Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O campesinato agroecológico e a educação popular como caminho de produções de cuidado em saúde através do conhecimento popular
Caio César Ferreira Alverga, Beatriz Andrade Araújo, Aline Lira Rocha, Jonathan Cordeiro Morais, Íris Vieira De França, Mateus Osório Silva, Acaahi Ceja Paula Costa, Fernando Ferreira De Morais

Última alteração: 2022-02-07

Resumo


A agroecologia promove um sistema de produção sustentável nos âmbitos social e ambiental que oferece qualidade de vida ao meio rural, no contexto do próprio agricultor, no sentido do ser e no contexto territorial, no sentido de estar – proporcionando o agir do sujeito sobre os seus e sobre o ambiente, logo advém o cuidado proveniente da historicidade e do perpetuamento dos conhecimentos populares. Estes contextos demonstram a intersecção entre saúde coletiva, educação popular  e Agroecologia. A metodologia para que isso fosse possivel iniciou-se a partir de reuniões via google met com os discentes e colaboradores partícipes do projeto e também com a população alvo, em um concerne de dialogicidade e amorosidade, perpetuando os preceitos da educação popular, popularizando a ciência para a comunidade e obtendo também os conhecimentos populares tão importantes quanto, incluindo os paradigmas. Posteriomente houve atuação na comunidade de forma presencial, com atividades construídas pelos proprios sujeitos da comunidade, numa forma de autonomia sobre seu espaço, transpondo sua realidade para os outros comunitários e seus modos de fazer vida. Este projeto de extensão - Mobilização e Educação Popular: Ciências da Natureza e Sustentabilidade na Zona da Mata Paraibana e sua realidade demonstrou-me  que a agroecologia satisfaz a promoção da saúde por diferentes caminhos entrelaçados dentro do contexto da participação social, provocando um emaranhado entre saúde, historicidade e relações de reciprocidade. Estes caminhos entrelaçados advém de um pressuposto de cuidado em saúde, praticado pelos camponeses que historicamente perpetuam seus conhecimentos nesse território. A principal forma de cuidado advém do cultivo de ervas que tenham histórico curativo para determinados problemas de saúde. Nesse assentamento camponês há produção de chás, xaropes e farinhas que segundo o conhecimento popular dos camponeses, atuam contra a depressão e ansiedade. Mas não é apenas produzir, é oferecer e estar feliz em contribuir a partir dos seus para o outro (e em suma o “outro” são pessoas de fora da comunidade) numa forma intrínseca de reciprocidade entrelaçada com saúde. A forma como são relatadas as efetividades do cuidado a partir dos chás, xaropes, nos remete a uma felicidade da atuação do conhecimento popular, pra além da positividade da ciência. É o conhecimento popular com o merecido reconhecimento, mas que observamos apenas de forma clara nas palavras desses camponeses, palavras como: o sujeito estava com ansiedade, tomou o chá que fizemos pra ele e ele depois de algumas semanas voltou dizendo-nos que melhorou, houve alivio, houve um fôlego no viver. Mas não são apenas palavras de discernimento da efetividade, são palavras encharcadas de afeto, pelo seu território, por seus conhecimentos, por seu cuidado com o outro. Palavras que nos enche de “afeto curioso” sobre o saber popular, para uma posterior atuação numa perspectiva de povo, com um teórico e prático da educação popular, envolvendo-se de povo no praticar e consumir saúde-cuidado.