Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA NA ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Thiago Gomes Oliveira, Azlin Mota Santos, Amanda Tavares Silva, Tamiris Moraes Siqueira, Eline Naiane Freitas, Thamy Conceição Lima, Nayara Costa Souza

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


INTRODUÇÃO: A observação das condições de saúde da criança em fase escolar é extremamente importante, pois possibilita a detecção precoce de sinais e sintomas que podem indicar determinadas doenças que mais acometem o público escolar. Em decorrência garante subsídios para a intervenção indicada que diminui problemas a saúde e ao rendimento escolar. Entretanto, vale ressaltar que apesar da escola ser um local onde diversas ações de educação em saúde podem ser realizadas, a mesma não é uma unidade especializada em saúde, e por isso torna-se de suma importância o apoio da Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em conjunto com as equipes que nelas trabalham, através do oferecimento de recursos/equipamentos essenciais para a promoção da saúde dos escolares, bem como a adesão ao Programa de Saúde na Escola. As relevâncias supracitadas somadas à ausência dessa atenção observada na prática, o grupo de discentes, sob orientação da preceptora, desenvolveu um plano de atividade em saúde intitulado Saúde é Coisa Séria, objetivando avaliar as condições e aspectos de saúde e doença de crianças em ambiente escolar para promover saúde através de consulta de enfermagem e atividades educativas; mediante a elaboração de um instrumento específico para o registro de informações e o fornecimento de informações aos responsáveis acerca dos achados durante a avaliação; visando a promoção de saúde às crianças e a obtenção de dados epidemiológicos como fonte de pesquisa acadêmica. O presente resumo trata-se de um relato da experiência vivenciada durante a atividade de avaliação das condições de saúde das crianças em ambiente escolar, desenvolvida na prática da disciplina Saúde Coletiva II, realizada no semestre 2016.1, do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Amazonas. OBJETIVO: Descrever a experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem da UFAM na disciplina Saúde Coletiva II. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Realizou-se um estudo transversal com escolares matriculados nos primeiros e segundos anos da Escola Municipal Lírio do Vale localizada no bairro Lírio do Vale, na região Oeste do município de Manaus. Sendo desenvolvido em 5 etapas: planejamento, para definição do tema, objetivos e delegação de funções para cada integrante da equipe de prática; seguido da elaboração da cartilha de saúde escola contendo informações como o nome, idade, sexo, aspectos do crescimento e desenvolvimento, exame físico com inspeção da pele, couro cabeludo, região ocular, oral, abdominal, além das questões vacinais; comunicado à escola de interesse, e aos responsáveis para o consentimento dos mesmos, incluindo a solicitação para o comparecimento da criança junto a sua caderneta da criança; execução; e avaliação. O seguimento de execução da atividade ocorreu durante quatro dias totalizando o atendimento de 62 crianças do ensino fundamental, sendo: 21 do 1º ano – turma A; 25 do 1º ano – turma B; 20 do 2º ano – A; e 26 do 2º - B. A prática foi realizada na sala de aula de cada turma, sendo dividida em quatro ambientes correspondentes a momentos distintos: Orientações de enfermagem; Acolhimento; Triagem; Exame Físico e Inspeção de Saúde. Nas orientações de enfermagem, uma das acadêmicas desenvolvia ações educativas relacionadas à saúde de forma lúdica, incluindo dinâmicas, vídeos, brincadeira, e explanação visual, ensinando as crianças sobre alimentação saudável, cuidados com a higiene pessoal, e frisando no cuidado com a saúde bucal. Esse momento auxiliou como forma de educação em saúde e entretenimento para manutenção da ordem. Durante o acolhimento fazia-se o reconhecimento da criança, preenchendo a cartilha com informações referentes ao nome, sexo e idade. E explicava-se sobre tudo que seria realizado com a criança numa linguagem acessível ao público alvo, a fim de deixá-la à vontade e tranquila para facilitar a comunicação que é fundamental durante a coleta de informações que possam refletir o estado de saúde do indivíduo. Em seguida a criança ia até a triagem verificar peso e altura para cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), e classificação de acordo com a faixa etária em: “abaixo do peso”, “normal”, “acima do peso” (indicando tratava-se de sobrepeso ou obesidade). O IMC e as observações quanto ao estado nutricional eram então anotados na cartilha. A criança era então direcionada ao local de exame físico e inspeção de saúde, onde todos os dados coletados foram anotados na cartilha juntamente com as orientações e recomendações aos pais para a tomada das devidas providências de acordo com a situação de saúde encontrada em cada criança. Tomou-se cuidado com a privacidade por um isolamento visual dos outros ambientes da sala. A avaliação da atividade foi efetuada mediante um TCL (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) assinado pelas docentes que acompanharam a aplicação da atividade em suas respectivas turmas. Elas responderam um questionário contendo questões sobre idade, tempo de atuação na docência, tempo de trabalho na Escola Municipal Lírio do Vale, e questões abertas para dissertação de suas percepções acerca da atividade desenvolvida. RESULTADOS: Dentre os achados do exame físico e inspeção em saúde destacaram-se: sérios problemas bucais na maioria das crianças, lêndeas nos cabelos, manchas brancas na pele, sujidades nas unhas, caspa no couro cabeludo, visão prejudicada, IMC tanto abaixo quanto acima do normal, dor abdominal, descamação e prurido na pele. Apontando a falta de cuidado com a saúde das crianças por parte de seus responsáveis. O corpo docente da escola, que acompanhou o trabalho, mostrou-se entusiasmado e satisfeito, pois nunca haviam presenciado uma atenção a saúde das crianças da forma que foi feita. Todas as professoras que participaram da etapa de avaliação apontaram pontos positivos relacionados a atividade e pontos negativos quanto a falta de interesse dos pais no cuidado com as crianças. A problemática encontrada reflete as condições de moradia e saneamento precárias na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde O – 12, que foi conhecida pela equipe de estudantes através da estratificação de risco das famílias cadastradas na Estratégia de Saúde da Família (ESF) daquela área. A possível falta de acompanhamento dos pais quanto a saúde das crianças pôde ser demonstrada pelo número reduzido de crianças com suas cadernetas da saúde em mãos. O que torna ainda mais urgente a participação ativa da UBS no PSE, assim como alerta por parte dos ACSs aos, durante as visitas domiciliares, para atentarem mais para a saúde de seus filhos. A vivência demonstrou o quanto os serviços de saúde ainda se encontram distantes da realidade da população, que apesar de inúmeros programas do governo federal criados para promover essa aproximação e consolidar a atenção básica como principal forma de promoção de saúde, a ida até o cliente demonstra a falha que leva a sobrecarga da média e alta complexidade. CONCLUSÃO: A avaliação das condições e aspectos de saúde e doença de crianças em ambiente escolar possibilitou a aproximação acadêmica da realidade encontrada quando cuidados básicos de saúde não são prestados, reforçando ainda mais as concepções de a Atenção Básica precisa desempenhar seu papel para evitar complicações de saúde da população. Espera-se que as orientações descritas na Cartilha de Saúde na Escola encaminhadas aos pais, os alertem quanto a importância do cuidado para com seus filhos e os instiguem a procurar assistência para tratar dos problemas de saúde já instalados em algumas crianças.

 

 


Palavras-chave


Saúde; Escola; Crianças