Associação da Rede Unida, Encontro Sudeste 2019
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2019-10-22
Resumo
A prática dialógica sobre o racismo em uma Unidade Básica de Saúde do município de São Paulo: um relato de experiência
The dialogical practice about racism in a Basic Health Unit of the city of São Paulo: an experience reportLa práctica dialógica sobre el racismo en una Unidad Básica de Salud de la ciudad de São Paulo: un informe de experiencia
Maria Fernanda Terra
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa SP
maria.terra@fcmsantacasasp.edu.br
Pamela Lamarca Pigozi
Faculdade de Saúde Pública da USP
pamelapigozi@gmail.com
Andreza Bianco
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa SP
andreza.bianco@uol.com.br
Cássia Batista
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa SP
Thaís Paes – FCM Santa Casa SP
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa SP
Jacqueline Nunes
IABAS/Unidade Básica de Saúde
jacque.nunes@yahoo.com.br
Palavras chave: formação profissional em saúde; Atenção Primária à saúde; racismo; promoção da saúde
Período de realização: estudo realizado entre maio e julho de 2019, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), durante o estágio das alunas do 7º semestre de graduação em Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Objeto da experiência/ pesquisa: necessidade do diálogo na UBS sobre as necessidades em saúde da população negra a partir da percepção dos usuários. A demanda foi apontada pela enfermeira responsável técnica e pela assistente social da UBS. A proposta às estudantes vem com a finalidade de produzir cuidado no território a partir da reflexão durante a formação sobre as práticas assistenciais, de prevenção de doenças e da promoção da saúde a partir das compreensão e reflexão acerca dos Determinantes Sociais em Saúde sob o marco do conceito de raça, para analisar iniquidades em saúde, como o acesso.
Metodologia: o desenvolvimento deste trabalho aconteceu a partir da construção do Planejamento Estratégico Situacional (PES), a partir dos momentos: 1) explicativo, 2) normativo, 3) estratégico e 4) tático operacional. Para trabalhar o tema, foi pensada uma estratégia para acessar os usuários do serviço para pautar o tema do racismo junto deles, de modo a ampliar a compreensão dos usuários sobre o tema e sobre a responsabilidade do serviço de saúde em visibilizar e adequar a oferta às necessidades em saúde permeadas pelo quesito cor. Para a operacionalização do PES, optou-se pela construção de um questionário com questões fechadas para conhecer os usuários participantes da ação e questões abertas, como: você sabe o que é o racismo? As pessoas podem adoecer por sofrer o racismo? Qual a responsabilidade da UBS em evitar o racismo? Campo aberto para sugestões para a melhoria da assistência. Para a aplicação desse questionário com uma conversa prévia sobre o tema, foram espalhados cartazes e fotos sobre o tema racismo nos corredores da UBS, com chamada convite para responder ao questionário que ficou na recepção do serviço e, após preenchido, ser colocado dentro de uma urna. Toda a equipe da UBS foi mobilizada e orientada previamente sobre o tema e sobre a dinâmica que seria modificada para a atividade no serviço. Para a atividade, as estudantes contaram com a participação da assistente social, agentes comunitários de saúde, enfermeiras, Agentes Administrativos e gerente da UBS. Resultados: a elaboração do PES por estudantes da graduação de enfermagem a partir de um tema apontado pela UBS permitiu uma maior aproximação dos estudantes com a realidade cotidiana de vida da comunidade e o processo trabalho no serviço. O desenvolvimento do PES permitiu aos estudantes vivenciarem a responsabilidade na elaboração de atividades assistenciais em conjunto com diferentes profissionais e junto da comunidade. A necessidade de construir um caminho de diálogo com a comunidade sobre um tema importante para o território de modo a compreender a participação social para a reflexão sobre as práticas assistenciais para a garantia da diferença e, consequentemente, a saúde como direito. A metodologia aplicada contribuiu para a reflexão sobre como agregar a participação dos usuários de modo a superar a palestra e promover uma reflexão sobre a construção coletiva de práticas de cuidado reconhecendo o marcador de diferença como a cor. Essa produção coletiva e a vivência se mostrou como o principal resultado dessa experiência acadêmica. Análise Crítica sobre o trabalho: a complexidade da produção do trabalho foi positiva para a reflexão acerca do processo de trabalho da enfermagem, da equipe e dos caminhos necessários para agregar os usuários como parte do processo do cuidado, como também da importância do trabalho interdisciplinar para fortalecer ações de promoção da saúde junto da comunidade. Conclusões e/ou Recomendações: que a formação permita aos graduandos a reflexão e a vivência de experiências concretas e necessárias do cotidiano do trabalho na Atenção Primária à Saúde, para que possam mais intensamente vivenciar a importância do trabalho em equipe, superando apenas o olhar da crítica, participando conjuntamente e de modo responsável sobre a produção de informações como na escolha de caminhos para o superar dificuldades encontradas no cotidiano do trabalho.