Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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UMA ABORDAGEM SOBRE OS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA ENDOMETRIOSE E SEU DESCASO NA SAÚDE PÚBLICA
Última alteração: 2022-02-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: A endometriose é uma doença ginecológica crônica, de caráter progressivo, por vezes incapacitante, gerando fortes cólicas e ciclos menstruais irregulares com sangramento excessivo crônico. Caracteriza-se pela presença ectópica de células do endométrio fora da cavidade uterina, podendo comprometer várias regiões, como: ovários, peritônio, ligamentos útero-sacral, região retrocervical, septo retovaginal, além de bexiga, ureteres e porções do tubo digestivo. Essa patologia é considerada como um problema de saúde pública e acomete milhares de mulheres em idade reprodutiva, cerca de 10 a 15%, e nas pós-menopausadas em torno de 3%. Este estudo tem como objetivo relatar os aspectos epidemiológicos e clínicos, bem como, a dor e o descaso no atendimento na saúde pública. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo, observacional e quantitativo. O estudo foi aceito pelo comitê de ética e as mulheres participaram através de aplicação de questionários em redes sociais, mediante o termo de consentimento. Critérios de Inclusão: Paciente do sexo feminino; Pacientes em idade reprodutiva; Diagnosticadas com endometriose. Critérios de Exclusão: Questionários com dados incompletos para a pesquisa; Mulheres que apresentaram Adenomiose. RESULTADOS: Responderam ao questionário 340 mulheres, porém ao adotar os critérios de exclusão só foi possível uma amostragem de 149 participantes. Sobre os aspectos epidemiológicos e clínicos notou-se que as participantes apresentavam uma idade que variou entre 16 a 46 anos; 65,1% se autodeclararam branca; 53,7% apresentavam curso superior completo; 68,5% delas exerciam algum trabalho; 50,3% consideraram não possuir um hábito de vida saudável; 69,1% asseguraram não ter casos de endometriose na família; 89,9% afirmaram possuir alguma alteração psicológica, no qual 58,7% relataram depressivas, pois se sentem sozinhas e incompreendidas, sem apoio de familiares, cônjuges e amigos; 65,8% das mulheres apresentaram diagnóstico tardio, das quais 41,6% delas levaram mais de 7 anos para obter o diagnóstico definitivo. Todas afirmaram fazer uso de dois ou mais tratamento como: uso do DIU, medicamentos orais e injetáveis, fitoterápicos e acupuntura. Mesmo com o tratamento 34,7% ainda continuam sentindo dor. 43 mulheres já chegaram a abandonar o tratamento. Dentre os motivos que levaram as portadoras a abandonarem ao tratamento estão: efeitos adversos, alto custo, tentativa de engravidar e ineficácia. Em relação às dores: 71,8% das portadoras relataram sentir dor durante a relação sexual e 68,5% após a relação sexual; 86,8% sentiram dor ou desconforto durante a gestação; 53,7% possuem incapacidade reprodutiva. Todas já passaram por dificuldades no atendimento tanto em setores públicos ou privados. A demora para se ter o diagnóstico conclusivo esteve dentre os principais motivos: exames inespecíficos e negligência médica por parte de alguns profissionais, pois não aceitava a endometriose como o diagnóstico, bem como apresentaram diagnóstico errôneo. Além disso, algumas mulheres afirmaram serem tratadas como usuária de drogas por demais profissionais da saúde pela busca frequente no atendimento em urgência e emergência. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, embora a endometriose seja reconhecida há bastante tempo, as mulheres acometidas por essa patologia continuam sendo diagnosticadas tardiamente e o tratamento se mostrou ineficaz. Pois as portadoras continuam sentindo dores e tendo dificuldades no atendimento do setor público da saúde.