocorrência de violências interseccionais, como as de gênero e raça, que acomete especialmente as mulheres. Assim como violência institucional sofrida durante procura por cuidado em serviços de saúde. Considerações finais: Conclui-se que o enfoque étnico-racial no cuidado a essa população torna-se necessário ao permitir compreender que pessoas em situação de rua, especialmente a população negra, carregam consigo amplo histórico de negação de direitos devido contexto histórico cultural, de modo que voltar-se a esse aspecto possibilita oferta de cuidado integral, humanizado e atento para as iniquidades em saúde dessa população. Assim como reflexão e possível adoção de modos de atuação éticopoliticamente racializados que garantam equidade no acesso à saúde conforme determina o Sistema Único de Saúde (SUS).