Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL DOS USUÁRIOS INSULINODEPENDENTES DO CENTRO DE SAÚDE DA FAMÍLIA BELVEDERE DO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ – SC
Vitória Almeida de Souza, Camila Todescatto Geremia, Camila Todescatto Geremia, Andreia Mascarello, Andreia Mascarello, Valéria Silvana Faganello Madureira, Valéria Silvana Faganello Madureira, Liane Colliselli, Liane Colliselli, Laídes Paul, Laídes Paul

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: Diferente de outros países, a tríade de doenças que predomina no território brasileiro corresponde à junção de doenças comuns em países subdesenvolvidos (doenças infecciosas e carenciais) com doenças características de países desenvolvidos (Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNT – e causas externas). Essa situação de saúde é consequência da transição demográfica e epidemiológica acelerada, já que o país passa por um crescente processo de envelhecimento populacional, bem como por alterações no padrão agudo das doenças por condições crônicas. As DCNT correspondem a 72% das causas de mortes no Brasil e englobam as doenças cardiovasculares, o câncer, as doenças respiratórias crônicas, doenças metabólicas (diabetes) e doenças neuropsiquiátricas. A diabetes mellitus é uma doença metabólica, caracterizada por níveis hiperglicêmicos consequentes às falhas na secreção ou na ação da insulina. Ela pode ser classificada em Diabetes Tipo I, originária da destruição das células beta pancreáticas e deficiência insulínica; Diabetes Tipo II, caracterizada pela resistência à ação insulínica, agregada a um defeito na sua secreção ou Diabetes Gestacional, quando a placenta começa a produzir grande número de hormônios que causam resistência à insulina. Após diagnosticada, o tratamento é iniciado com a monoterapia oral e, caso a resposta não seja efetiva, o usuário passará a usar uma combinação oral. Caso, mesmo assim, o resultado não seja satisfatório, o tratamento seguirá utilizando com uso de insulina. Vale ressaltar que todas estas etapas devem ser acompanhadas por uma dieta hipocalórica, hipoglicêmica e exercícios físicos, ou seja, por modificações nos hábitos de vida. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e tem como função transportar a glicose da corrente sanguínea para dentro das células, para que estas a utilizem como fonte de energia. Pacientes diabéticos sem sucesso com a terapia oral podem fazer uso de dois tipos distintos de insulina para equilibrar seus níveis sanguíneos de glicose: a insulina regular e a insulina NPH, as quais diferem no tempo de início e na duração da ação. Esses pacientes são denominados insulinodependentes e, por apresentarem características em comum, tornaram-se público-alvo deste estudo. Objetivo: Identificar o perfil dos usuários insulinodependentes que residem na área de abrangência do Centro de Saúde da Família do Bairro Belvedere no Município de Chapecó – SC. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo desenvolvido durante inserção de estudantes e docentes no cenário de práticas no decorrer do componente curricular ‘O cuidado no processo de viver humano I’ do sexto semestre do curso de Enfermagem. Durante as atividades teórico-práticas, e para norteá-las, foram analisados 16 prontuários eletrônicos de usuários insulinodependentes cadastrados naquele Centro de Saúde da Família no mês de novembro de 2017. Os dados coletados foram extraídos destes prontuários, bem como dos Processos de Enfermagem elaborados a partir das visitas domiciliares nas residências destes pacientes. Posteriormente, os dados obtidos foram organizados em planilha eletrônica disponibilizada pela ferramenta Excel. Os itens coletados foram: número do cadastro do SUS municipal, idade, sexo, peso em quilogramas, altura em metros, Índice de Massa Corporal (IMC – Kg/m2), circunferência abdominal (cm), pressão arterial (mmHg), HGT (mg/dl), complicações crônicas de saúde, medicamentos utilizados, comorbidades, prescrição da dose diária e consumo mensal de insulina (NPH e regular), data da última consulta com endocrinologista e oftalmologista, micro área de residência e questionamento sobre o uso ou não da insulina no mês de novembro de 2017. Resultados: Dos dados coletados observou-se que, dos 16 prontuários analisados, dois usuários já não faziam uso regular de insulina e uma usuária possuía diagnóstico de diabetes mellitus tipo I. Desta primeira análise restaram 13 prontuários de usuários com diagnóstico de diabetes mellitus tipo II, cujos dados foram coletados para o estudo. A análise indicou que 13 possuíam idade igual ou superior a 44 anos e que oito eram do sexo feminino. Em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), 07 usuários classificavam-se como sobrepeso, 05 como obesidade (graus I, II ou III), nenhum apresentou eutrofia e um usuário não apresentava, no prontuário, informações sobre esses dados. Considerando a circunferência abdominal, cinco encontravam-se fora dos padrões de normalidade, seis estavam dentro dos padrões e dois não apresentavam registro desses dados. Quanto à pressão arterial, 10 usuários apresentavam hipertensão arterial sistêmica, com a pressão arterial sistólica (PAS) variando de 140 a 180 mmHg e a pressão arterial diastólica (PAD) entre 90 e 110 mmHg. No HGT, 10 usuários apresentaram valores acima de 200 mg/dl, variando de 210 a 438 mg/dl, enquanto outros três variaram de 110 a 183 mg/dl. Dentre os usuários analisados, 10 apresentaram alguma complicação crônica associada ao diabetes. Dos medicamentos utilizados todos fazem uso de Glibenclamida e/ou Metformina em associação, na maioria dos casos, com um anti-hipertensivo. Quanto ao uso da insulina, um usuário utiliza insulina regular na quantidade de 27 UI diárias, enquanto os outros 12 aplicam a insulina NPH variando de 10 a 62 UI diárias. Destes, oito aplicavam até 30 UI e quatro, acima de 40 UI. Em relação às consultas com endocrinologista observou-se que 11 usuários foram encaminhados no ano de 2017, dois consultaram pela última vez em 2015. Quanto à consulta oftalmológica, três usuários foram encaminhados no ano de 2017, cinco datam do ano de 2015/2016, um usuário realizou consulta particular e quatro usuários não tinham essa informação registrada em seus prontuários eletrônicos. Conclusão: A partir da análise dos resultados observou-se que o perfil dos insulinodependentes do CSF Belvedere no Município de Chapecó-SC, é caracterizado por usuários com idades igual ou superior a 44 anos, com prevalência dos casos de diabetes mellitus tipo II e predominância do sexo feminino. O IMC da maioria dos usuários estava acima do adequado, assim como o HGT e a PA. Houve também predominância de complicações crônicas que advêm dos altos índices glicêmicos, o que enfatiza a importância de uma dieta apropriada, acompanhada pela prática de exercícios físicos e hábitos saudáveis de vida. No presente estudo observou-se a fragilidade no autocuidado, incluindo a autoaplicação da insulina evidenciado por hiperglicemia na realização do hemoglicoteste. Contudo, os usuários não referiam limitações físicas ou cognitivas que os impedisse de realizar a autoaplicação da insulina. A escolaridade foi o único fator apontado por eles para não aderirem a autoaplicação da insulina. Desse modo, os dados encontrados reforçam a necessidade de elaborar estratégias de educação em saúde que considerem as limitações de cada usuário como forma de estimular o autocuidado. Tais ações podem ser desenvolvidas durante a consulta de enfermagem feita em visita domiciliar.


Palavras-chave


Insulinodependetes;diabetes mellitus;DCNT