Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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UMA ABORDAGEM SOBRE OS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA ENDOMETRIOSE E SEU DESCASO NA SAÚDE PÚBLICA
Rafael Brito Pamplona, Francy Waltília Cruz Araújo, Maíra dos Santos Albuquerque, Germano Lucas de Araújo, Aridenis dos Santos Lopes, Letícia Ribeiro Azevedo, Adna Regadas Araújo, Tiago Amaral de Farias

Última alteração: 2022-02-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A endometriose é uma doença ginecológica crônica, de caráter progressivo, por vezes incapacitante, gerando fortes cólicas e ciclos menstruais irregulares com sangramento excessivo crônico. Caracteriza-se pela presença ectópica de células do endométrio fora da cavidade uterina, podendo comprometer várias regiões, como: ovários, peritônio, ligamentos útero-sacral, região retrocervical, septo retovaginal, além de bexiga, ureteres e porções do tubo digestivo. Essa patologia é considerada como um problema de saúde pública e acomete milhares de mulheres em idade reprodutiva, cerca de 10 a 15%, e nas pós-menopausadas em torno de 3%. Este estudo tem como objetivo relatar os aspectos epidemiológicos e clínicos, bem como, a dor e o descaso no atendimento na saúde pública. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo, observacional e quantitativo. O estudo foi aceito pelo comitê de ética e as mulheres participaram através de aplicação de questionários em redes sociais, mediante o termo de consentimento. Critérios de Inclusão: Paciente do sexo feminino; Pacientes em idade reprodutiva; Diagnosticadas com endometriose. Critérios de Exclusão: Questionários com dados incompletos para a pesquisa; Mulheres que apresentaram Adenomiose. RESULTADOS: Responderam ao questionário 340 mulheres, porém ao adotar os critérios de exclusão só foi possível uma amostragem de 149 participantes. Sobre os aspectos epidemiológicos e clínicos notou-se que as participantes apresentavam uma idade que variou entre 16 a 46 anos; 65,1% se autodeclararam branca; 53,7% apresentavam curso superior completo; 68,5% delas exerciam algum trabalho; 50,3% consideraram não possuir um hábito de vida saudável; 69,1% asseguraram não ter casos de endometriose na família; 89,9% afirmaram possuir alguma alteração psicológica, no qual 58,7% relataram depressivas, pois se sentem sozinhas e incompreendidas, sem apoio de familiares, cônjuges e amigos; 65,8% das mulheres apresentaram diagnóstico tardio, das quais 41,6% delas levaram mais de 7 anos para obter o diagnóstico definitivo. Todas afirmaram fazer uso de dois ou mais tratamento como: uso do DIU, medicamentos orais e injetáveis, fitoterápicos e acupuntura. Mesmo com o tratamento 34,7% ainda continuam sentindo dor. 43 mulheres já chegaram a abandonar o tratamento. Dentre os motivos que levaram as portadoras a abandonarem ao tratamento estão: efeitos adversos, alto custo, tentativa de engravidar e ineficácia. Em relação às dores: 71,8% das portadoras relataram sentir dor durante a relação sexual e 68,5% após a relação sexual; 86,8% sentiram dor ou desconforto durante a gestação; 53,7% possuem incapacidade reprodutiva. Todas já passaram por dificuldades no atendimento tanto em setores públicos ou privados. A demora para se ter o diagnóstico conclusivo esteve dentre os principais motivos: exames inespecíficos e negligência médica por parte de alguns profissionais, pois não aceitava a endometriose como o diagnóstico, bem como apresentaram diagnóstico errôneo. Além disso, algumas mulheres afirmaram serem tratadas como usuária de drogas por demais profissionais da saúde pela busca frequente no atendimento em urgência e emergência. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, embora a endometriose seja reconhecida há bastante tempo, as mulheres acometidas por essa patologia continuam sendo diagnosticadas tardiamente e o tratamento se mostrou ineficaz. Pois as portadoras continuam sentindo dores e tendo dificuldades no atendimento do setor público da saúde.