Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DESENVOLVIDO POR ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA CIDADE DE MANAUS-AM
Fabiana Vilar Carneiro, Geovanna Vieira Carneiro, Jeane de Souza Sampaio, Pamela Rodrigues da Silva, Anne Caroline Sampaio Soares, Igor Castro Tavares

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


O projeto de educação em saúde denominado “Gestar Bem” tratou-se de ações educativas desenvolvidas por acadêmicas de enfermagem a um grupo de mulheres em acompanhamento pré-natal em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade de Manaus-AM. Objetivo: Descrever a experiência das discentes acerca das atividades educativas realizadas na atenção à mulheres no período gravídico-puerperal. Descrição Metodológica: Esta análise utiliza o método de estudo descritivo de natureza qualitativa, do tipo relato de experiência. São descritas atividades desenvolvidas no período de abril a junho de 2016. As ações educativas foram desenvolvidas na UBS Megumo Kado localizada no bairro Educandos, cidade de Manaus no estado do Amazonas. Participaram do projeto cerca de 20 mulheres gestantes cadastradas na UBS em acompanhamento pré-natal e sete acadêmicos de enfermagem, Iniciamos o projeto na UBS no mês de maio de 2016, no primeiro momento optamos pela coleta de dados por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas, como forma de conhecermos nosso público-alvo e identificarmos suas percepções e carências relacionadas a gestação, parto e puerpério. O questionário utilizado para nortear a entrevista era composto por duas partes: a primeira, com perguntas objetivas referentes ao perfil sociodemográfico e dados obstétricos das participantes; e a segunda, com perguntas abertas sobre consulta pré-natal de enfermagem, participação em ações educativas e quais temáticas tinham mais interesse entre as opções inseridas no questionário. Para a diferenciação das sujeitas envolvidas, assim como preservação de sua identidade, as gestantes foram identificadas com a letra ‘G’ seguida de numeral arábico que indica a ordem em que sucederam as entrevistas. O segundo momento do projeto destinou-se às ações educativas, conduzidas através de rodas de conversa, palestras interativas, demonstrações com bonecos e dinâmicas. Foram realizados 10 encontros no total. As temáticas abordadas nos encontros foram: Preparo para o parto; Cuidados de higiene; Amamentação; Cuidados com o recém-nascido; Orientação nutricional e Planejamento Familiar. O último encontro com o grupo de gestantes foi realizado em uma sala de aula na Sede da Associação Comunitária, onde fizemos uma devolutiva do projeto e questionamos as mesmas sobre suas experiências como participantes das ações educativas. Resultados e Impactos: O fato de as gestantes demonstrarem diversas dúvidas contribuiu para que constatássemos que as ações educativas no pré-natal têm sido pouco efetivas, especialmente para o autocuidado na gravidez e planejamento familiar, pois na maioria dos casos a gravidez não foi planejada. Algumas usuárias relataram sobre as dificuldades na orientação e esclarecimentos de dúvidas durante as consultas do pré-natal: “Tenho vergonha de falar de outras coisas sabe, porque o médico mal olha na cara da gente, é tudo muito rápido e eu não entendo algumas coisas que ele diz...” (G1); “Nunca me falaram que na UBS davam anticoncepcional, tô sabendo agora, esse é o terceiro filho que não planejei...” (G3); “O que vocês tão fazendo é muito legal, a gente consegue entender o que vocês explicam” (G10). Observamos pela fala de algumas gestantes que há um mecanicismo por parte dos enfermeiros e médicos, havendo certa resistência em se fazer educação em saúde no pré-natal por parte destes profissionais, justificada pelo pouco tempo pra atender a grande demanda, falta de um local especifico para reunir as pessoas como um auditório, esses profissionais acabam se prendendo basicamente ao preenchimento de papéis. O projeto de educação em saúde realizado em uma Unidade Básica de Saúde foi de extrema importância, pois além de todo conhecimento cientifico adquirido, visualizamos o quanto o papel do enfermeiro como educador é imprescindível na atenção básica, principalmente durante o pré-natal, além do mais tivemos autonomia para realizarmos as ações educativas, o qual se concretizou como um grande aprendizado que levaremos para nosso futuro profissional como enfermeiras. Através do projeto “Gestar Bem” vivenciamos a verdadeira realidade do pré-natal na atenção básica, tivemos a oportunidade de ter o contato direto com as gestantes e essa troca de experiências despertou nosso interesse em trabalhar na saúde coletiva. Entretanto também tivemos que lidar com os desafios e barreiras para realização das atividades educativas, principalmente com relação à estrutura física da UBS que era desproporcional para a demanda, de modo que a sala que nos foi cedida para realização das ações educativas era um espaço pequeno para suportar o quantitativo do grupo de gestantes. O fato de não termos um local adequado, comprometeu de certa forma as ações educativas planejadas, pois gerou desconforto tanto para as gestantes como para as acadêmicas. Na sala de aula aprendemos na teoria como deve ser de fato as ações de enfermagem na atenção básica, durante a assistência pré-natal, mas ao nos depararmos com a realidade da nossa saúde pública, percebemos o quanto é difícil executar essas ações na prática. Compreendemos que a capacitação do profissional de enfermagem deve ocorrer de forma continua desde a graduação, com a realização de projetos como este, por exemplo, onde é possível conhecer a realidade onde iremos atuar e dessa forma nos preparar, adquirindo experiências que mais tarde farão a diferença em nossas ações. As atividades desenvolvidas permitiram o aprendizado prático aliando a teoria e adequando-a à realidade da população alvo, com isso percebemos que a formação do enfermeiro não deve se voltar apenas para os livros e teorias ensinadas em sala de aula, mas deve ir além, a graduação deve inserir o acadêmico no contexto atual, instigando o mesmo a acompanhar a evolução e se capacitar para atuar na área escolhida. Percebemos que embora o modelo tradicional de práticas educativas ainda predomine na atenção básica, o profissional de enfermagem deve ser capaz de desenvolver novas estratégias pedagógicas, mediadas pela participação dos sujeitos, de forma ativa e crítica. O projeto “Gestar Bem” trouxe essa proposta inovadora de educação em saúde, e nos despertou a consciência da participação ativa, de formação e compartilhamento de saberes, contribuindo para que nos tornemos profissionais comprometidas e responsáveis, que trabalhem pela promoção da saúde de modo a superar o modelo arcaico de ações educativas. Considerações finais: Colocar o aluno a frente de projetos como este, os capacita para a futura pratica profissional, os prepara para lidar com situações diversas e vencer os desafios, essa interação e troca de experiências entre acadêmico-cliente e vice-versa favorece a formação de um profissional completo, seguro, que sabe acolher integralmente e de forma humanizada o individuo, família e comunidade, dessa forma o acadêmico ver o quanto pode fazer a diferença na profissão que escolheu, tornando-se um profissional em potencial. Esta oportunidade de intercâmbio de experiências e conhecimentos é considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo gestacional, além de elevar o nível de satisfação das gestantes.


Palavras-chave


Educação em Saúde; Enfermagem; Pré-natal.