Associação da Rede Unida, Iº Colóquio CISMEPAR
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2019-11-25
Resumo
As condições para a saúde mental se estabelecem nos primeiros anos de vida da criança e dependem das relações corporais, afetivas e simbólicas que se organizam entre bebê/cuidadores; indo para além do referencial nosológico dos manuais diagnósticos, por considerar também as condições para constituição subjetiva numa criança, num momento da vida em que este processo ainda está acontecendo; pauta-se a relevância dos atendimentos em Estimulação Precoce - EP do Centro Mãe Paranaense - CMPR, no Ambulatório Especializado de Atenção à Gestante e à Criança de Risco Intermediário e Alto, que tem seu foco na promoção e prevenção à saúde da gestante, bebê e pequena criança; nesta última que apresentam fatores de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor e/ou relação mãe-bebê. O olhar atento para questões centradas além dos cuidados orgânicos permitem, entre os profissionais da Atenção Primária dos municípios consorciados integrantes da linha de cuidados na primeira infância, a realizar o encaminhamento ou então direcionar as demandas para UBS de referência; como aqueles que atuam no CISMEPAR, a solicitar consulta referenciada – CR para avaliação de EP; que devem ocorrer durante os primeiros 24 meses de vida (1 ano, 11 meses e 29 dias); podendo permanecer em tratamento até 4 anos de idade. Este ambulatório conta com equipe transdisciplinar com referencial psicanalítico e composta por 19 profissionais (integrantes da empresa RHashimoto Saúde): 10 psicólogas, 3 fisioterapeutas, 2 fonoaudiólogas, 1 psicopedagoga, 1 assistente social, 1 médica pediatra e 1 enfermeira; suporte da nutricionista e técnica de enfermagem. Quando necessário, é feita solicitação de CR às demais especialidades do CISMEPAR e encaminhamentos aos serviços da rede de cuidados. A EP é uma prática transdisciplinar atravessada pela Psicanálise, que apoia a pequena criança no desenvolvimento de suas funções, quando a espontaneidade no processo de desenvolvimento é interrompida. Profissionais detentores do saber sobre toda estruturação da criança, para que seja possível reconstruir, sustentar, ou substituir a função materna, para a prática clínica obter os resultados esperados, já que trata-se das inscrições iniciais da vida e da constituição do sujeito para promoção do desenvolvimento global - aspectos motores, psíquicos e sociais, a partir da detecção precoce de sinais de sofrimento que servem como entraves à constituição psíquica e sua influência direta nas desarmonias do desenvolvimento. Detectados os sinais é necessário intervir o quanto antes, assegurando o lugar dos pais no tratamento e tomando os bebês como sujeitos em constituição. Para conduzir o trabalho clínico utilizamos o protocolo IRDI – Indicadores de Risco para o Desenvolvimento Infantil, que norteia a detecção dos sinais de sofrimento psíquico e risco psíquico para problemas na constituição subjetiva do bebê e aponta para questões que ainda podem se fortalecer na estruturação da criança e no raciocínio clínico quanto à direção do tratamento. Como resultado firma-se que esta prática clínica segue em direção a prevenção e promoção à saúde do bebê e pequena criança, considerando aspectos físicos, psicológicos e socioculturais, que abordados pelos profissionais, que auxiliem na melhor forma a reestruturação do paciente e sua família.