Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Modos de cuidar, modos de lutar, modos de ser: a arte na construção de ações pela defesa de vidas travestis e transexuais
HERBERT DE PROENÇA LOPES, VALÉRIA MENDONÇA BARREIROS

Última alteração: 2019-08-01

Resumo


Este trabalho se refere a experiência de psicólogxs sociais na construção de ações desenvolvidas em conjunto com o movimento social travesti e transexual na cidade de Londrina, Paraná. O objetivo deste relato é problematizar como a articulação entre os campos da arte, militância e psicologia, em uma experiência situada de ação, pode produzir formas de enfrentamento à violência e discriminação e contribuir na luta pela garantia de direitos humanos e produção de vida destas pessoas. Passamos a denominar de “borrada” a articulação entre estes campos (arte, militância e psicologia), pois qualifica a forma como tem sido construída nossa parceria com o Coletivo ElityTrans Londrina. Nesse processo, foram desenvolvidas ações no sentido da criação de uma rede local de defesa dos direitos dessa população, com ativistas, e trabalhadores de serviços públicos, e criadas iniciativas voltadas para o cuidado em saúde, acompanhamento jurídico e escuta psicossocial, todas ofertadas de modo voluntário. Dentre as várias ações, queremos dar destaque a duas iniciativas que carregam a arte como importante elemento a ser considerado. A primeira é a Cia. Translúcidas, grupo de teatro formado pelo ElityTrans, em 2016, a partir de oficinas de teatro voltadas especialmente para travestis e transexuais. Deste trabalho surge uma peça de teatro cujo processo de montagem e apresentações tem se mostrado como importante dispositivo de luta política e emancipatória. A segunda iniciativa, “´É Babado Kyrida”, é um programa de rádio de protagonismo trans, criado sob uma ótica horizontal de produção comunicativa nos movimentos sociais e tem pautado as temáticas das diferentes vivências trans, além de criar linguagem e estética próprias, motivadas pelo questionamento aos modos de fazer rádio, do que pode ser dito, de quem pode dizer, entre outros aspectos. Ambas experiencias tem se caracterizado como potentes modos de ação política e produzido ressonâncias em diversos espaços onde têm transitado. Por fim, destacamos que tais ações se somam a outras iniciativas que pautam o enfrentamento às violações de direitos, além de se configurarem espaços de produção de saúde e cuidado, constituídos por meio de práticas artísticas criadas e experimentadas coletivamente.