Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Internação em domicílio: avanços e desafios da desospitalização no Estado do Amazonas
Davi Araújo da Cunha, Marluce Sampaio Cavalcante, Leida Reny Borges Bressane, Iolete Ribeiro da Silva

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


Apresentação

A constatação das mudanças das sociedades, caracterizadas por uma transição demográfica e uma transição epidemiológica, sinalizam para uma necessária reformulação do modelo de atenção à saúde no Brasil ainda hoje centrado no hospital e no saber médico. O resultado da manutenção desse modelo hegemônico é a ineficiência e a ineficácia. O primeiro gerado pelo crescente alto custo da incorporação acrítica de tecnologias com contrapartida descrescente de resultados. O segundo, a ineficácia, diz respeito a incapacidade de enfrentar problemas de saúde gerados pela complexificada e desenfreada urbanização, tais como as doenças crônico-degenerativas, psicossomáticas, neoplasias, violências, entre outras. Assim, o saber do tipo fragmentado, biologicista e mecanicista percebido no modelo médico hegemônico liberal de atenção à saúde vigente necessita de atualização diante desse novo cenário

Consciente dessa realidade, a portaria no 825, de 25 de abril de 2016 do Ministério da Saúde do Brasil redefine a Atenção Domiciliar (AD) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) afirmando-a como modalidade de atenção à saúde integrada às Redes de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e tratamento de doenças, reabilitação e promoção à saúde, prestadas em domicílio, garantindo continuidade de cuidados.

Desenvolvimento do trabalho

Trata-se de relato de experiência de R.O.C. de 75 anos de idade, obeso, acamado há quase 15 anos, atendido pelo Programa Melhor em Casa, da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas, possui diagnóstico de paraplegia decorrente de um tumor benigno na coluna cervical, tabagista, DM tipo II, em uso de cistostomia, UPP grau II. Paciente, lúcido, acompanhado por uma equipe multidisciplinar. Recebe visita da atenção domiciliar (AD) multiprofissional semanal. Percebe-se, contudo, que a família possui dificuldades no desempenho dos cuidados e em seguir as orientações da equipe pois o paciente é geralmente pouco colaborativo, apresentando  recusa a  seguir um plano alimentar mais saudável, por exemplo.

Resultados e impactos encontrados

Em decorrência de quase 11 anos de acompanhamento em atenção domiciliar observa-se a melhora do quadro clínico de acordo com a politica de redução de danos onde tínhamos um paciente com úlcera de pressão grau 4, condições de higienização precária, em estado de quase abandono  e com a parceria com o ministério público houve melhoras significativas no cuidado. Destaca-se a inter-relação entre condições de saúde, condições sociais e condições relacionais que podem favorecer ou não a evolução do quadro clínico.

Considerações finais

A Atenção Domiciliar (AD) oferecida pelo Programa Melhor em Casa da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas – SUSAM está em fase de aprimoramento e ampliação. Essa modalidade estratégica de atenção à saúde ainda pode contribuir com um atendimento integral, aumentar a rotatividade de leitos hospitalares e ajudar no processo de humanização, envolvendo a família e a comunidade como co-participantes para o enfrentamento de agravos à saúde. Desafios de custeio do Programa, logístico, de recursos humanos e relacionais são, ainda, nós que precisam de melhor articulação para solucioná-los.

 


Palavras-chave


Atenção Domiciliar, Melhor em Casa, SUSAM