O presente trabalho é o relato de experiência da construção de um grupo de artesanato terapêutico no centro comunitário no bairro Aquiles Stenghel, na Zona Norte de Londrina. Este é promovido pela Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher, que atua na Unidade Básica de Saúde do bairro. O grupo tem por objetivo acolher mulheres de diferentes faixas etárias, que têm interesse em aprender e ensinar atividades manuais á outras participantes, utilizando a via da arte para o cuidado com a saúde mental. Nos atendimentos do Ambulatório Multiprofissional, ao perceberem demandas psíquicas, como sintomas de ansiedade ou depressivos, os residentes realizavam o convite do grupo para as pacientes. Concomitantemente, orientamos as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) a convidarem as mulheres do bairro, mediante a essas queixas. Com aproximadamente um mês de grupo, já passaram por ele cerca de 18 mulheres, acompanhado de a participação das ACSs. Além disso, integrantes da equipe multiprofissional também acompanham as atividades em rodízio, sendo eles a Nutricionista, Farmacêutica e Profissional de Educação Física. As práticas são sugeridas pelas próprias participantes, de acordo com as atividades manuais que elas gostariam de aprender. Já foram confeccionados artesanatos como porta-retratos, flores e caixas organizadoras de E.V.A, agulheiros e porta-chaves decorados com fuxicos, entre outros. As ACS auxiliam nas tarefas, propondo e auxiliando na execução do artesanato. Enquanto isso, a psicóloga observa os temas que as mulheres conversam entre si, promovendo reflexões e questionamentos diante dos assuntos. Perante isso, as participantes verbalizaram que tais atividades as “distraem” em relação aos problemas cotidianamente enfrentados. Ao longo do grupo surgem temas como: cuidado com os filhos, relacionamentos afetivos, recordações da infância, dificuldades financeiras, acontecimentos do bairro, entre outros. Conforme discutem espontaneamente sobre o assunto, a psicóloga realiza apontamentos que conduzem a uma exploração mais aprofundada do tema. Algumas delas, após o término do grupo, procuram a profissional para tirarem dúvidas ou até serem acolhidas mediante ao sofrimento emocional. Além disso, pacientes que já são acompanhadas individualmente, são convidadas a viverem esse momento como forma de alívio das angústias. As participantes levam os artesanatos para produzirem em casa, como forma de passar o tempo e executar novas habilidades. Com a presença de residentes da equipe multiprofissional, as pacientes acabam também por tirar dúvidas referentes ao uso de medicamentos, alimentação e práticas de atividades físicas. Portanto, percebe-se que tal intervenção promove a proximidade das participantes com a equipe multiprofissional. Além disso, as atividades manuais têm promovido um momento de autocuidado das mulheres, que deixam seus lares para um momento de distração e reflexão sobre as angústias e aflições da vida. Compartilhar experiências uns com as outras tem sido um ganho, de acordo com suas falas, além de independente da fase da vida, terem a oportunidade de descobrir novos talentos.