Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EDUCAÇÃO EM SAÚDE RELACIONADA À GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Jhennifer Pereira Rodrigues, ÁUREA EMANUELE ALMEIDA MACIEL, CÁSSIA HELENA MEDEIROS SOMBRA, PRISCILA VALENTIM FAVACHO, TAYNÁ CRISTINA SILVA SANTOS, IVANILDO PEREIRA

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Apresentação: A Organização Mundial da Saúde considera adolescentes os indivíduos na faixa etária dos 10 aos 20 anos. Para além de uma faixa etária, a adolescência passou a ser entendida segundo seu processo de desenvolvimento humano, marcadamente ancorado em fatores biológicos e psicossociais. A população adolescente representa atualmente 17,9% do total dos brasileiros com pouco mais de 34 milhões de pessoas. É na adolescência que a sexualidade se estrutura e assume seu papel definitivo. Desta forma, é precípuo ressaltar que o exercício da sexualidade de forma irresponsável e inconsequente acarreta conflitos e traz alterações nos projetos futuros de cada adolescente, resultando, muitas vezes, em situações de gravidez indesejada, aborto, Doenças Sexualmente Transmissíveis/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (DST/AIDS), abandono escolar e delinquência que, consequentemente, interferirão em sua saúde integral. Em 2011, no Brasil, tivemos 2.913.160 nascimentos; destes, 533.103 de meninas de 15 a 19 anos, e 27.785 de meninas de 10 a 14 anos, representando 18% e 0,9%, respectivamente, de adolescentes grávidas nesta faixa etária. As regiões Norte e Nordeste apresentam os maiores índices, ou seja, ¼ dos nascimentos são de meninas menores de 19 anos, também com o maior percentual para gravidez em menores de 15 anos. Sendo que 546,5 nascidos vivos no ano de 2015 foram de mães adolescentes. Atualmente, 66% das gravidezes em adolescentes são indesejadas. A gravidez nesse período da vida por si só já é considerada de risco, pois há um grande aumento do risco de desproporção feto-pélvica, placenta prévia e complicações no parto e no puerpério, bem como o sofrimento fetal agudo intraparto. Dentre as complicações maternas mais descritas na gravidez precoce, foram: pré-eclampsia, eclampsia, HELLP, abortamento, doença hipertensiva da gestação, síndromes hemorrágicas, infecção urinária e rotura prematura, que podem levar à prematuridade fetal e ao baixo peso ao nascer, podendo levar a morte perinatal ou neonatal. Durante a prática do componente curricular Enfermagem Obstétrica em um hospital maternidade foi possível observar o grande número de adolescentes que deram entrada para parir, na qual, cerca de 40% das mulheres grávidas eram de adolescentes de 15 a 20 anos. Com isso, notou-se a necessidade de intervir junto aos adolescentes para que houvesse a conscientização em exercer a sexualidade de forma segura e consequentemente a diminuição do alto índice de gravidez precoce. Com o objetivo de garantir informações adequadas relacionadas à educação sexual e reprodutiva dos adolescentes. Assim como, sanar dúvidas e discutir vivências dos mesmos. Desenvolvimento do trabalho: trata-se de um estudo qualitativo do tipo relato de experiência. Realizou-se uma ação educativa com o tema principal “Gravidez na Adolescência” em uma escola pública de ensino fundamental e médio do município de Belém-Pa com 28 adolescentes de 15 a 18 anos acompanhados por uma docente. A ação educativa ocorreu em três momentos: primeiramente, com as cadeiras dispostas em círculo, houve o acolhimento dos participantes com a apresentação de cada um, bem como do grupo de acadêmicos de enfermagem, na qual compreendeu em dizer seu nome e idade. O segundo momento abrangeu o tema de modo descontraído com a realização de um “Quebra-gelo” chamado de dinâmica da teia, onde é utilizado um fio que é jogado de pessoa a pessoa e o conhecimento ou opinião de determinado assunto é relatado para o grupo de participantes. Dito isso, os participantes da ação educativa deveriam falar sobre o que viria a mente quando falamos em gravidez na adolescência, abordando assim, o conhecimento prévio dos adolescentes sobre o tema. O terceiro momento culminou com uma “Roda de Conversa” utilizando como instrumento de apoio 10 imagens, que ilustravam situações que remetiam o assunto em questão, tais como: adolescente grávida, preservativos, ISTs, planejamento familiar, entre outras, norteando assim a discussão sobre cada uma delas, bem como o relato e discussão de vivências e dúvidas relacionadas ao tema e demonstração prática da utilização correta do preservativo. Resultados: A execução da ação educativa para os adolescentes se mostrou bastante positiva. Os mesmos participaram de todas as fases da ação e demonstraram ânimo em sua participação, assim como, ficaram muito atentos nos momentos em que suas dúvidas eram sanadas, como por exemplo, em relação à alteração de uso do anticoncepcional hormonal injetável para meninas que não se adaptaram a este método e na demonstração prática de como colocar corretamente as camisinhas masculina e feminina. A docente que estava presente na ação também participou espontaneamente de todas as dinâmicas, além de compartilhar com o grupo um pouco de sua própria experiência com a maternidade, comentando sofrer as dificuldades da mesma, apesar de sua gestação não ter sido precoce. Além disso, um dos momentos cruciais para o entendimento e alcance do objetivo foi durante a roda de conversa, na qual emergiu diversas vivências relatadas pelos participantes, onde através delas os adolescentes puderam socializar e notar o quanto é importante a prevenção de uma gravidez indesejada nesse período da vida, bem como suas consequências e dificuldades. A utilização de imagens que instigasse os adolescentes a pensar, descrever e formar uma opinião em relação ao assunto foi um dos pontos principais da ação educativa, pois assim o grupo poderia nortear a discussão colocando o conhecimento cientifico para os adolescentes de maneira clara e em forma de orientação e não de palestra. Dessa maneira, não houve constrangimento em discutir o tema em nenhum dos três momentos descritos. Considerações finais: Discutir sobre gravidez na adolescência é extremamente relevante para o Brasil já que, além de influenciar na questão de saúde pública, se relaciona com a questão social. Pois, a vida sexual de meninas e meninos está cada vez mais começando precocemente e quase sempre sem informações adequadas de prevenção, tanto de uma gravidez indesejada, quanto da prevenção de infeções sexualmente transmissíveis. O tema não é difícil de ser abordado, pois sempre se aprende um pouco através das experiências vivenciadas e diálogos que surgem em meio ao convivo social. No meio familiar, ainda observamos certa problemática, um tabu envolvendo o assunto. Muitas vezes, os pais veem seus filhos (as) como jovens demais para manter relações sexuais ou se sentem desorientados em como direcionar tal conversa, o que acaba facilitando a disseminação de teorias equivocadas, principalmente quanto ao modo de prevenção da gravidez. Assim, cabe aos profissionais de saúde aprimorar a escuta, fortalecer vínculos com o jovem, garantir acesso a informações e aos métodos contraceptivos, e promover ações educativas coletivas que auxiliem os adolescentes a lidarem com sua sexualidade, assim como, desenvolver o autocuidado. Diante de tais observações, avaliou-se que a utilização de uma educação em saúde com métodos recreativos na escola para adolescentes é extremamente produtiva no que desrespeito a orientações acerca da prevenção da gravidez na adolescência, de forma leve e menos formal como uma palestra. Confortados, sabemos que essas novas informações e conhecimentos serão disseminados para outros adolescentes através desses estudantes que participaram ativamente da ação educativa na escola.


Palavras-chave


educação em saúde; gravidez na adolescência;prevenção