Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2019-08-02
Resumo
Apresentação: Este trabalho pretende apresentar a articulação clínica que ocorre numa ocupação comunitária em Assis, São Paulo, frente ao desmonte das universidades e do adoecimento entre jovens universitários da rede pública, dando viabilidade sociopolítica para o território dos desejos, e da produção de desejos, que habita em nós. Deste modo, a clínica comunitária tem por seu objetivo o favorecimento do fluxo de acesso da comunidade à cultura, à diversidade e aos sentimentos de pertença territorial, dada a micropolítica cotidiana dos afetos.
Desenvolvimento do trabalho: Inúmeras são as chamadas demandas de permanência, das quais os jovens produzem sintomas de adoecimento social, sejam elas: afetivas, políticas, artísticas, econômicas; que acometem a cada semestre nossos jovens universitários. Ocupados com essa demanda, nosso coletivo de psicólogos do município, iniciaram em 2019 a ocupação comunitária de um espaço clínico reservado para oficinas, encontros, grupos de debates e processo psicoterápico.
Resultados ou impactos: Com a implementação de uma clínica comunitária, desdobramos as barreiras territoriais e criamos enquanto uma prática coletiva a construção de um espaço de ocupação político para o acolhimento e escuta qualificada dos jovens que encontram-se ávidos por participação política de seus desejos e da qual ampliamos análises e estudos recorrentes as demandas dos mesmos.
Considerações finais: Ao nos colocarmos ocupados em produzir efeitos ampliados na clínica, permitimo-nos narrar e per-formar-com os dispositivos cartográficos de saúde, que mapeiam as intensidades e os devires das psicologias contemporâneas numa implicação afetiva com jovens psicólogos, da qual criamos esta escrita. Pautados na implicação política entre os deslocamentos privilegiados da academia e as afirmações que ampliam a clínica de permanência sociopolítica em nosso território universitário, porém não só, pois toda análise é análise institucional e toda clínica é ação política, porque argui os pontos de insurreição na história, os pontos de inflexão dos discursos na composição de certas práticas. Toda análise, toda clínica é política, porque problematiza os lugares instituídos, as dicotomias naturalizadoras, porque pergunta sobre os modos de constituição das instituições. Entretanto, para irmos adiante, se quisermos, de fato, dar visibilidade a esta imanência entre clínica e política, segundo os autores da cartografia institucional da Esquizoanálise, é necessário que perguntemos quais práticas a clínica tem posto em funcionamento, quais efeitos políticos a clínica tem produzido e, principalmente, qual vida ela tem implementado. É no bojo do movimento institucionalista que o grupo, as práticas coleitivas e nossa clínica comunitária se anuncia como dispositivo fundamental para que se inclua a dimensão analítica na luta política, assim como a política na análise.