Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA PRÁTICA DA PRECEPTORIA NO SUS: UM OLHAR A PARTIR DAS METODOLOGIAS ATIVAS
NADJA SANTOS, Amanda Thaysa Oliveira Cruz, Auxiliadora Renê Melo Amaral, Diva Danielly Rêgo Vasconcelos, Mariana Linard Oliveira, Natália Lima Melo, Paula Andreatta Maduro

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Apresentação: A preceptoria compreende a identificação de vários atores envolvidos no cenário. O preceptor – pessoa que ensina e que está no cenário de prática; o aluno – que busca aprender no serviço a partir dos seus conhecimentos adquiridos na instituição formadora e da sua história de vida; os pacientes/usuários – que fazem parte deste contexto; e outros profissionais – que fazem parte deste cenário. Pode-se perguntar então: esta não é uma engrenagem muito complexa? Como se dá o processo de construção do cenário ensino-serviço-comunidade? Isso pode ser pensado na ótica dos diversos atores que fazem parte desta atuação. Outros questionamentos possíveis: somente os alunos estão na prática para aprender? Existe uma comunicação eficiente entre o ensino-serviço, por parte dos atores envolvidos nos cenários de ensino e de prática? Quais os benefícios da construção deste conhecimento na formação dos discentes e residentes? A qualificação dos preceptores, para este processo, pode ser uma das alternativas de sucesso na e para a formação em saúde. Nesse contexto, outras questões emergem: todos os atores conhecem suas habilidades e competências, além de ter uma identidade definida? Será que os preceptores, em conjunto com os demais atores, conseguem imprimir força suficiente nesta engrenagem para fazer o motor funcionar?  A construção e desconstrução da preceptoria são uma realidade na relação do ensino-serviço-comunidade e, quanto mais os atores sociais se aprofundarem e buscarem conhecimento e respostas para tal, melhor será a experiência de aprendizado. Uma formação baseada em processos crítico-reflexivos, conhecendo as potencialidades e fragilidades das realidades, é capaz de transformá-los e construir o conhecimento dos futuros profissionais, baseados na humanização, desenvolvendo uma visão integral do homem e a preocupação com a pessoa e não com a doença.  Este trabalho tem como objetivo identificar o processo de construção e desconstrução na formação profissional dos preceptores em saúde e a integração do ensino-serviço-comunidade, sob o olhar das metodologias ativas.  Desenvolvimento: A preocupação em trazer o educando para assumir o seu papel perante o aprendizado já nos é conhecida, porém é um caminho em vias de se fazer. É necessário não só mudar a percepção do educando, mas fazer com que o preceptor assuma outra postura e não ser somente o protagonista no momento do educar, mas sim contribuir para emancipação de quem se educa e, oportunizar sua autonomia através da postura facilitadora frente ao processo do aprender. Resultados: A preceptoria integrada neste processo pode provocar a construção de um olhar ampliado sobre as possibilidades de desconstrução de uma identidade profissional fechada. O processo ensino-aprendizagem oferece diferentes metodologias, para apropriação dessa construção. Como ferramenta destaca-se uma metodologia para uma prática de educação libertadora, na formação de um profissional ativo e apto a aprender a aprender.  O aprender a aprender na formação dos profissionais de saúde deve compreender o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o aprender a ser, garantindo a integralidade da atenção à saúde com qualidade, eficiência e resolutividade. A formação em saúde pressupõe a necessidade de uma maior integração ensino-serviço-comunidade, de forma a mudar os cenários de aprendizagem e superar as concepções tradicionais e bancárias de educação, de maneira a reconhecer as necessidades da comunidade, educar em saúde, promover a interdisciplinaridade e formar/qualificar profissionais para SUS. O perfil do profissional de saúde no exercício da preceptoria utiliza o mesmo como fio condutor da integralidade para a construção do conhecimento e está representado pela articulação de três áreas de competência que delimitam o escopo de trabalho da atuação profissional: Saúde: Atenção à saúde e preceptoria; Gestão: Gestão do trabalho e da educação na saúde; Educação: Formação profissional e produção de conhecimento na saúde. No exercício educativo o papel de educador tem fundamentalmente um caráter formador, ou seja, vai além do treinamento das habilidades técnicas e perpassa o conhecimento que o educando traz, afinal é preciso desconstruir o conhecido.  O preceptor deve, inclusive, compreender o seu papel como educando, afinal somos todos seres em processo de aprendizado e educação, não existem seres educados, apenas graus de educação, aos quais muitas das vezes ficam obsoletos. Em relação à aprendizagem significativa, identificam-se suas origens no movimento da educação progressista que destacou a necessidade de aproximação do ensino à prática cotidiana. Quando o processo de aprender é desencadeado por um problema do dia-a-dia, os participantes utilizam seus saberes prévios para identificarem a natureza dos problemas e para formularem perguntas que permitam buscar novos sentidos e significados para interpretarem os fenômenos encontrados. Esse significado é construído em função de sua motivação para aprender e do valor potencial que os novos saberes têm em relação a sua utilização na vida pessoal e profissional. Assim, o processo que favorece a aprendizagem significativa requer uma postura ativa e crítica, por parte daqueles envolvidos na aprendizagem. As Metodologias Ativas (Mas) constituem um processo de ensino, uma quebra de paradigma no processo de construção de conhecimento. O primeiro impacto é muito difícil, sair de um eixo de competição para colaboração. Agrega uma maior curiosidade, crítica e reflexiva. O contexto das MAs são os problemas aprendidos no contexto, por meio do autoconhecimento, para mudar a realidade. Desloca-se o centro de aprendizagem para a escuta, ocorrendo pouco a pouco. A partir da história de vida as práticas são ressignificadas e compreende-se o que o outro carrega. Como evoluir para tornar-se relevante e conseguir que todos aprendam de forma competente a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais? Os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos. O educador/preceptor precisa se despir do que pensamos e queremos, respeitando as individualidades, como facilitadores do processo, tendo como disparadores a ferramentas educacionais, para que preceptor e aluno busquem o empoderamento. A preceptoria precisa agregar o conhecimento específico e aprofundado além de uma didática e estratégia de efetividade. A função do preceptor é orientar o estudante nas atividades práticas e nos diferentes cenários de aprendizagem. O trabalho de preceptoria pressupõe que o profissional detenha o domínio de algumas habilidades e competências que podem ser agrupadas em quatro grandes blocos de saberes: saber-conhecer, saber-fazer, saber-ser e saber-conviver. Os desafios da ação pedagógica na preceptoria são grandes. Existe a visão de que um bom profissional deve ser sempre bom preceptor, sem, necessariamente, ter passado por um processo de capacitação na área da educação, em que se podem analisar métodos ativos, aprender a aprender, avaliar aprendizagem e outras questões de interesse. Considerações Finais: A reflexão crítico-reflexiva da construção e desconstrução dos preceptores que atuam na área da saúde perpassa pela apropriação de elementos que qualifiquem para uma inserção profissional densa, seja no campo teórico, quanto ético. Assim a prática pedagógica deve ser eloquente nos valores que ela carrega, sejam eles velados ou ocultos. A formação crítico-reflexiva requer dos atores sociais envolvidos no processo uma tomada de decisão clara em favor do resgate das possibilidades e potencialidades para construção de um núcleo de sentidos baseado na qualidade social de vida. Trazer a preceptoria como uma forma de estabelecer uma relação horizontal e de confiança de um lado a outro é necessário e vem como consequência de um encontro criado pelo diálogo.


Palavras-chave


Preceptoria;Formação profissional;Ensino