Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A PANDEMIA DO MEDO E A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO COMBATE AO COVID-19, NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
Marlyara Vanessa Sampaio Marinho

Última alteração: 2022-02-11

Resumo


Apresentação: A pandemia do novo coronavírus mostrou-se de forma impactante, como uma crise na saúde pública a nível mundial. Isso porque, o desconhecido, o medo, a alta contaminação, a patogenicidade e a letalidade, superlotaram os hospitais em todo o mundo. Concomitante a isso, a saúde física e emocional dos profissionais da saúde da linha de frente foram acometidas. No início de 2020 no Brasil, o primeiro caso foi registado e as medidas começaram a serem utilizadas no país. O alerta de segurança e de possível propagação do vírus começaram a serem demandadas por meio das informações e vigilância. Com a gravidade da doença, tronou-se necessária a utilização das medidas de prevenção: como o afastamento social e o isolamento em domicílio. Essas medidas privaram as pessoas dos seus momentos de lazer e convívio social. Com a rápida proliferação do vírus, os hospitais começaram a superlotar e a demanda aumentar a cada dia, o que necessitou dos cuidados diários dos profissionais da saúde ao paciente acometido pela COVID-19. Além disso, para que os familiares tivessem sua saúde assegurada, muitos profissionais se mantiveram em alojamentos e apartamentos, afastados, para garantirem que não levassem a contaminação para as suas residências. Ou seja, muitos trabalhadores depois da rotina de trabalho não voltavam para casa, não tendo assim, o contato presencial com seus pais, esposa(o), filhos, entre outros. Assim, a saúde mental desses “heróis da saúde” passou a ser um assunto de evidente necessidade de diálogos e estratégias positivas. Visto que, o número de pacientes aumentava a cada dia e a carga horária de trabalho crescia na mesma proporção dos cuidados utilizados para que não ocorresse a contaminação com o vírus. Progressivamente, se fez necessário o uso de estratégias para que fosse minimizada os efeitos negativos ocasionados pelo novo coronavírus na saúde mental dos profissionais da saúde. Sendo assim, este tem como objetivo suscitar reflexões acerca da saúde mental dos profissionais da saúde que atuaram na linha de frente da pandemia da COVID-19. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de experiência. Este ocorreu por meio de uma roda de conversa, nas quais participaram profissionais da saúde, como: enfermeiros e técnico de enfermagem, os quais atuaram na linha de frente da pandemia do novo coronavírus. Assim, a pergunta geradora, estabeleceu em: “A sua saúde mental foi afetada ao atuar no enfrentamento da covid-19?”. Resultados e/ou impactos: Verificou-se que o distanciamento familiar, o medo, e a insegurança pelo desconhecido, impactaram os profissionais da saúde, como pode-se notar através das falas: “Eu ia pra casa com aquele medo, com insegurança, com medo de transmitir pro meu filho, pro meu marido, mas assim eu sempre tinha Fé e confiança que ia dar certo”, “Foi impactante, eu tinha medo pela minha família, por ser algo que ainda estavam surgindo os estudos, então era o desconhecido. Todo dia era uma luta com o desconhecido”, “A gente via muitas histórias e muitas vezes sofria junto. Foram momentos de muitas lutas e resiliência”, “As esquipes enfrentavam desafios, muitos desafios, mas sempre buscava também por mais conhecimentos e os estudos saíam diariamente”, “Ter as notícias de que pessoas que eu conhecia e que tinham falecido era sempre muito triste, e não podia ter o velório, o que deixava o momento ainda mais triste, por causa da despedida que a família e os amigos não conseguiam ter”, “O medo andava junto da gente”, “Ver um colega se afastar por estar positivado era algo que já deixava a gente mais preocupado”, “Todos os dias o número de contaminados aumentava, e mais pessoas precisavam de atendimentos, eram muitas pessoas”, “Quando chegava em casa tinha todo um processo, de deixar vestimentas e sapatos fora do contato direto com as pessoas da casa, para não levar a contaminação. Então isso também era cansativo, porque já saíamos cansados, mas por mais que fosse cansativo, era necessário, para proteger os nossos familiares também”, “O medo de se contaminar também existia, por mais que utilizássemos dos equipamentos de proteção, sempre tinha a preocupação”. Percebeu-se também que frente aos momentos de dificuldades os trabalhadores possuíam o sentimento de resiliência, como mostra as falas: “Eu tinha muita força pra conversar com as pessoas sobre, tentar informar, dar força, a gente via que muita gente perdia seu ente querido”, “Foi triste. Era muito triste, então de alguma forma isso mexia com a gente, mas mesmo assim, lutávamos contra esse vírus”, “Eu procurava acalmar a minha família também, de que eu estava bem, de que estava me cuidando”, “Por mais que estivesse com medo de contaminar os meus familiares, eu tentava ao máximo pensar positivo”, “Tinham dias que estávamos muito cansados, mas sempre fazíamos o nosso melhor”, “Todo dia era um novo dia”,” “Quando as famílias choravam, desabafavam e sofriam, nós tentávamos sempre levar uma mensagem de conforto. Era muito triste. Muito triste. Mas, tínhamos que ter força para continuar a lutar contra esse vírus”, “Pensar que eu tava ajudando o próximo, que eu estava ajudando pessoas que também tinham seus familiares esperando, isso me dava forças”, “Foram momentos de pânico, as famílias ficavam em pânico porque o número crescia todos os dias e tinham medo de não dar certo e eles sofrerem, então a nossa humanização, de levarmos mensagens de conforto e positivas, eram muito importante pra eles”, “A Fé de que íamos sair dessa, de que nossos familiares também iriam ficar bem, que chegaria o momento que não íamos mais estar em meio ao caos”, “Pensar positivo, de que as coisas iriam melhorar”. Considerações finais: Portanto, os atendimentos psicossociais como estratégia de assistência profissional aos trabalhadores possuem grande importância no combate ao sofrimento psíquico destes. Assim como, o diálogo, a humanização para os trabalhadores, o convívio e a relação com a família, mostrou-se como pontos fundamentais para alavancar a prevenção de sofrimentos e agravantes futuros. Logo, é relevante que haja esse acolhimento e o funcionamento de estratégias para esses profissionais.  E assim, essas ações por interferirem positivamente na saúde mental, consequentemente influenciarão de forma assertiva em seu bem-estar e atuação diária.