Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A construção coletiva de conhecimento e o trabalho em saúde mental
Emanuella Cajado Joca, Glaucilândia Perreira Nunes, Maria Rocineide Ferreira da Silva, Clarissa Dantas de Carvalho

Última alteração: 2018-06-05

Resumo


Este resumo apresenta um momento do processo de pesquisa em Saúde Coletiva que propôs junto a trabalhadores da saúde construir conhecimento acerca do Teatro do Oprimido na saúde mental. Metodologicamente o estudo é referenciado na epistemologia qualitativa de Gonzalez Rey (2002; 2015) e fundamenta-se em três princípios gerais: o caráter construtivo-interpretativo do conhecimento; a legitimação do singular como instância de produção de conhecimento científico e o ato de compreender em pesquisa, como um processo de comunicação, um processo dialógico. Na busca de construção de inteligibilidade acerca do Teatro do Oprimido na Saúde Mental foi proposto uma Oficina de Conversação Coletiva aos trabalhadores que estiveram envolvidos direta ou indiretamente com as atividades desta abordagem teatral em um serviço CAPS Geral tipo II, no município de Fortaleza, nos anos de 2013-2016. Esse momento, foi inspirado também na proposta da Pesquisa Colaborativa e caracteriza-se como uma pesquisa com desenvolvimento profissional que articula o processo de investigação acadêmica com a formação. Propõe uma imbricação entre pesquisa e atuação profissional, no qual a investigação do campo de prática seja uma ação coletiva, para que o trabalhador possa construir significados a sua atividade. Nesta pesquisa eles foram chamados de pesquisatores-trabalhadores. Como dispositivo de conversação foi utilizado o Diário de Campo de facilitação de um grupo de Teatro do Oprimido que acontecia no serviço CAPS. Através do diálogo estabelecido entre trabalhadores foram elencadas quatro categorias: 1. Compreensões sobre o Teatro do Oprimido na Saúde Mental; 2. Proposição teórico-prática do Teatro do Oprimido; 3. Trabalho na saúde mental; 4. A experiência com a Oficina de conversação coletiva. Nessa apresentação foca-se a última categoria, em que foi abordado a questão de estar no processo de pesquisa. As falas abordaram a leitura do dispositivo de conversação com prazer, dificuldades/limites e propostas. Os trabalhadores falaram que participar de um diálogo coletivo acerca da experiência de trabalho em saúde mental é considerada como importante para o profissional e de desenvolvimento de si e de sua prática. Coloca-se que fazer pesquisa foi importante para colocar em análise alguns dos desafios que estão presentes na saúde mental, como o cuidado em liberdade, a superação da tutelagem, a busca de terapêuticas bem como a inclusão social. Desafios e dificuldades enfrentadas pela prática de cuidado em saúde mental que se não problematizadas coletivamente fica restrita a práticas isoladas, pouco efetivas e desestimulantes ao conjunto de trabalhadores. A conversação que foi proposta na pesquisa pode revelar necessidades seja de supervisão clínica institucional, de educação permanente ou mesmo de que a saúde mental como campo com suas dimensões tem a peculiaridade de estar sempre necessitando novas criações para uma atenção ampliada e integral. Considera-se por fim que o conhecimento construído coletivamente mobilizou as reflexões dos trabalhadores acerca dos processos de cuidado que põem em prática, proporcionando outros olhares e experiências.


Palavras-chave


Pesquisa; Análise Qualitativa; Trabalho em Saúde Mental