Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O uso do diário de campo no processo de ensino aprendizagem no curso de medicina: relato de experiência
Aleksandra P. S. Sagrilo, Martha P. Sharapin

Última alteração: 2022-02-08

Resumo


Apresentação: Esse trabalho tem como objetivo compartilhar a experiência e as percepções sobre o uso do diário de campo, no processo de ensino aprendizagem, por um grupo de alunos do curso de graduação em  medicina da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), na cidade de Uruguaiana, RS.

Desenvolvimento: O curso de medicina da UNIPAMPA foi criado em 2016 e é fruto de antigas demandas da região da Fronteira Oeste no Rio Grande do Sul e de um amplo processo de discussão e consulta a diferentes atores institucionais das três esferas governamentais, acadêmicos e conselhos de saúde.  É importante ressaltar que a estrutura pedagógica do curso busca estimular uma postura ativa na construção do conhecimento por parte dos alunos e, ao término do curso, uma prática profissional voltada  ao exercício da medicina que priorize o Sistema Único de Saúde (SUS), universal,  regionalizado,  hierarquizado e com  ênfase no trabalho em equipe.

Nesse contexto que se desenvolvem os componentes curriculares Vivências no SUS I e Vivências no SUS II, no sexto e sétimo períodos respectivamente. Os dois componentes têm como objetivo principal promover um processo educativo reflexivo com base no desenvolvimento de conhecimentos que levam em consideração a realidade das populações e de seus territórios e que reconhecem a ética, a empatia, a sensibilidade. Os alunos são inseridos em unidades de saúde do município de Uruguaiana e ficam sob a orientação de um docente da UNIPAMPA e de preceptores, trabalhadores da Rede de Saúde. Como uma das estratégias avaliativas, é solicitada a elaboração de um diário de campo. Neste diário de campo, os alunos, individualmente, registram suas atividades práticas desenvolvidas nas unidades, com suas percepções, reflexões e avaliações sobre as mesmas. O diário é avaliado pelo docente supervisor que leva em consideração no texto escrito: o domínio da escrita, a clareza do conteúdo (ponto de partida à conclusão), o raciocínio clínico e a capacidade de síntese.

Resultados: Embora seja muito utilizado nos cursos de antropologia e em outras ciências sociais, o diário de campo, nos cursos de medicina, ainda é uma novidade. Somente, em 2001, com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Medicina, com ênfase nas ações da Atenção Primária em Saúde (APS) é que o diário de campo ganhou relevância nos cursos de medicina. Neste relato de  experiência, encontram-se, em maior número, descrições sobre o cotidiano do processo de trabalho nas unidades e as relações entre os profissionais. Por outro lado, são poucas as reflexões de cunho mais pessoal, mais subjetivas.

Considerações Finais: Os diários de campo são muito mais do que instrumentos avaliativos. Eles se constituem não só em uma importante prática de escrita reflexiva para os discentes, mas também, dada a riqueza dos diversos relatos produzidos, uma oportunidade de entendimento  pelos docentes  das experiências vividas pelos alunos. Trata-se, portanto, de uma importante ferramenta com potencial para subsidiar mudanças curriculares que visem um maior alinhamento com as necessidades do SUS.