Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL SÓCIO – DEMOGRÁFICO DE CUIDADORES DOMICILIARES DE PESSOAS DEPENDENTES: ESTRATÉGIA PARA O CONHECIMENTO DE PRÁTICAS E ATITUDES
Kelle Caroline Filgueira da Silva, NADJA maria SANTOS, NADJA maria SANTOS, Emilly Vitória Macedo Lima, Emilly Vitória Macedo Lima, Hiandra Isabela Silva Nogueira, Hiandra Isabela Silva Nogueira, Maiana Silva Santana, Maiana Silva Santana, Raquel Oliveira Xavier, Raquel Oliveira Xavier, Luciana Pessoa Maciel Diniz, Luciana Pessoa Maciel Diniz, Priscylla Helena Alencar Falcão Sobral, Priscylla Helena Alencar Falcão Sobral

Última alteração: 2018-05-21

Resumo


Apresentação: O ato de cuidar é inerente às relações humanas, é a maneira pela qual o ser pode ter a preservação da sua integridade física e psíquica através de ações de autocuidado ou, quando essa vertente não mais está presente nas possibilidades individuais, por meio das ações de outras pessoas. Nesse universo do cuidado, pessoas, sejam profissionais ou não, emergem como promotores de ações que visam a implementação do cuidar centrado não em um modelo biológico, mecanicista e pautado nas respostas orgânicas, mas, em um modelo cujo cuidado converge para a valorização do outro enquanto um ser detentor de padrões e respostas relativos ao seu processo de adoecimento, no qual se almeja a implementação de ações de promoção para a recuperação e reinserção da pessoa no convívio social. Tão importante quanto cuidar e promover esse cuidado é a garantia da continuidade da implementação de tais ações. É no contexto domiciliar onde será implementado e continuado um determinado plano de cuidados para o restabelecimento físico e psíquico do ser dependente. Neste contexto o cuidador domiciliar, desponta como agente decisivo na recuperação e otimização da qualidade de vida de pessoas dependentes, tornando-se, assim, promotor da implementação e continuação de cuidados que serão decisivos para a saúde do indivíduo que necessita provisório ou permanentemente dos cuidados do outro. Neste contexto, conhecer o perfil sócio e demográfico do cuidador domiciliar, participante ativo de todo o processo do cuidado, poderá contribuir para a elucidação de suas práticas e atitudes, fato que pode melhorar ou promover a qualidade de vida da pessoa dependente. Nessa perspectiva, o estudo teve como objetivo conhecer as características, saberes, práticas e limitações dos cuidadores domiciliares residentes na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família na cidade de Petrolina – PE. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quanti – qualitativa. Os participantes do estudo foram 63 cuidadores domiciliares de pessoas dependentes (pacientes com restrições provisórias ou permanentes para desempenhar seu próprio cuidado), sendo esses remunerados ou não, os quais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE da pesquisa. Esses cuidadores foram identificados a partir da colaboração do Agente Comunitário de Saúde – ACS, da micro – área correspondente. A coleta ocorreu entre os meses de janeiro a julho de 2017, sendo utilizado como instrumento um questionário contendo quesitos objetivos os quais abordaram as variáveis sócio – culturais e demográficas dos cuidadores, tendo sido aplicado no ambiente em que o cuidador exerce suas funções o que facilitou a observação do seu trabalho por parte dos pesquisadores. Os dados foram digitalizados e categorizados em planilha do Excell versão 2007, e para a análise estatística utilizou-se o software GRETL v. 1.9.1 de 24 de junho de 2010. Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Pernambuco e obedeceu aos preceitos estabelecidos na Resolução Nº. 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde tendo sido aprovado com CAAE n° 58944316.6.0000.5207. Resultados: Os achados nesse estudo com um total de 63 cuidadores domiciliares revelaram que a condição de ser cuidador implica em sobrecarga de trabalho, geralmente associada a situações de conflitos familiares e à falta de informações necessárias ao desempenho do cuidado. Esta situação remete para a necessidade de atenção e suporte a essas pessoas, representando novos desafios para o sistema de saúde do Brasil, visto que os cuidadores domiciliares são os responsáveis pela continuidade do cuidado. A idade de todos os cuidadores variou entre 28 e 85 anos, com média de 56 anos, sendo que oito tinham mais que 75 anos. Quanto ao sexo, cinquenta e sete deles eram mulheres, tendo a presença de apenas seis cuidadores do sexo masculino.  A maioria dos cuidadores se declarou de raça branca (vinte e sete), vinte e cinco eram pardas, dez eram negros e uma se declarava índia. Quanto ao parentesco ou vínculos, dezesseis tinham vinculo conjugal com o paciente, trinta eram filhos, três eram irmãos, quatro eram sobrinhos, uma era mãe e uma era nora; seis dos cuidadores não possuíam nenhum parentesco com o indivíduo no qual prestava cuidados. Numa correlação entre parentesco e remuneração, pôde ser percebido que apenas seis cuidadores, que não possuíam nenhum vínculo com o paciente, eram remunerados e cinquenta e sete não. Com relação ao estado civil, trinta e um eram casados, vinte e três eram solteiros, oito eram viúvas e uma estava em uma relação estável. A maioria dos cuidadores (dezesseis) tinham o primeiro grau completo, quinze tinham o segundo grau incompleto, nove tinham o terceiro grau, oito o segundo grau completo, oito o primeiro grau incompleto, quatro só sabiam assinar o nome e três eram analfabetos.  Quanto ao tempo de trabalho como cuidador, esse variava entre 1 mês e 50 anos, a média era de 10 anos como cuidadores. Observou-se que a maioria dos cuidadores tem uma renda de dois salários (vinte e oito), vinte e três tem de mais de dois salários e doze tem apenas um salário. Em relação a trabalho extra ao de cuidador a maioria dos cuidadores não tem (cinquenta), apenas treze conseguem trabalhar e assumir outra função além da de cuidador.  Quanto o porquê de a pessoa ser o cuidador principal do paciente, trinta e um cuidadores afirmam que é por sua própria vontade, dezoito porque é sua obrigação e quatorze porque ninguém mais quis cuidar daquele indivíduo. Constatou-se que sessenta cuidadores gostam de cuidar daquele que emana a dependência e que três cuidadores não se sentem satisfeitos com os cuidados prestados. Considerações finais: Conhecer os cuidadores domiciliares é fundamental para garantia de uma assistência de qualidade ao paciente, pois são estes os responsáveis por colocar em pratica todo o plano assistencial elaborado pela equipe de saúde. Mediante a análise de conteúdo foi possível compreender a caracterização do perfil dos cuidadores domiciliares de pessoas dependentes, as características sócio – demográficas e suas compreensões sobre os cuidados desempenhados, permitindo a identificação de um grupo de pessoas que são primordiais na continuidade dos cuidados prestados e que se encontram em contato permanente com o paciente. A pesquisa também evidencia algumas dificuldades e particularidades de familiares de cuidadores, a caracterização de gênero, tendo a predominância de mulheres cuidadoras e o desejo de serem auxiliados na prestação dos cuidados exercidos por eles.


Palavras-chave


Cuidador domiciliar; Cuidado; Saúde.