Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Aula virtual como possibilidade de reinvenção docente: relato de experiência
Thayza Miranda Pereira, Olga Maria de Alencar, Gislei Siqueira Knierim, Virgínia da Silva Corrêa, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Última alteração: 2022-02-22

Resumo


Apresentação: Em virtude do cenário sanitário causado pelo acontecimento da pandemia do coranvirus-19 em março de 2020 as instituições de ensino passaram a adotar como estratégia pedagógica o uso das mídias digitais para execução das aulas teóricas. As mídias digitais é uma tecnologia que vem sendo inserida na prática pedagógica nos últimos anos, que requer formação do docente para o desenvolvimento de habilidades necessárias a essa ferramenta inovadora no campo da educação, especialmente na área da saúde. Portanto, é preciso urgentemente reformulação de métodos de ensino e avaliação, bem como a garantia de educação permanente para o corpo docente.  Apresentamos neste texto os afetos e as marcas produzidas em nós, enquanto docentes ao nos desafiarmos a fazer aula de forma virtual, diferentemente do modo como sempre fizemos. Nesse exercício cotidiano de pensar outros modos de fazer formação, fomos experimentado uma abertura para uma experiência singular. No intuito de expressar tal ideia, em nosso caso atrelada à formação na pós-graduação na saúde temos produzido deslocamentos em nosso fazer-saber. Salientamos que na condução dos processos educacionais seguimos os princípios político-pedagógico da educação popular, defendo a participação e a valorização dos sujeitos, a afetividade, a criatividade, a problematização, a autonomia individual e coletiva, ampliando significados, valorizando o saber popular, produzindo reflexões críticas, dialogando e acolhendo.  Desta forma, nosso eixo condutor estava enfatizado na promoção do protagonismo dos educandos por meio da problematização de seus cotidianos e na autonomia do docente. Tivemos como objetivo geral narrar as experimentações possíveis a medida que a pandemia iaavançando e cada vez mais exigindo de nós modos criativos para ministrar aulas a distância. Isso nos levou a refletir como a prática docente pode produzir deslocamentos em nosso saber constituído no campo da educação. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiências sobre nossas experimentações enquanto docentes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade com ênfase em Saúde da População do Campo (RMSFSPC), da Escola de Governo da Fiocruz Brasília e das disciplinas de Educação Popular com ênfase na Educação do Campo e Saúde da Mulher. Para a construção do relato de experiência e suas reflexões, nos ancoramos no método de sistematização de experiência de Oscar Jara Holliday, que busca, por meio de narrativa, obter aprendizagens críticas a partir das nossas experiências enquanto processos históricos, sociais em permanente movimento. São processos complexos onde intervém uma série de fatores objetivos e subjetivos que se interligam, que nos faz refletir que não basta estar no mundo, mas nos posicionarmos nele. Essa proposta metodológica nos sugere seguir alguns passos: O ponto de partida: viver a experiência; as perguntas iniciais; Recuperação do Vivido; Reflexões de Fundo e os Pontos de chegada. Nossa vivência ocorreu no período de setembro de 2020 a outubro de 2021. Os módulos ministrados foram: Cuidando da Saúde das Mulheres do Campo, Educação Popular em Saúde, Saúde do Adolescente, Saúde da Família e APS. Nossas perguntas iniciais foram: Como produzir encontros educacionais baseado na problematização utilizando as mídias digitais? Como potencializar a criação de vínculos entre docente e educandos? É possível utilizar a arte no meio digital? De que forma? Resultado/impactos: As aulas-encontros, como nós denominamos esses momentos, aconteciam pela plataforma digital zoom, o que sempre nos causam certa inquietação pois além de pensarmos nas nossas fragilidades por estar experimentando essa modalidade de ensino, tínhamos que ficar atento aos educandos, pois alguns tinham sérios problemas de conexão de internet.  A dinâmica de cada módulo consistia em momentos pedagógicos, sempre iniciando por uma mística, atividade de acolhimento de responsabilidade dos residentes.  Após o acolhimento ocorria a apresentação do caminho a ser percorrido no encontro, as pactuacões pedagógicas e a discussão em torno das temáticas da matriz de competência tendo como objeto de análise as prática profissionais voltado para o cuidado a população no campo. Utilizamos como dispositivo educacionais: cenopoesia, apresentação de filmes e vídeos, poesia, música, roda de conversa virtual, webnários temáticos, estudos de casos, sistematizações por meio das múltiplas linguagens como atividade de avaliação das aprendizagens colhidas individualmente e produções coletivas, das situações limites e proposições, atividades autodirigida no território de prática. Os encontros eram permeados de reflexões: Como é possível expressar a amorosidade (toque, abraço), nesse tempo de pandemia? O que você propõe, professora? Como indagou uma residente, e fomos dialogando sobre as múltiplas possibilidades no processo de escuta ampliada, também com os olhares; outra residente reflete sobre o processo de cuidar de gentes embasado por meio dos saberes partilhados durante a roda: “Gente que cuida de gente”; “Gente como gente”- não estamos tocando demandas, não somo robotizados, somos gentes que cuida de gente, temos bagagem como pessoas”. Propor aprendizagens para vida considerando nós e os outros conosco. Considerações finais: o uso das mídias digitais foi um desafio para nós. Provocar o encantamento e a coesão do grupo para ficar durante 4 horas aulas exigiu muita criatividade. Nossa experiência nos mostrou a potência das mídias digitais uma vez que permite maior expansão em uma das mais importante tarefa do docente como nos ensinou Paulo Freire: educar é provocar a curiosidade; é preciso experenciar a corporeificação das palavras. Outra aprendizagem importante foi a possibilidade de inserir docentes de diversas instituições do país, uma vez que a internet aproxima as pessoas virtualmente. Buscamos promover a interdisciplinaridade por meio de diálogos crítico, reflexivo considerando as produções política, ética e estética da vida em ato, propondo conexões com as singularidades, resistências e reinvenções territoriais, articuladas com as transformações sociais, culturais, econômicas e ambientais. Estando articulada com os diferentes níveis de gestão e atenção do Sistema Único de Saúde (SUS). Por fim, procura-se proporcionar uma visão ampla e crítica dos processos e as transformações ambientais, culturais, econômicas, políticas e sociais e do território do campo. Por fim, essa experiência nos mostrou que é possível reinventar-se cotidianamente e que a capacidade criativa docente é inesgotável.

Palavras-chave: educação popular, educação do campo, estratégia saúde da família, atenção primária à saúde.