Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Aconselhamento Pós Testagem
Vitor Venancio

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Introdução: O trabalho proposto é dedicado ao desenvolvimento do aconselhamento pós teste de populações chaves no combate ao HIV. A proposta agrega condutas adicionais aos profissionais que fazem aconselhamento no seu dia a dia de forma a aperfeiçoar suas abordagens.

Descrição: O aconselhamento se baseia escuta ativa e centrado no usuário do SUS. É a relação de confiança mutua entre os interlocutores de forma a incentivar a reflexão sobre comportamentos, buscando sempre o aprimorar boas práticas de saúde no âmbito da prevenção/ tratamento. Apresento a minha experiência como enfermeiro atuando na prática do aconselhamento junto a homens que fazem sexo com homens, no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Brasília – DF.

Lições aprendidas: O contexto de vida de muitos participantes da pesquisa é marcado por episódios de violência e exclusão social. Os participantes sentem que o aconselhamento é o momento adequado para se abrir em relação a diversas questões de sua vida que vão além de ISTs e HIV.

O momento do aconselhamento ficará marcado na vida do indivíduo, ainda que não faça diferença do ponto de vista biológico. A aceitação da condição é um passo determinante para início do tratamento em casos de soropositivos. Quando ouvimos depoimento de pessoas soropositivas para HIV, é possível enxergar a referência ao aconselhamento, ou seja, temos essa prática como forma de prevenção.

Muitos dos aconselhadores se destacam por estarem falando com seus pares, em uma linguagem mais acessível do que os clássicos profissionais da saúde. Sem  oportunidade de estudo, estes líderes naturais possuem um olhar humanizado, sendo  ativistas que também devem agregar ao debate.

Ao acompanhar a prática clássica de profissionais em relação ao aconselhamento, pude notar a ansiedade de repassar informação sobre ISTs.  Muitas vezes nos esquecemos da escuta qualificada, de demonstrar empatia e interesse pelo outro. Essa postura, embora siga os passos esperados no aconselhamento, pode evidenciar a alienação do trabalho de profissionais da saúde. Nesse sentido temos a prevenção combinada como alternativa a uma visão reducionista que considera o uso de preservativo como única forma de prevenção. É preciso fomentar a reflexão acerca de outras opções preventivas, da testagem rápida e do uso de ferramentas como a PEP em situações de risco e fornecer outras oportunidades de informação usando as mídias digitais.

Conclusão/próximos passos: A humanização é um exercício continuo e constante e deve ser estimulado em cada troca interpessoal. O respeito ao aconselhado é exercido na compreensão do seu momento individual e ao encorajamento de expressões de dúvidas e emoções. É necessário lidar com a aceitação de uma nova condição de vida. Não é sempre que estabelecemos a relação terapêutica. Nessas situações é importante nos apropriarmos das mídias sociais e conhecermos ativistas digitais que falam sobre o tema no momento adequado diante da necessidade de cada um.


Palavras-chave


aconselhamento; HIV; CTA