Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Especificidades da Saúde Rural: um relato de experiência
BEATRIZ ZAMPAR, SONIA MARIA COUTINHO ORQUIZA, PAULO VIKTOR RIBEIRO, RITA DE CASSIA RAMOS MEDEIROS

Última alteração: 2019-08-01

Resumo


Apresentação: Define-se a saúde rural como a interação necessária e a conectividade da pessoa rural com sua família e comunidade, alertando sobre o menor acesso das comunidades rurais do mundo a cuidados de saúde, pior estado e desfechos de saúde comparados com comunidades urbanas e afirma que as avaliações de qualidade e efetividade do cuidado não estão disponíveis nem são dirigidos ou aplicados à realidade rural. Prover cuidados de saúde efetivos e de alta qualidade em um contexto de ruralidade é um desafio para qualquer nação, pois a saúde fundamenta-se em determinantes amplos, demandando cooperação multidimensional da comunidade nos aspectos ambientais, econômicos, disponibilidade de recursos, educação e cuidados de saúde, respeitando particularidades de algumas populações como as indígenas, as minorias e as comunidades rurais isoladas para se atingir um status de saúde desejável.

Desenvolvimento: O relato de experiência envolve a atuação de médicos de família e comunidade (já formados ou em formação dentro do programa de residência médica) em regiões rurais do município de Londrina juntamente com equipes de Saúde da Família. No caso de Londrina, os distritos de Irerê, São Luiz e Warta são locais de estágio dos Residentes em MFC do segundo ano. As especificidades do meio rural vão “moldar” as competências não só do médico de família que lá atua, mas também de toda a equipe. O processo de trabalho da equipe terá que se adaptar às seguintes variáveis de acesso: barreiras geográficas (rios, estradas de terra, morros, plantações...), distância a ser percorrida, existência de transporte coletivo na região e seus horários, tempo de deslocamento, barreiras sociais, horário de atendimento da unidade de saúde, forma de marcação de consultas, meios de comunicação, disponibilidade para atendimento a situações de urgência e emergência, eventuais conflitos que possam existir no território.

Resultados: Ao atuar em regiões rurais com equipes da Estratégia Saúde da Família percebemos algumas especificidades na produção do cuidado. A competência cultural passa a ser ainda mais importante, o vínculo, a longitudinalidade, o conhecimento do território e de seus habitantes, meios de produção, distancia da residência a unidade de saúde, a necessidade de maior resolutividade. Normalmente as equipes de saúde apresentam constituição menor em número de profissionais em relação às equipes das regiões urbanas, o que dificulta ainda mais a organização do processo de trabalho em região rural. Existe também a questão da visibilidade das populações rurais, que parecem ser relegadas a um segundo plano quando comparadas com a urbana. Finalmente, existe a necessidade de formação permanente e continuada para que essas equipes fortaleçam suas competências no atendimento aos agravos característicos dessas populações e as eventuais urgências e emergências a que estão expostas.

Considerações finais: A Medicina Rural deve ser alvo de políticas públicas direcionadas as suas necessidades, englobando a valorização dos profissionais que se dispõem a trabalhar nessas áreas devido às suas diversas particularidades. Ações como o telediagnóstico, segunda opinião, telessaúde e matriciamento nas diferentes especialidades são essenciais a otimização das ações dessas equipes.