Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE COMO FERRAMENTA PARA A MELHORIA NA QUALIDADE A ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL
Maria Solange Nogueira dos Santos, Carlos Felipe Fonteles Fonteneles, José Amilton Costa Silvério, Suzane Passos de Vasconcelos, karla Maria Carneiro Rolim, Mayara Mesquita Mororó Pinto, Fernanda Jorge Magalhães, Firmina Hermelinda Saldanha Albuquerque

Última alteração: 2018-01-24

Resumo


A Estratégia Saúde da Família (ESF) se configura como o modelo de orientação da Atenção Básica, mediante o processo de trabalho das equipes multiprofissionais. Estas precisam estar amplamente capacitadas para atuar com qualidade no processo de cuidado em saúde, desenvolvendo práticas gerenciais, assistenciais e democráticas. Nesse contexto, a Educação Permanente em Saúde (EPS) surge como uma política de formação e desenvolvimento para o Sistema Único de Saúde, respaldada pela Portaria Nº 198/GM, articulando necessidades e possibilidades de desenvolver a educação dos profissionais e a capacidade resolutiva dos serviços de saúde, assim como o desenvolvimento da educação popular com a ampliação da gestão social sobre as políticas públicas, foram desafios assumidos pelo governo federal. A Educação Permanente em Saúde (EPS) parte do aprendizado significativo, resultando na estruturação do conhecimento a partir da realidade do próprio espaço de trabalho. Articula aspectos que possibilitam reorientar as práticas dos profissionais de saúde, superando lacunas existentes no campo da formação, visando à melhoria do processo de trabalho em saúde. Trata-se de uma estratégia fundamental para a recomposição da formação, atenção, gestão, formulação de políticas e controle social no setor da saúde. Propõe-se que os processos de capacitação dos trabalhadores da saúde tomem como referência as necessidades de saúde das pessoas e das populações, da gestão setorial e do controle social em saúde, tenham como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho e sejam estruturados a partir da problematização do processo de trabalho. É essencial que atividades de EPS estejam enquadradas no cotidiano dos serviços de saúde, tendo como alicerce as metodologias ativas de ensino aprendizagem e estas atividades devem estar correlacionadas aos principais problemas vivenciados na comunidade. Dessa forma, torna-se indispensável à realização de momentos de educação permanente que abordem as tecnologias leves em saúde para subsidiar os profissionais na atenção às condições crônicas no âmbito da ESF. Objetivou-se relatar a experiência da realização de oficinas sobre o acompanhamento interdisciplinar de gestantes para o fortalecimento do pré-natal. Desenvolvimento: O presente estudo trata-se de um relato de experiência da realização de oficinas sobre o acompanhamento interdisciplinar de gestantes para o fortalecimento do pré-natal odontológico do Centro de Saúde da Família Dr. Everton Francisco Mendes localizado no Município de Sobral, Ceará. O público alvo incluiu todos os profissionais médicos, enfermeiros, dentistas, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) e Equipe Multiprofissional de Residência em Saúde da Família (RMSF), as oficinas foram realizadas no período de setembro a outubro do ano de 2017.          Os facilitadores foram os profissionais que compõem a RMSF, a metodologia utilizada nas oficinas foi o círculo de cultura de Paulo Freire. Essa metodologia proporciona um espaço de educação em que os participantes envolvem-se em um processo de ensino e aprendizagem com autonomia para a expressão verbal, interação entre os membros para a troca de experiências, reavaliação de suas ações e pontos de vista. Pretendendo-se uma abordagem problematizadora que possibilitou um trabalho sistematizado desencadeando uma reflexão individual e uma construção do conhecimento compartilhada e pautada na troca de experiências. Resultados: As oficinas com os profissionais foram executadas da seguinte forma: Primeira Oficina: “Colaboração Inter profissional” - foi realizada uma dinâmica de grupo utilizando um novelo de lã onde foi criada uma teia entre os profissionais, sendo feita uma comparação entre a teia com nossas relações interpessoais e profissionais. Após a dinâmica os profissionais foram divididos em grupos e receberam tarjetas que constavam diversas situações relacionadas ao processo decisório que envolvem o cuidado a gestante e, eles deveriam colocar as categorias profissionais que se adequavam a cada uma das situações, podendo assim discutir o fazer de cada profissional na atenção à saúde. Em um terceiro momento foram lançadas as seguintes perguntas norteadoras: O que você entende por Colaboração Interprofissional? Você já participou de interconsulta ou intervisita? Você já facilitou um grupo juntamente com algum outro profissional? As respostas serão fixadas em um painel e em seguida iniciou-se uma discussão com base nas respostas utilizando as seguintes perguntas norteadoras: Em sua opinião, quais as principais dificuldades para o trabalho interprofissional?  Como foi sua experiência de trabalho interprofissional? Se não trabalhou, por que acha que isso nunca aconteceu? Você considera que uma maior interação entre os profissionais na facilitação dos grupos seria algo importante? Assim pode-se observar a percepção dos profissionais acerca do relacionamento interpessoal com os demais membros da equipe e do trabalho com grupos no CSF.  Na segunda oficina: “Pré-Natal Odontológico” - foi realizado a dinâmica do bebê imaginário, fazendo uma relação com o cuidado prestado no pré-natal oferecido no CSF. Em um segundo momento foi construído um painel, o qual mostrava o número de acompanhamento de gestantes realizados por cada um dos profissionais da equipe mínima, durante o primeiro semestre de 2017. Assim os participantes puderam perceber o baixo número de gestantes em acompanhamento odontológico e iniciou-se uma reflexão acerca dos possíveis fatores e determinantes relacionados a esse problema. No terceiro momento foram distribuídos para cada profissional duas tarjetas onde eles deveriam colocar o motivo dessa adesão e no outro sugestões para mudar essa realidade. Isso possibilitou que os profissionais percebessem as mudanças que deveriam ocorrer nos seus processos de trabalho de forma que a gestantes recebessem um atendimento interdisciplinar de qualidade. Considerações finais: Ancorada nos fazeres da Educação Permanente, buscou-se desenvolver competências no trabalho interdisciplinar no cuidado a gestante. As oficinas se revelaram como momentos de reflexão que propiciaram os trabalhadores revisitar atitudes e comportamentos adotados no âmbito de sua prática. Todas as atividades desenvolvidas durante as práticas de educação permanente foram positivas e relevantes para o crescimento e desenvolvimento de habilidades dos participantes. Percebeu-se que a maioria dos envolvidos mostram-se receptivos ás rodas de educação, demostraram interesse na abordagem da temática. Buscou-se sensibilizar e despertar os profissionais da unidade, pois pela prática constante que exercem os mesmos podem vir a tornar-se automáticos no desenvolvimento de suas atividades e em suas vivências. Durante as atividades os participantes foram estimulados a trazerem contribuições, realizarem questionamentos, desta forma houveram trocas de experiências participação efetiva dos envolvidos. Desse modo, considera-se que a Educação Permanente é uma ferramenta potente para provocar transformações do trabalho em saúde, fortalecendo o trabalho dos profissionais, bem como a colaboração interprofissional, apontando a importância de se fomentarem saberes e práticas neste campo.


Palavras-chave


Educação Permanente; Saúde;Assistência ao Pré-Natal