Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O estado da arte da formação em saúde nas Residências em Serviço Social no Brasil
Sabrina Pereira Paiva, Mariana Magalhães Ribeiro, Mariana Nery Sol Paulo, Vivian de Almeida Costa Tristão, Polyana Carvalho da Silva, Lara Rodrigues Caputo, Marcilea Tomaz, Vanisse Bernardes Bedim

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Apresentação: O debate sobre a formação em saúde e as particularidades do processo formativo na Residência ganha destaque no Serviço Social ao final dos anos 2000, a partir da ampliação da inserção dos assistentes sociais nos Programas de Residência (CASTRO, 2013). Neste contexto, faz-se mister o alinhamento da formação continuada em saúde com a realidade social e profissional, visando conscientizar e instrumentalizar teórica e tecnicamente os profissionais para apreensão qualificada do seu objeto de trabalho-   a questão social e suas refrações. Preconiza-se o desenvolvimento de uma linha política e teórica afinada com os interesses dos trabalhadores, abrindo canais de escuta e comunicação que propiciem a democratização das informações, a efetivação da educação em saúde e dos princípios do SUS. Desenvolvimento:  As diretrizes curriculares do  Serviço Social definem que uma formação de qualidade deve capacitar o/a assistente social para: Apreensão crítica do processo histórico como totalidade; Investigação sobre a formação histórica e os processos sociais contemporâneos que conformam a sociedade brasileira, no sentido de apreender as particularidades da constituição e desenvolvimento do capitalismo e do Serviço Social no país; Apreensão do significado social da profissão desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; Apreensão das demandas - consolidadas e emergentes - postas ao Serviço Social via mercado de trabalho, visando formular respostas profissionais que potenciem o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre público e privado; Exercício profissional cumprindo as competências e atribuições previstas na Legislação Profissional em vigor (ABEPSS, 1996, p. 07-08). Neste contexto, valoriza-se a articulação ensino/serviço, na medida em que as Instituições de Ensino e de Saúde se responsabilizam mutuamente pela formação de recursos humanos, na perspectiva generalista, compreendendo o usuário como sujeito, e não como reprodutor de orientações e prescrições, tendo como objetivo maior a qualidade dos serviços de saúde (TEIXEIRA, 2002). Porém, a falta de condições de trabalho, o sucateamento das instituições e a limitação de recursos humanos se colocam como elementos que trazem desafios para se garantir uma formação de qualidade e a defesa dos princípios e diretrizes do SUS. A falta de espaço físico, por exemplo, impacta no desenvolvimento de atividades grupais de educação em saúde, reuniões de equipe e atendimentos individuais, não atendendo, muitas vezes, o que está definido na Resolução 493/2006 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), que dispõe sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social. Em relação aos recursos humanos, o reduzido quadro de profissionais, tanto no espaço hospitalar como na atenção secundária e básica, tem trazido claras dificuldades para que os profissionais se disponibilizem para assumir a preceptoria da residência. Outra questão é a própria fragmentação do trabalho profissional em alguns espaços, onde o assistente social atende a vários territórios e não desenvolve um trabalho contínuo nas unidades de saúde (CASTRO, 2013). Tem-se ainda o cenário particular dos Hospitais Universitários, com a proposta da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) que tem sido objeto de debates, atos e posicionamentos políticos contrários do Serviço Social nos HU.

Entende-se que o quadro exposto influencia diretamente no processo formativo desencadeado pelas Residências, mas trazem implicações ainda maiores para o desenvolvimento de serviços qualificados que visem à assistência integral à saúde. Partimos da compreensão de que a formação para a área da saúde tem particularidades que se assentam, especialmente, na defesa do projeto de reforma sanitária e dos princípios e diretrizes do SUS.  Nesse sentido, torna-se elemento essencial tratar da qualificação em torno de temas importantes como: ampliação da clínica, trabalho em equipes multiprofissionais e interprofissionais, metodologias ativas de ensino-aprendizagem e metodologias de avaliação da educação permanente (CECCIM, FEUERWERKER, 2004, p.58). Closs (2013) aponta a necessidade de se inserir na pauta do debate sobre a formação o reconhecimento da saúde como direito social e o papel do Estado na sua garantia; a promoção de ações que fortaleçam e preservem a autonomia da população usuária do SUS; a identificação dos fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença, das condições necessárias à garantia da saúde; discutir o trabalho em saúde, pautado na perspectiva de sistema/rede; e a pesquisa e elaboração de dados socioepidemiológicos como fundamentais no processo formativo, uma vez que produz impactos na gestão/atenção em saúde, seja no que tange ao planejamento/formulação, como no que se refere à execução e avaliação. Ou seja, é necessário que a formação qualifique trabalhadores para atuação no SUS, visando a realização de mudanças no processo de trabalho e no modelo assistencial e o desenvolvimento de práticas qualificadas que contemplem o conceito ampliado de saúde e a integralidade da atenção. Sendo assim, esta investigação pretende apresentar o ‘estado da arte’ sobre a formação em saúde nas Residências em Serviço Social, a partir de 2009, já que a partir deste momento temos um avanço da inserção de assistentes sociais no contexto das residências multiprofissionais em saúde no país, chegando até o final do primeiro semestre de 2018. A pesquisa bibliográfica, em curso, é realizada em uma base de dados do Portal de Periódicos CAPES- SciELO Brasil, a partir dos descritores: formação em saúde; Serviço Social; e Residência. Além disso, investiga-se o Portal de Teses de Dissertações da CAPES, respeitando-se o mesmo período e descritores. Além disso, são realizadas buscas nas Revistas da Área do Serviço Social, apontadas no sistema Qualis como periódicos A1, A2, B1. E, como fontes documentais primárias, temos: - Documentos do Ministério da Saúde referentes às Residências em Saúde; - Anais dos dois principais eventos da categoria de assistentes sociais: Congresso Brasileiro de Serviço Social e Encontro Nacional de Pesquisadores de Serviço Social, a partir de 2009. Resultados e impactos esperados: Espera-se que este estudo possa contribuir para a apreensão das particularidades do Serviço Social na formação para o trabalho na área da saúde, com o intuito de construir um trabalho profissional que esteja atento às necessidades de saúde da população e aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, pautando-se no projeto de Reforma Sanitária. Considerações Finais: Ao mesmo tempo em que se avança na qualificação da formação continuada em saúde, tem-se o aprofundamento do projeto de mercado proposto para a área da saúde, que traz desafios para a consolidação de um projeto de educação e de saúde democrático e popular.  Assim, o presente estudo se propõe a apresentar o debate atualizado sobre a formação em saúde e as particularidades do processo formativo na Residência, apontando elementos para qualificação da inserção dos assistentes sociais neste espaço.

Palavras-chave


Residência; Serviço Social; Formação em saúde