Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CURSO OPERACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA-AIDPI: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Oracio Carvalho Ribeiro Júnior, Margarete Carrera Bittencourt, Priscilla Rodrigues Caminha Carneiro

Última alteração: 2022-02-11

Resumo


Apresentação: No contexto da saúde pública mundial, em especial dos países pobres e emergentes, as afecções respiratórias agudas, afecções diarreicas, desnutrição, problemas no crescimento/desenvolvimento, violência física constituem-se nas principais causas associadas à mortalidade infantil dentro de um escopo de mortes por doenças que poderiam ser evitadas com a utilização de medidas preventivas, diagnóstico oportuno e tratamento adequado. No Brasil, para dar resposta a esta problemática foi lançado em 1995 a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) como política de atendimento a menores de 5 anos dentro das ações previstas no então Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC). Cabe aqui ressaltar que a estratégia AIDPI foi criada em 1993 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) junto ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com a finalidade de reduzir a morbidade e mortalidade em menores de 5 anos, associadas a doenças prevalentes na infância, além de proporcionar elementos chaves para ações que visassem o crescimento e desenvolvimento de neonatos e crianças. No contexto brasileiro a estratégia foi adotada inicialmente nas regiões norte e nordeste e mediante a excelente aceitação nestas regiões, houve a expansão para as demais regiões do país, sendo considerada uma das principais estratégias para melhorar os indicadores de mortalidade infantil que se apresentavam a evidenciar enormes fragilidades assistenciais a esta população alvo no Brasil. A estratégia AIDPI consiste em uma metodologia de atendimento onde a criança é vista como um todo e não apenas pela ótica da queixa/doença que levou a mesma à consulta, abrangendo o contexto familiar e social no qual aquela criança está inserida, permitindo ao profissional de saúde da atenção básica um atendimento embasado e resolutivo em um contexto de práxis. Na metodologia AIDPI são utilizados critérios simples, porém, de grande acurácia para avaliar, classificar e tratar crianças menores de 5 anos de idade segundo as doenças mais prevalentes nesta faixa etária. Em sua estrutura existem caminhos metodológicos com sinais e sintomas sensíveis e específicos que indicam a gravidade do quadro clínico da criança, possibilitando a sistematização das ações de cuidado, que pode incluir: referência urgente a um hospital com tratamento inicial prévio e suporte no translado, tratamento ambulatorial com seguimento e cuidado domiciliar, além do estabelecimento de vínculo com a família da criança por meio dos estabelecimento de técnicas de comunicação terapêutica, fator que permite o efetivo controle e seguimento da criança atendida. Para a implantação da estratégia AIDPI em determinado país, devem-se estabelecer algumas etapas, a saber:  a fase de introdução, cujo objetivo é garantir o entendimento da estratégia e suas implicações pelas autoridades de saúde pública dos países beneficiários; a fase inicial de implementação, com a implementação da estratégia em um número limitado de distritos, para os quais a adaptação das diretrizes clínicas ao ambiente de um país específico, bem como as políticas de saúde; e, finalmente, a fase de expansão para amplificar o leque de intervenções da estratégia AIDPI para outros distritos dos países com a capilarização nos territórios tão necessários desta metodologia de cuidado em saúde da criança. Neste sentido, a literatura entende que é responsabilidade do estado a capacitação pela estratégia AIDPI na perspectiva de aprimorar os cuidados prestados pelos profissionais de saúde com o intuito de reduzir a morbidade e mortalidade infantil nos serviços de atenção públicos e privados, assim como, a inclusão desse conteúdo no ensino de graduação é estratégia impar para a expansão e consolidação da implementação desta metodologia de trabalho. A respeito disso, estudos mostram que a estratégia AIDPI é difundida em mais de 140 escolas de enfermagem em na América Latina, porém, apenas um terço dos docentes entrevistados não haviam recebido capacitação sobre a operacionalização da estratégia, mas, somente ouviram falar sobre. Entre aqueles que receberam a capacitação, houve a difusão dos conhecimentos para os discentes com excelente aceitação e implementação já nos currículos de graduação, durante os estágios supervisionados, evidenciando a necessidade de capacitação docente para a consolidação da estratégia AIDPI nos currículos de graduação na área da saúde e de forma específica nos cursos de enfermagem. Assim, este estudo tem por objetivo relatar as experiências vivenciadas por um enfermeiro docente referente a capacitação operacional sobre a estratégia Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) realizada em uma instituição pública estadual no interior da amazônia. Descrição da Experiência: O curso foi realizado no período de 24 a 28 de janeiro de 2022 na cidade de Belém do Pará, por meio de uma parceria entre Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ministério da Saúde (MS), Secretaria Estadual de Saúde do Pará (SESPA) e Universidade do Estado do Pará (UEPA), com o desenvolvimento das atividades teóricas na Escola de Enfermagem Magalhaes Barata (EEMB) e as atividades práticas no Centro de Saúde Escola do Marco, ambas unidades da UEPA. Participaram como facilitadores um médico pediatra e uma enfermeira, todos credenciados pela OPAS para o gerenciamento e realização do curso. Já os participantes constituíram-se de 20 enfermeiros docentes da UEPA capital e interior e uma médica da rede de saúde do município de Belém.  A metodologia utilizada para a operacionalização do curso é própria e consiste do estudo sistemático de três manuais: o manual do AIDPI criança de 2 meses a 5 anos, o manual de exercícios e manual de quadros e procedimentos. No primeiro momento era feita uma breve explanação da temática pelos facilitadores, posteriormente cada participante era convidado a ler determinado trecho dos manuais e ao final de cada capítulo as dúvidas eram esclarecidas e os participantes eram convidados a resolver as questões relacionados ao tema estudado e na sequencia os exercícios eram corrigidos em grupo e as dúvidas tiradas pelos tutores, sempre numa perspectiva dialógica e tendo o participante como ator das ações de ensino. O curso foi composto de seis capítulos, saber: 1- avaliar e classificar, 2- tratar, 3- Aconselhar a mãe/pai ou responsável pelo cuidado, 4- Consulta de retorno, 5- Acompanhamento do Desenvolvimento, 6- Prevenção da Violência. No último dia de curso tivemos a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos do curso no atendimento de seis crianças no centro de saúde escola e posteriormente discutimos cada caso atendido sistematizando os conhecimentos aplicados. O curso finalizou coma aplicação da prova de verificação de conhecimentos como pré-requisito para obtenção do certificado.     Resultados e/ou Impactos: O curso oportunizou a formação de 20 docentes do curso de enfermagem da UEPA, tanto da capital como dos campis do interior, além de uma médica do serviço, fato que proporcionou o embasamento necessário para que os possam atuar como multiplicadores do curso juntos aos alunos de graduação. Considerações Finais: A capacitação docente com o curso da estratégia AIDPI é elemento fundamental para a expansão dessa estratégia em determinado território, pois, permite a imersão do professor nos conteúdos do curso, fazendo com que este possa atuar como multiplicador desse conhecimento junto aos discentes da graduação e tornando a estratégia AIDPI parte da formação dos futuros enfermeiros, com consequente melhoria dos indicadores em saúde da criança de determinado território.