A Hanseníase é caracterizada como uma doença infectocontagiosa, negligenciada, incapacitante e de grande estigma social com impacto econômico, representado um problema de saúde pública, apesar da oferta de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através da atenção básica (AB). O Brasil é o 2º país em número absoluto de casos no mundo, considerado endêmico e, apesar de um sistema de saúde único e universal, encontramos fragilidades no cuidado às pessoas acometidas, no diagnóstico precoce, no processo avaliativo e de acompanhamento, com falhas na notificação. Com manifestações dermato-neurológicas, lesões cutâneas com alteração da sensibilidade e acometimento neural, a doença pode causar diminuição da força muscular e sensibilidade, produzindo deformidades e incapacidades nos membros superiores e inferiores e na face. Neste sentido, é importante que futuros profissionais de saúde conheçam sobre a hanseníase e seu impacto na vida das pessoas acometidas. Para tanto, planejou-se um curso para estudantes de graduação da área de saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com objetivo de sensibilizar e esclarecer sobre a hanseníase e seus aspectos, controle e assistência/cuidado no SUS. O curso foi planejado por uma doutoranda, terapeuta ocupacional e uma mestranda, enfermeira do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPB com expertise na temática. A carga horária é de 45 horas com alternância entre encontros síncronos para aprofundando dos temas, discussões e trocas coletivas e momentos assíncronos, para assistir os vídeos/filmes propostos, disponíveis na plataforma do YouTube, e leituras individuais de artigos científicos, manuais do Ministério da Saúde e outros materiais didáticos relacionados aos tópicos temáticos do conteúdo programático. O conteúdo programático se divide em 5 módulos. O primeiro módulo envolve atividades com dinâmicas para os alunos se conhecerem, identificar suas expectativas do curso e o conhecimento prévio sobre a hanseníase.  Na sequência dos módulos, temáticas sobre os aspectos históricos, psicossociais, estigma e preconceito que envolvem as pessoas com hanseníase, conceitos básicos sobre a doença, sua etiologia e transmissibilidade, classificação clínica, sinais e sintomas dermato-neurológicos e dados epidemiológicos estão propostos. Foram também inclusos tópicos sobre o tratamento poliquimioterápico, enfatizando sobre as dosagens supervisionadas e sua incorporação no dia a dia das pessoas em tratamento além da importância das práticas de autocuidado na prevenção e reabilitação em relação aos danos sensoriais e motores. Os protocolos instituídos pelo Ministério da Saúde - Avaliação Neurológica Simplificada e Grau de Incapacidade; SALSA- Triagem de Limitação de Atividade e Consciência de Risco; Escala de Participação Social são explicitados quanto ao uso no acompanhamento da pessoa acometida e nas notificações. O atendimento no SUS abrangendo o cuidado interprofissional centrado nas necessidades do usuário, a rede de atenção à saúde e a rede intersetorial foram pontos importantes de discussão, vislumbrando possibilidades.  A proposta de avaliação dos cursistas é por narrativas reflexivas, a serem produzidas e apresentadas por eles. O planejamento do curso ocorreu no segundo semestre de 2021, com a expectativa de implementação para os semestres seguintes. Espera-se com esse curso, proporcionar conhecimentos e reflexões aos graduandos sobre a temática, sobre as possibilidades de práticas interprofissionais no SUS.