Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER INFANTO-JUVENIL NO MUNICÍPIO DE BARCARENA-PARÁ
Gabriela Campos de Freitas Ferreira, Renato Pamplona da Silva, Elisângela da Silva Ferreira, Alayde Vieira Wanderley, Laudreisa da Costa Pantoja

Última alteração: 2018-02-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: Segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA (2016) é definido como câncer infanto-juvenil, casos de câncer que acometem crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. No Brasil o câncer infanto-juvenil é a principal causa de óbitos de crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 19 anos. Sua incidência média encontra-se próximo de 3%, estimando-se, portanto, que no ano de 2016 tenham ocorrido aproximadamente 12.600 novos casos de câncer em crianças e adolescentes até 19 anos em todo país. Apresenta menor período de latência com progressão mais acelerada quando comparada aos tumores malignos em adultos. Originam-se na maioria dos casos de células embrionárias, apresentam-se como invasivos, entretanto tendem a ter bons resultados à quimioterapia. As neoplasias malignas mais frequentes em crianças e adolescentes são as leucemias, seguidas pelos tumores do sistema nervoso central (conhecidos como cerebrais) e os linfomas (câncer dos gânglios linfáticos). As neoplasias pediátricas não são preveníveis. Alguns estudos apontam para existência de fatores de risco intrauterinos para criança, porém não existem evidências científicas suficientes que esclareçam à associação entre a doença e fatores ambientais. Com isso, a abordagem a esse tipo de câncer atualmente, dá ênfase ao seu diagnóstico precoce e encaminhamento tempestivo para os serviços especializados de tratamento, possibilitando maiores taxas de cura; visto que, sua prevenção ainda é um desafio. Uma equipe de saúde da atenção primária (AB) qualificada é determinante no processo de diagnóstico do câncer infanto-juvenil identificando as condutas frente a suspeita da doença, assim como para a confirmação diagnóstica e seu tratamento, pois a atenção primária será a porta de entrada do cliente que precisa de assistência, portanto deve contar com uma equipe qualificada, que facilite o acesso desse individuo as ferramentas de diagnóstico, para que o resultado seja em tempo oportuno, lhes dando maiores chances de um prognóstico positivo. Neste contexto, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), surgi com o intuito de reorganizar, por meio da expansão, qualificação e consolidação da AB no Brasil, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. Favorecendo uma reorientação do processo de trabalho e um maior potencial de aprofundar os princípios, as diretrizes e os fundamentos da AB. ampliando a resolutividade e o impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade Com base nisso, objetivou-se a capacitação dos profissionais de saúde atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF) que realizam assistência direta aos usuários cadastrados na rede, para a promoção do diagnóstico precoce de câncer em crianças e adolescentes que são atendidas no município de Barcarena, Estado do Pará. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo documental, com abordagem quantitativa, realizado no município de Barcarena, que situa-se na mesorregião metropolitana de Belém, 6º Centro/Polo regional do Pará.  O projeto é desenvolvido em parceria com o Instituto Ronald McDonald que propõe aliar as diversas esferas envolvidas para capacitação, tratamento e organização da rede oncológica e com a Secretaria de Saúde de Barcarena que por meio de acordo disponibilizou local para realização das capacitações, recursos didáticos e apoio no convite aos participantes, com finalidade de sensibilização, divulgação e mobilização dos mesmos. A equipe técnica e cientifica é composta por duas médicas oncopediatras, uma enfermeira especialista em oncologia e dois discentes dos cursos de enfermagem e medicina O treinamento foi realizado em várias etapas, duas vezes ao mês, através de aulas presenciais com carga horária de 16h no horário regular dos profissionais da ESF, com turmas compostas