Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2019-08-01
Resumo
Apresentação: Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise da produção de redes de cuidado em saúde a partir de encontros vividos na atenção domiciliar. Trata-se de um recorte de uma pesquisa de mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina. Desenvolvimento do trabalho: O estudo foi realizado por meio de pesquisa cartográfica a partir de encontros com trabalhadores de saúde e usuários enquanto guias, no âmbito da atenção domiciliar, produzindo visibilidades de redes cuidadoras para além do instituído nas Redes de Atenção à Saúde (RAS). O desenhar das cartografias aconteceram na dobra do olhar guias-cartógrafo, a partir dos agenciamentos nos encontros. A pesquisa foi realizada em um município do sul do país, entre os anos de 2016 e 2017. Os nomes apresentados na seção “Resultados” são fictícios. Resultados: Ao caminhar pelas cartografias, fomos guiados ao encontro com as ouvidoras Sandra e Dirce, da secretaria municipal de saúde, trabalhadoras de um serviço invisível nas RAS, que a um primeiro olhar nos parece um local burocrático e politicamente estratégico para ‘acalmar’ os usuários eternamente insatisfeitos. No entanto, ao encontrá-las, outra visibilidade foi produzida, mostrando-nos uma forma de operar que rompe com o instituído e produz intensamente redes cuidadoras. A ouvidoria poderia ser mais um local de trabalhadores domados pela queixa-conduta, ou nesse caso, reclamação-encaminhamento. No entanto, foi criado um processo de trabalho rizomático, que não se prende à rede analógica dos encaminhamentos, dos níveis de atenção, dos protocolos. As ouvidoras transitam por todos os demais setores da secretaria, inclusive com acesso ao secretário de saúde, comunicando-se diretamente com os trabalhadores para discutir os casos recebidos, construindo uma rede “quente”, trabalho vivo dependente. Considerações finais: Apesar da captura recorrente do trabalho vivo, ele é rizomático, autogovernável, e possibilita ao trabalhador romper com o instituído, fazendo conexões com outros lugares, outros profissionais, outras equipes, outras redes, outras formas de cuidar, como operam as ouvidoras.