Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: UMA POSSIBILIDADE PARA INTERVENÇÃO NA UBS FRENTE À DESAPROPRIAÇÃO COTIDIANA DO SENTIDO DE VIVER
Angela Cristina Lopes

Última alteração: 2019-07-29

Resumo


O presente trabalho tem por finalidade pautar uma discussão sobre a educação popular em saúde como alternativa para a intervenção profissional frente aos desejos de suicídio expressos nos atendimentos realizados pelo assistente social aos usuários da UBS Itapoã. No cotidiano da UBS por várias vezes usuários relataram o desejo de “acabar com o sofrimento” através do suicídio. Ao realizarmos uma aproximação aos motivos geradores de tais desejos na totalidade dos usuários os motivos eram de ordem material. A precarização da vida da população é claramente explicitada durante os atendimentos, as queixas estão ligadas às necessidades essenciais à vida humana: fome, condições de moradia, o não acesso aos tratamentos indicados, entre outras. A vivência da escassez aliada à total falta de esperança se fazem presentes na fala dos usuários e isso passou a nos angustiar frente a nossa aparente pouca possibilidade de intervenção uma vez que, no momento em nosso país temos o avanço do projeto neoliberal com cortes efetivos nas políticas sociais que limitam o acesso a bens e serviços que potencialmente poderiam proporcionar melhores condições de vida para a população. Acreditamos que o contexto de exclusão social interfere diretamente nas relações sociais, na dinâmica familiar e na forma em que o indivíduo se enxerga e se objetiva como sujeito. O sofrimento social, temos percebido, provoca o isolamento e exclusão social. Frente a isto buscamos alternativas de ação, encontrando na educação popular em saúde uma possibilidade. Em discussões no núcleo de serviço social da residência passamos a perceber a importância de trabalharmos no resgate do “sujeito”. Desta forma, escolhemos nos aproximar das concepções originais de Paulo Freire, a partir das quais nos foi possível trazer para o cotidiano profissional a necessidade do processo de conscientização para o fortalecimento do sujeito e seu reconhecimento enquanto agente de mudança. Enquanto profissionais entendemos que é no processo coletivo que os usuários se tornam sujeitos e podem não só se colocar na perspectiva de buscar seus direitos, mas se sentirem partícipes de um coletivo, o que contribui para uma maior solidariedade e esperança. Neste sentido, nos colocamos em movimento para fomentar a formação de grupos, tendo como referência as demandas do território, onde a explicitação de vivências cotidianas pode evidenciar que as necessidades e dificuldades não são individuais, mas são vivenciadas por muitos. Nessa dinâmica, esperamos o desencadeamento de processos de fortalecimento do sujeito coletivo no sentido de fomentar o movimento em busca de seus direitos efetivando assim processos vitoriosos em defesa da vida.