Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Extensionar-se Entre a Clínica, a Arte e a Cidadania: corpo a corpo com a vida das Ruas de Campinas
Jonathas Justino, Luana Marçon, Cathana Oliveira, Henrique Sater, Thiago Lusvardi

Última alteração: 2019-07-22

Resumo


O que se pretendeu neste trabalho foi dar corpo a uma experiência vivida, relacionada ao Projeto de Extensão Universitária: “Entre a Clínica, a Arte e a Cidadania: oficinas de arte com a população em situação de Rua, que se inicia com o desejo de buscar saberes que se constroem nas relações que se estabelecem com a Rua, com as pessoas que nela circulam e com a vida que nela se produz. Nos referimos aos corpos pesquisadores do Coletivo Conexões, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em encontro com o trabalho desenvolvido pelo Consultório na Rua (CnaR) de Campinas e com as pessoas que na Rua vivem. Os Consultórios na Rua têm sua gênese em experiências heterogêneas de cuidado de populações marginalizadas e historicamente excluídas do acesso à saúde. Um dos marcos de sua instituição é uma portaria de 2011 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) que preconizava atuação itinerante de equipes e acompanhamento ativo dos usuários em situação de Rua, garantindo-lhes a integralidade da atenção. Assume-se aqui o caráter desarticulador sobre discursos instituídos, operacionalizados nos cuidados em saúde ofertados, incluindo aqueles que se legitimam e se afirmam pelo caráter científico. Enquanto uma prática desnaturalizadora, nossa pesquisa teve como alvo a rede de poder e o jogo de interesses que se fazem presentes no campo da investigação e busca “colocar em análise os efeitos das práticas de cuidado no cotidiano”, desconstruindo territórios e possibilitando a criação de novas práticas. Trabalhamos com a ideia de que pesquisar nos remete a uma interferência no campo e também transformar a realidade e a nós mesmo. Mais do que "conhecer para transformar", conduzimo-nos por uma ideia-força do "transformar para conhecer”, de um fazer que produz saberes, concomitantemente nos convidando ao exercício do pensamento como ação. O trabalho foi  operacionalizado em três vertentes: 1) rodas musicais; 2) oficinas teatrais; 3) oficinas com mulheres “pano de chão”, se desdobrando para ações políticas através de dois Fóruns Públicos e na produção de um curtametragem titulado “Largo do Pará” (link https://www.youtube.com/watch?v=0MZaB28PEqM). A partir das vivências e reflexões em campo, julgamos que o projeto aqui descrito está para além de representar técnicas artísticas terapêuticas, “complementares” a um modelo tradicional e tecnicista de saúde. A experiência de extensionar-se com o CnaR permitiu problematizar questões importantes na relação institucional entre rede de serviços e ambiente acadêmico, bem como a desnaturalização dos espaços da Rua apenas como um espaço de exclusão social e desprovido de sentidos. O que desejamos compartilhar refere-se ao atravessar de fronteiras entre Academia, Rua e Serviço, prioblematizar as práticas clínicas tradicionais, bem como a invenção de um corpo pesquisador e militante.