Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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VIVÊNCIA ACADÊMICA NA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Márcio Felipe de Freitas, Karollayny de Macêdo Oliveira, Bahiyyeh Ahmadpour, Fabiana Mânica Martins, Brena Silva dos Santos

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: Aproximar a universidade aos serviços de saúde foi uma das formas de alcançar mudanças no campo da saúde. Nesse sentido, os alunos de Medicina foram introduzidos nas unidades da rede, com o intuito de conhecerem a realidade e as práticas de saúde também coletivamente, isto é, com pessoas que, juntas, refletissem sobre, e vivenciassem experiências de trabalho em saúde. O contato precoce dos alunos de Medicina com a Atenção Básica à Saúde por períodos breves de alguns dias a várias semanas, no início do curso de Medicina, pode lançar as bases que permitem ao estudante de Medicina apreender o sentido de toda a formação médica, entendendo as pessoas no contexto dos seus problemas de saúde. Portanto, este trabalho trata da vivência de acadêmicos de medicina na Atenção Básica, proporcionada pelo trabalho integrado entre a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas e as Estratégias de Saúde da Família vinculadas a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Morro da Liberdade na disciplina de Saúde Coletiva III. DESENVOLVIMENTO: A experiência na Atenção Básica tornou tangível a metodologia da Clínica Ampliada e Compartilhada, possibilitando visualizar a participação dos pacientes em um atendimento humanizado e integrador, onde os aspectos individuais são considerados para estabelecer a estratégia mais adequada para cada tratamento. Nesse sentido, o trabalho conjunto da equipe de saúde da família englobou tanto os conhecimentos tradicionais da medicina, aplicados de forma humanizada, quanto a colaboração de Agentes Comunitárias de Saúde que tinham uma relação ainda mais estreita com os usuários e a comunidade. Essa colaboração na estratégia se mostrou imprescindível nos casos que envolveram idosos sem acompanhantes ou pacientes com problemas mentais, pois situações que os usuários não se sentiam à vontade para compartilhar no momento ou julgavam irrelevantes, muitas vezes, eram do conhecimento da comunidade, como uma demissão, uma traição ou outros fatores que se refletem na saúde do paciente e na dos seus familiares. Ainda convém lembrar o trabalho realizado em outros setores da Atenção Básica como a orientação prestada na recepção, o acolhimento e o preparo realizados por técnicos de enfermagem. A participação nesse conjunto de atividades permitiu identificar um perfil na comunidade que condiz com os dados epidemiológicos estudados, tais como incidência de diabetes mellitus, hipertensão arterial e tuberculose, nesta última o Amazonas aparece em primeiro lugar em casos por habitantes no Brasil. Outro ponto importante da experiência foi a promoção de saúde realizada com metodologias ativas, abordando assuntos relevantes para a comunidade e despertando o interesse e a participação dos usuários. Os assuntos tratados nessas ações de promoção de saúde somente foram selecionados e a metodologia desenvolvida após a identificação dos perfis mais recorrentes de usuários; essa análise foi feita em grupo, durante a primeira visita a UBS. Para tanto, realizou-se uma roda de conversa com os profissionais das equipes de saúde da família, professores da disciplina de Saúde Coletiva III e os alunos responsáveis por compartilhar os frutos da reunião com o restante da turma e juntos traçar um plano específico para orientar as ações naquela unidade durante o semestre. Nesse sentido, foram tratados assuntos como hábitos saudáveis de alimentação e atividade física; e, o que é, como prevenir e como tratar câncer de colo do útero e câncer de mama. Como abordagem para essas promoções, prevaleceram quiz de mitos e verdades e rodas de conversas. Eram formados grupos de cinco a dez pessoas e o diálogo se estabelecia através de perguntas e respostas em ambas as vias. Como os grupos eram pequenos, os usuários se sentiam à vontade para sanar dúvidas que poderiam estar retidas há muito tempo e não necessariamente teriam relação com o assunto abordado. Todos esses momentos foram bastante valorizados tanto pelos acadêmicos, quanto pelos usuários, pois foram momentos únicos, onde histórias de vida se revelaram aos poucos e possibilitaram entender a carência de informação daquela amostra da sociedade e as individualidades de cada pessoa.  RESULTADOS: A participação dos pacientes na discussão da estratégia a ser adotada permite ajustes que facilitam a execução do tratamento, aumentando o interesse e o ânimo dos pacientes e, por conseguinte, a adesão. Percepções como essas enriquecem a experiência dos acadêmicos de medicina em campos que só podem ser atingidos através de práticas reais, visto que não há como compreender as relações interpessoais, tanto entre os membros das equipes multiprofissionais, quanto entre os profissionais de saúde e os usuários, somente com literaturas e simulações. Percebe-se, portanto, o caráter indispensável desse tipo de vivência na formação acadêmica de profissionais de saúde, pois mostram a percepção dos usuários de que os estudantes utilizam o ambiente da Unidade não só como uma obrigatoriedade da grade curricular, mas como meio de praticar conhecimentos adquiridos na Universidade, de auxiliar no atendimento à saúde e também de agregar experiências e valores sociais à sua formação profissional. Dessa forma, espera-se que quanto mais cedo, respeitando o tempo de preparação teórica, os acadêmicos sejam inseridos em práticas como esta, mais familiarizados e preparados para assumirem o cuidado de pessoas eles estarão ao se formarem. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Embora haja protocolos para o tratamento das comorbidades ou situações apresentadas em consideração as individualidades de cada paciente, os tratamentos foram sempre estabelecidos com o trabalho conjunto entre os usuários e a equipe de saúde da família. Dessa forma, há um aumento na adesão e no sucesso do tratamento, refletido na melhora da qualidade de vida. No mais, tendo em vista a relevância desses campos de conhecimento para a formação médica, é fundamental ressaltar a importância das práticas para a fixação do conhecimento, ao mesmo tempo em que permitem aos acadêmicos contribuir desde já com a promoção de saúde na comunidade. Em face a essa realidade, espera-se que tal conduta possa refletir na melhora dos indicadores de saúde a médio e longo prazo, proporcionando uma atenuação no crescimento da incidência de doenças crônicas que tem acompanhado as mudanças do padrão etário no Brasil. Portanto, faz-se necessário compreender que o retorno da qualidade do trabalho investido neste estágio da formação será observado pelos futuros médicos tanto de forma direta, na competência profissional adquirida, como de forma indireta, ou seja, com modificações nas prospectivas epidemiológicas.


Palavras-chave


Atenção Básica à Saúde; Estratégia Saúde da Família; Prática em Medicina de Família