por diferentes categorias profissionais: médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos de enfermagem, técnicos em saúde bucal e agentes comunitários de saúde, com no máximo 40 alunos. Tendo abordagem especifica de temas ligados à oncologia pediátrica, tais como, Política nacional de atenção oncológica, Epidemiologia do câncer infanto-juvenil, Sinais e sintomas de suspeição, Cuidados necessários para atenção à saúde da criança e do adolescente com câncer e a ESF e o cuidado da criança e do adolescente com câncer. No primeiro dia de aula ocorre a realização de um pré-teste, e no encerramento do módulo um pós-teste é aplicado. Os testes são compostos por 19 questões para os médicos e 15 para os profissionais não médicos. Têm como intuito verificar a eficiência das capacitações, visto que, o pré e o pós-teste apresentam as mesmas questões a respeito da temática abordada nas aulas. Ao final, cada profissional que obteve 75% de participação recebeu um certificado e um livro texto cedido pelo Instituto Ronald McDonald, abordando os temas supracitados. Em suma, em cada módulo foram realizadas as seguintes atividades: preenchimento da ficha de inscrição, aplicação do pré-teste, explanação dos conteúdos e aplicação do pós-teste. RESULTADOS: A meta de profissionais da ESF a serem capacitados em Barcarena de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) totalizou 341, destes, foram capacitados 339, 184 Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 56 profissionais de enfermagem de nível médio, 28 enfermeiros, 27 médicos da ESF, 25 outros profissionais de nível médio e 19 dentistas, destes, 227 foram avaliados por meio do pré-teste e pós-teste. Os resultados mostraram que 91,2% dos participantes obtiveram pontuação maior no teste após a capacitação, comparados ao pré-teste, indicando a eficiência do trabalho apresentado. Dos 211 participantes não médicos, 194 apresentaram um número de acertos no pós-teste maior do que no pré-teste (91,94%); 5 tiveram um número de acertos no pós teste menor do que no pré-teste (2,37%); e 12 alcançaram um número de acertos igual no pré-teste e pós-teste (5,69). Entre os 16 médicos avaliados, 13 apresentaram um número de acertos no pós-teste maior do que no pré-teste (81,25%); 2 tiveram um número de acertos no pós teste menor do que no pré-teste (12,50%); e 1 alcançou um número de acertos igual no pré-teste e pós-teste (6,25) . Totalizando dentre os 227 participantes médicos e não médicos avaliados, 207 acertaram mais no pós-teste do que pré-teste (91,19%), 7 acertaram mais no pré-teste do que pós-teste (3,8%) e 13 alcançaram o mesmo número  acertos tanto no pré-teste quanto no pós-teste (5,73%). Os dados demonstram uma grande receptividade dos profissionais quanto às capacitações, bem como refletem o entendimento dos mesmos em relação aos conteúdos ministrados. O grande número de ACS capacitados é de suma importância, pois estes profissionais estão em contato direto com a comunidade, e estes estando treinados podem oferecer uma busca ativa de casos suspeitos de maior qualidade. Porém podemos perceber também o número reduzido de profissionais médicos atuantes na ESF do município, fato este que dificulta a referencia e encaminhamento dos casos suspeitos aos serviços especializados.  CONSIDERAÇÃOES FINAIS: O local primordial para o desenvolvimento de ações e capacitações é a Atenção Primaria a Saúde (APS), que tem na ESF o principal modelo de atenção. Entretanto, vários estudos reforçam o número insuficiente de capacitações periódicas, mostrando a necessidade de Educação em Permanente para os profissionais da ESF. Essas ações devem ser incluídas na gestão e no planejamento dos serviços, enfatizando a temática da detecção precoce e diagnostico do câncer infanto-juvenil, bem como a atuação de acadêmicos em projetos desta natureza contribui de maneira grandiosa para formação da carreira profissional, pois o conhecimento de temas e assuntos poucos discutidos na academia proporciona subsídios para prestação de uma assistência de qualidade e integral a criança e ao adolescente.

 


Palavras-chave


Educação permanente; Equipes de saúde; Qualificação.