APRESENTAÇÃO: No cotidiano da Atenção Primária à Saúde (APS), a adoção de estratégias que organizem o fluxo dentro das USF (Unidades de Saúde da Família) tornam mais efetivas as respostas às demandas de saúde da população. No contexto da pandemia pelo Covid-19, com o aumento da procura pelos serviços de saúde, insuficiência de profissionais e infraestrutura, torna-se  ainda mais premente a reorganização dos processos de trabalho. Dessa forma, o presente relato aponta uma forma de estruturação das atividades na unidade, de modo a incluir atendimentos de síndromes gripais sem renunciar às demais atividades da USF.

DESENVOLVIMENTO: A USF CAIC é localizada em território urbano do município de Aracruz-ES, contando com população adscrita de cerca de 5700 pessoas. Em 2021 foram iniciados os programas de residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) e Multiprofissional em Saúde da Família, por meio do Instituto Capixaba de Ensino Pesquisa e Inovação (ICEPI-SESA).

No contexto de pandemia pelo Covid-19, em 2020 diversas ações desenvolvidas pela APS, como consultas agendadas, hiperdia, puericultura, reuniões de equipe e visitas domiciliares foram suspensas, devido aos casos crescentes de infecções pelo coronavírus. Logo, as intervenções executadas eram voltadas principalmente para atendimentos de síndromes gripais, demanda espontânea e pré-natal, sem o adequado acompanhamento de casos crônicos e estratégias de promoção e prevenção em saúde, descaracterizando o papel da APS.

No início dos programas de residência observou-se um aumento da demanda de casos crônicos descompensados, problemas de saúde mental, questões administrativas, e mesmo complicações vinculadas ao desenvolvimento infantil. Dessa forma, com o apoio e contribuições da equipe, foram retomados os agendamentos, ações estratégicas e a adoção de ferramentas de acesso avançado.

RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Foram desenvolvidas pela equipe programações semanais que incluíam o atendimento de demandas espontâneas e síndromes gripais, agendamentos de pré-natal, puericultura, hiperdia, visitas domiciliares, reuniões de equipe e destinação de um turno para execução de planejamentos e intervenções dos programas de residência. Optou-se por agendas para grupos específicos de forma a aprimorar o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias ao residente e sua inserção no cotidiano da APS. Essas atividades eram revezadas entre a equipe médica e de enfermagem, e as programações eram ajustadas conforme a demanda da unidade. Esse processo de organização do trabalho possibilitou ampliação do acesso, maior número de atendimentos, satisfação dos usuários e da equipe, além da reafirmação da APS como porta de entrada do sistema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: A pandemia causada pelo covid-19 gerou uma necessidade de readequação dos fluxos e processos de trabalho nos serviços de saúde, geralmente sobrecarregados e com limitações na oferta do cuidado. Ainda que seja fundamental a melhoria das condições de trabalho por meio de financiamentos em infraestrutura, contratação de mais profissionais e valorização da APS, observou-se que por meio da reorganização dos processos de trabalho é possível a curto e médio prazo a ampliação do acesso, assistência aos casos crônicos e manutenção de ações estratégicas.