Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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REFLEXÃO SOBRE A AMAMENTAÇÃO CRUZADA: DE VIRTUDES MORAIS A FATORES ASSOCIADOS E OS RISCOS CONTITUIDOS
Caio César Ferreira Alverga, Beatriz Andrade Araújo, Jonathan Cordeiro Morais, Aline Lira Rocha, Acaahi Ceja de Paula Da Costa, Íris Vieira De França, Mateus Osório da Silva

Última alteração: 2022-02-25

Resumo


O aleitamento cruzado, prática em que uma mulher amamenta o filho de outra mulher, tem raízes históricas, com relatos desde 2000 a.C, porém o aleitamento cruzado passou a ser contraindicado pelo Ministério da Saúde em 1996, devido ao risco de transmissão vertical do HIV pela amamentação. Contudo, o Ministério da Saúde não inclui informações sobre a contraindicação ao aleitamento cruzado em materiais institucionais, como a Caderneta da Gestante. O objetivo deste trabalho é avaliar as virtudes morais do ato do aleitamento cruzado contrapostas com os fatores associados e riscos constituídos. Foram selecionados artigos publicados nas bases de dados LILACS e SCIELO, utilizando os descritores: Aleitamento Materno, Fatores de Risco e Princípios Morais. Adotando como critérios de inclusão, estudos em português ou inglês, que apresentassem relação com objetivo da revisão integrativa e presença dos descritores supracitados no resumo e corpo do texto. A seleção dos artigos foi feita com filtro para estudos publicados no intervalo 2014-2021 e que fossem artigos originais provenientes de pesquisas qualitativas e quantitativas, que resultou em 30 estudos, dos quais, foram selecionados 6 estudos para compor a amostra. No que condiz aos aspectos morais, estudos demonstram que o aleitamento cruzado pauta-se na solidariedade, o fazer o “bem” e a confiança, é um agir moral culturalmente aceito entre mulheres mais jovens e mais vulneráveis, principalmente nas que obtém menor grau de escolaridade e renda. A prevalência demonstra aumento da ação do aleitamento cruzado em mulheres assistidas pelo SUS, logo há uma necessária reflexão para profissionais da saúde, pautada para a educação permanente. No entanto os riscos constituídos do ato em si são evidenciados desde 1996, com demonstração da constituição de aumento em chance do risco para HIV, principalmente. As questões morais, os fatores sobrepostos provenientes da formação em saúde e os riscos constituídos, promovem intersecção neste agir da mulher que amamenta, e remodelam sua decisão para a amamentação cruzada, no entanto, os aspectos sociais e morais são os principais precursores da decisão e ação, transformados o ato muito prevalente, mesmo com a contraindicação longínqua.  Conclui-se então que há aumento de riscos propensos a partir da pouca predisposição do serviço público em saúde para com a educação em saúde neste contexto da falta de informação perpassada as usuárias do SUS e na gestão do sistema de saúde, contribuindo assim para a continua utilização do ato da amamentação cruzada