Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como uma diretrizes a universalidade – oferecer saúde para todos, a integralidade – disponibilidade de serviços em todos os níveis de atenção e a equidade – oferecer mais a quem mais precisa, diminuindo as desigualdades decorrentes do diferente acesso às oportunidades no Brasil. Esta conquista no âmbito legal, rege macro e micropolíticas, mas encontra realidades diversas para sua concretização. Deste modo, os profissionais residentes (Atenção Básica) elegeram a Cooperativa de Catadores e Separadores de Materiais Recicláveis de Apucarana/PR (COCAP), constituída por um grupo de pessoas de alta vulnerabilidade e com diversas demandas de atenção em saúde, com o objetivo de desenvolver ações centradas nas Práticas Integrativas em Saúde (PICS), melhorar indicadores de saúde e promover qualidade vida, intermediada pela Educação Popular, emancipadora e geradora de autonomia. A COCAP iniciou as atividades em 1999, por iniciativa da Igreja Católica local e em 2014 se estabeleceu o contrato de prestação de serviço com o município de Apucarana/PR para atender 100% da cidade. Desenvolvimento: A aproximação da COCAP com a rede de saúde foi intermediada por movimentos sociais (Instituto Colmeia e Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde – ANEPS/PR), com a proposta de desenvolvimento de um plano de apoio intersetorial para promover a saúde dos cooperados e familiares, sendo pactuada quatro fases: 1. Fase de diagnóstico situacional – objetivando conhecer a realidade local; 2. Fase de elaboração e apresentação de Plano de Ação – com a participação de todos os envolvidos; 3. Fase de desenvolvimento – com ações intersetoriais, centradas nos sujeitos, englobando educação em saúde, prevenção e recuperação de agravos; 4. Fase de avaliação – processual, durante o desenvolvimento, e ao final do projeto. A primeira etapa foi realizada em dezembro/2021 e janeiro/2022 com a identificação do perfil e das condições de saúde dos membros deste coletivo, entrevistando 49 (quarenta e nove) cooperados ativos, que concordaram em participar da fase de diagnóstico situacional. O Instrumento foi aplicado pelos profissionais residentes e organizado por núcleos (enfermagem, nutrição, odontologia, fisioterapia, educação física e psicologia). Os dados nortearam a proposta do Plano de Ação, que será compartilhado com a direção da COCAP, movimentos sociais e profissionais da rede pública municipal de saúde e ação social na próxima fase. Resultados: Os principais resultados demonstraram a alta vulnerabilidade social do grupo, presença de agravos evitáveis e restrito acesso aos serviços de saúde, as fragilidades e potencialidades do projeto foram debatidas e a importância de desenvolver o projeto foi consenso. Considerações finais: Ainda em andamento, este projeto sinaliza ação concreta fundamentada nos princípios norteadores do SUS, modifica a prática sanitária ao centrar na vigilância da saúde, fundamenta-se num paradigma que considera o contexto social de construção da saúde e desponta como possibilidade de transformação na vida de inúmeras pessoas envolvidas neste processo.