Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: ESTRATÉGIA DE INTERSETORIALIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS ESTUDANTES.
Pettra Matos, Amanda Medeiros, Andrea Marassi, Dimitra Castelo, Liliane Nascimento, Alessandra tavares

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma política intersetorial do Ministério da Saúde e da Educação, instituído em 2007, por decreto presidencial, tendo como finalidade contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde; sendo seus principais objetivos: promover a saúde e a cultura da paz; articular as ações da rede pública de saúde e de Educação Básica, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias; contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos e para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos; fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar; promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde; fortalecer a participação comunitária nas políticas de Educação Básica e saúde, nos três níveis de governo. Em seu artigo 4º, o decreto cita as ações de saúde previstas no âmbito do PSE, e que devem considerar atividades de promoção, prevenção e assistência em saúde, em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS. A relação entre os setores de Educação e Saúde possui muitas afinidades no campo das políticas públicas por serem baseados na universalização de direitos fundamentais. A escola é um importante espaço para o desenvolvimento de um programa de educação para a saúde; principalmente quando exerce papel fundamental na formação do cidadão crítico, estimulando a autonomia, o exercício de direitos e deveres, o controle das condições de saúde e qualidade de vida, tornando os escolares melhor capacitados para escolhas mais saudáveis. Objetivos: Apresentar relato de experiência de cirurgiões-dentistas discentes do Programa de Residência Multiprofissional em Estratégia Saúde da Família da Universidade do Estado do Pará no Programa Saúde da Escola, narrando as atividades intersetoriais de educação e de saúde realizadas em uma escola da rede estadual de ensino. Descrição da Experiência: As atividades foram desenvolvidas na E.E.E.F Nova Águas Lindas, no município de Ananindeua-PA; visando sensibilizar os escolares às condições de saúde e qualidade de vida, e os tornarem multiplicadores dos conhecimentos adquiridos ao seu ambiente familiar e de sua comunidade. O público-alvo foram os estudantes do 1º ao 9º ano, sendo crianças com faixa etária de 6 a 9 anos e pré-adolescente de 10 a 15 anos. As atividades foram desenvolvidas em equipe multiprofissional (cirurgiãs-dentista, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais). Realizou-se reunião com a coordenação, corpo docente e pais/responsáveis, para explicar o objetivo das atividades e ouví-los quanto às temáticas mais observadas nos escolares. As atividades foram aplicadas todas as terças-feiras pela manhã de março à junho de 2017, nas salas de aula ou hall da escola. Para os alunos do 1º ano, abordou-se o tema de higiene oral com o uso de recurso de vídeo educativo e dinâmica de aprendizado através do jogo da batata quente; no qual as crianças discorreram sobre o tema. Com os alunos do 2º ano trabalhou-se a reflexão da educação no cotidiano para a formação profissional, onde a turma foi organizada em grupos; onde um aluno representante de cada grupo recebeu uma profissão para expressá-la corporalmente, para o restante do grupo então descobrir qual a profissão desenvolvida. O objetivo foi favorecer a interação grupal e estimular a criatividade e a reflexão da educação no cotidiano para formação de futuros profissionais. Aos alunos do 3º ano foi abordado o tema de higiene geral com o objetivo de estimular nos alunos a importância de hábitos de higiene geral e a sua incorporação no seu dia-a-dia. Nesse intuito, foram realizados dramatizações de comportamentos com hábitos de higiene e de falta de higiene; onde os alunos tiveram que julgar sobre tais comportamentos e fazer referência ao ato certo ou errado; promovendo neles a capacidade de reconhecer e absorver a importância de hábitos de higiene para a saúde geral. Com os alunos do 4º e 5º ano, foi lidado com o tema respeito e desrespeito com o objetivo de estimular nos alunos a importância de um bom relacionamento com a família, a escola, a comunidade que vivem e com o meio ambiente; sensibilizando a socialização e a integração grupal. Para isso, foi realizado uma interação onde os alunos reconheceram atitudes consideradas respeitosas e desrespeitosas e montaram um mural para exposição na sala de aula. Os alunos do 6º ao 9º ano debateram sobre respeito às adversidades e bullying; no propósito de reconhecer atitudes de violência física e psicológica, e favorecer uma reflexão e adoção de comportamentos favoráveis a uma melhor integração social. Para tal utilizou-se recurso de vídeo educativo e trabalhou-se situações-problemas; onde os alunos foram organizados em grupos para discussão, identificando o problema e buscando possíveis alternativas para sua prevenção e resolução. Com essas turmas,  solicitou-se a presença dos responsáveis para a execução das atividades em conjunto; visto que a temática preconceito/bullying muitas vezes é proveniente do ambiente familiar ou de residência; porém, poucos responsáveis estiveram presentes. Resultados: Durante a execução das atividades, se observou os escolares bastante envolvidos e interessados em adquirir novos conhecimentos; relatando em muitas ocasiões, que seus pais não os ensinavam em casa sobre determinados pontos abordados; demonstrando que é um desafio estabelecer que os conhecimentos adquiridos sejam perpetuados pelos familiares. Outro desafio muito observado é a questão de vulnerabilidade social na qual esses escolares se encontram envolvida, visto que residem e convivem em comunidade de fragilidade material e moral; contribuindo na maioria das vezes, a não favorecer a importância da educação e da saúde, principalmente o autocuidado. Ainda se observou a falta de coparticipação de alguns professores, que não manifestaram interesse em participar da realização das atividades e deixando a notar que seu compromisso é apenas em repassar o conteúdo didático das disciplinas; sem engajamento com a formação do cidadão e com as ações da política do Programa Saúde na Escola. Considerações Finais: A educação em saúde é traduzida em mudança de hábitos e comportamentos, que devem ser incentivados em todos os momentos da vida e em todos os setores. Nesse contexto se faz muito importante a intersetorialidade das ações de educação e saúde, através do Programa Saúde na Escola, contribuindo para a valorização da promoção e prevenção da saúde de maneira integral; visto que a importância da educação no processo de transformação social e sua relação com a área da saúde, onde o conhecimento de ambas as áreas se integram, pode promover mudanças na vida dos indivíduos e de uma sociedade.


Palavras-chave


Intersetorialidade; Programa Saúde na Escola