Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: UMA POSSIBILIDADE PARA INTERVENÇÃO NA UBS FRENTE À DESAPROPRIAÇÃO COTIDIANA DO SENTIDO DE VIVER
Angela Cristina Lopes, Alaíde Maria Morita Fernandes Silva, Ana Patricia Pires Nalesso, Fernanda Freitas Gonçalves Leati, Larissa Natalia Teixeira, Reghiany Cristhiany Brachtvogel, Renata Lizandra Bueno Nascimento

Última alteração: 2019-08-01

Resumo


O presente trabalho tem por finalidade pautar uma discussão sobre a educação popular em saúde como alternativa para a intervenção profissional frente aos desejos de suicídio expressos nos atendimentos realizados pelo assistente social aos usuários da UBS Itapoã. No cotidiano da UBS por várias vezes usuários relataram o desejo de “acabar com o sofrimento” através do suicídio. Ao realizarmos uma aproximação aos motivos geradores de tais desejos na totalidade dos usuários os motivos eram de ordem material. A precarização da vida da população é claramente explicitada durante os atendimentos, as queixas estão ligadas às necessidades essenciais à vida humana: fome, condições de moradia, o não acesso aos tratamentos indicados, entre outras. A vivência da escassez aliada à total falta de esperança se fazem presentes na fala dos usuários e isso passou a nos angustiar frente a nossa aparente pouca possibilidade de intervenção uma vez que, no momento em nosso país temos o avanço do projeto neoliberal com cortes efetivos nas políticas sociais que limitam o acesso a bens e serviços que potencialmente poderiam proporcionar melhores condições de vida para a população. Acreditamos que o contexto de exclusão social interfere diretamente nas relações sociais, na dinâmica familiar e na forma em que o indivíduo se enxerga e se objetiva como sujeito. O sofrimento social, temos percebido, provoca o isolamento e exclusão social. Frente a isto buscamos alternativas de ação, encontrando na educação popular em saúde uma possibilidade. Em discussões no núcleo de serviço social da residência passamos a perceber a importância de trabalharmos no resgate do “sujeito”. Desta forma, escolhemos nos aproximar das concepções originais de Paulo Freire, a partir das quais nos foi possível trazer para o cotidiano profissional a necessidade do processo de conscientização para o fortalecimento do sujeito e seu reconhecimento enquanto agente de mudança. Enquanto profissionais entendemos que é no processo coletivo que os usuários se tornam sujeitos e podem não só se colocar na perspectiva de buscar seus direitos, mas se sentirem partícipes de um coletivo, o que contribui para uma maior solidariedade e esperança. Neste sentido, nos colocamos em movimento para fomentar a formação de grupos, tendo como referência as demandas do território, onde a explicitação de vivências cotidianas pode evidenciar que as necessidades e dificuldades não são individuais, mas são vivenciadas por muitos. Nessa dinâmica, esperamos o desencadeamento de processos de fortalecimento do sujeito coletivo no sentido de fomentar o movimento em busca de seus direitos efetivando assim processos vitoriosos em defesa da vida.