Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
AÇÕES EDUCATIVAS NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE COMO FERRAMENTA NA FORMAÇÃO MÉDICA
Karollayny de Macêdo Oliveira, Marcio Felipe de Freitas, Marcus Léon de Jesus Gomes, Fabiana Manica Martins

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO: Segundo Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, o graduado em Medicina terá formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde integral do ser humano. Com os objetivos de promoção, prevenção e reabilitação, uma das propostas para a sua efetivação é a utilização da Educação em Saúde; então tornou-se necessário traçar estratégias de ensino que possibilitem ao aluno vivenciar a Atenção Básica à Saúde em seu contexto mais amplo: no contato direto com os usuários do sistema de saúde, com as Equipes de Saúde da Família (ESF) e nos ambientes onde esta prática se desenvolve. Na ESF, a educação em saúde trata-se de uma importante ferramenta para o usuário na construção de ações que estimulem a adoção de comportamentos favoráveis à sua qualidade de vida, sob um enfoque no qual a população e os profissionais estabeleçam uma relação mútua de compartilhamento de saberes. A extensão universitária é um elemento fundamental na transformação do processo ensino-aprendizagem, a partir de práticas cotidianas coadunadas com o ensino e a pesquisa e, especialmente, pelo fato de propiciar o confronto da teoria com o mundo real de necessidades e desejos, atuando diretamente como elo entre a Universidade e a comunidade na construção de caminhos para a promoção social. Portanto, este trabalho visa descrever e discutir a experiência de um grupo de acadêmicos de Medicina na Unidade Básica de Saúde (UBS) durante as aulas práticas da disciplina de Saúde Coletiva III (SCIII). DESENVOLVIMENTO: "Amamentar: ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer junto com você". Foi baseado na campanha agosto dourado que se realizou a ação educativa relacionada ao tema em questão. O trabalho foi realizado na UBS Ivone Lima, considerada um dos modelos de atenção básica à saúde em Manaus, localizada na zona leste, no bairro do coroado, rua Luís corrente, conhecida antigamente como policlínica Ivone Lima. A população do estudo constituiu-se de usuários da Unidade Básica supracitada, sendo considerados para critérios de inclusão aqueles usuários (gestantes/puérperas) que aceitaram participar da atividade e que aguardavam atendimento em consulta agendada. A dinâmica foi desenvolvida baseada em um semáforo ilustrativo, no qual caracteriza-se por mitos e verdades, onde os pacientes eram posicionados de frente para o semáforo, este representado por balões (verde, vermelho e amarelo). O sinal verde representa condutas que são permitidas ou devem ser adotadas pelas gestantes/puérperas; o sinal vermelho indica aspectos que devem ser evitados durante o aleitamento materno (AM); o sinal amarelo representa situações que merecem uma análise, cautela e cuidado. As pacientes recebiam fichas adesivas contendo frases e deveriam anexar na cor do semáforo cada situação correspondente ao que achavam, se permitido, se afirmação errônea ou se merecia uma maior atenção na afirmação recebida. Alguns dos enunciados usados para instigar as pacientes: “O leite de algumas mães é fraco. A maioria das mulheres não produz leite o suficiente. É normal sentir dor na amamentação. Uma mulher pode consumir café e chocolate durante a amamentação. É importante oferecer água ao bebê em dias de calor. Cerveja não interfere na produção do leite. É indicado passar óleos na mama. Passar o próprio leite ameniza rachaduras no bico do peito. Estresse e nervosismo atrapalham a produção de leite. Existe uma posição ideal para amamentar. Deve-se esvaziar uma mama para depois passar para outra mama. Amamentar sempre que o bebê chorar. Oferecer chá para o bebê pode amenizar cólicas ou outros sintomas. Indicado massagear a mama para estimular as glândulas mamárias, dentre outras frases”. Logo após, cada enunciado foi analisado de acordo com a posição indicada pela paciente; quando correto, algumas orientações foram acrescentadas ao conhecimento prévio; quando errado, a ficha foi retirada e anexada ao sinal correspondente explicando o porquê e esclarecendo possíveis dúvidas concernente àquela situação. A atividade foi encerrada demonstrando os passos da pega correta durante a amamentação e as posições mais utilizadas nesse momento, sendo executada também pelas pacientes com o auxílio de um boneco modelo.  RESULTADOS: Em relação ao questionamento inicial, destaca-se o percentual de usuários que desconhecem condutas fundamentais sobre o aleitamento materno. Isso pode decorrer da falta de experiência, da ausência de informações, de crenças associados à cultura materna que entram em conflito com as recomendações para o AM; entre eles, destacam-se o leite fraco, o pouco leite, administração precoce de chá e água e o uso de chupetas. É sabido que a crença de uma pessoa, sua visão de mundo ou sua espiritualidade podem repercutir sobre sua saúde. Principalmente no tocante à amamentação, os mitos ou tabus a ela relacionados podem trazer transtornos ou interferir na prática do aleitamento materno. Embora os mitos possam influenciar negativamente a prática da lactação, geralmente não são assuntos abordados pelos serviços de saúde; por isso, a importância de se incluir ações educativas com as mães na Atenção Básica, em conjunto também com a Estratégia Saúde da Família (ESF). As dúvidas que surgiram durante a dinâmica foram sanadas pelos acadêmicos com o auxílio daquelas mães mais experientes e esclarecidas. Dessa forma, as contribuições para o desenvolvimento do conhecimento necessário sobre o tema partiram de todos e atingiu também os acadêmicos que foram surpreendidos pelo envolvimento e desenvoltura das usuárias com a dinâmica. Em relação à pega correta e posições adequadas para amamentar, com o intuito de evitar rachaduras na mama ou traumas do bebê durante a amamentação, as mães foram participativas, demonstrando não conhecer os critérios necessários para observar se o bebê está adequadamente posicionado para iniciar a sucção do leite. Finalizando, foi questionado aos usuários se eles consideravam importante a Unidade Básica de Saúde funcionar como campo de estágio para os alunos da graduação, fato que gerou uma resposta bastante positiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Para que a mulher possa assumir com mais segurança o papel de mãe e nutriz, ela precisa se sentir adequadamente assistida nas suas dúvidas e dificuldades; cabe aos profissionais de saúde ou com o auxílio dos acadêmicos, esclarecê-la sobre condutas imprescindíveis, de modo a tornar a gestação e a amamentação um momento de prazer. A educação em saúde reforça o conceito de determinação social da saúde, com objetivo de impactar favoravelmente a qualidade de vida. Ações intersetoriais e intrassetoriais são imprescindíveis para ampliação da consciência sanitária, com direitos e deveres da cidadania, para mudança das condições de vida da população.

Palavras-chave


Atenção Básica à Saúde; Educação em Saúde; Aleitamento Materno