Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-26
Resumo
Apresentação: O estudo trata da avaliação da função renal de diabéticos usuários de uma Unidade Básica de Saúde por meio da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) realizada durante a consulta de enfermagem. Uma das formas de avaliar a função renal em pacientes diabéticos é a partir do cálculo da Taxa de Filtração Glomerular, por ser simples e de baixo custo além de apresentar melhores índices de avaliação da função dos rins que outras medidas. A enfermagem por possuir compromisso com a qualidade de vida torna-se protagonista no cuidado com os usuários diabéticos, sendo que o enfermeiro pode, nas consultas de enfermagem, recrutar esses usuários para realizar uma abordagem holística e agir na identificação precoce de lesão renal, visto que, quanto mais cedo for rastreada a lesão, maiores as chances de se promover o retardamento da doença. Assim, o objetivo destes trabalho é avaliar a função renal dos usuários diabéticos a partir da Taxa de Filtração Glomerular e fatores associados à sua diminuição. Por meio desta pesquisa é possível que o enfermeiro identifique diabéticos com lesão renal e trace um perfil de saúde, permitindo assim estimar a saúde renal dos diabéticos no município de Parintins-Amazonas. Desenvolvimento do trabalho: Foi avaliada a função renal dos pacientes diabéticos a partir do cálculo da Taxa de Filtração Glomerular. Estudo exploratório, descritivo, de abordagem quantitativa. Os dados foram coletados durante as consultas de diabetologia com usuários, atendidos por profissionais enfermeiros e médicos, cadastrados na Unidade Básica de Saúde Mãe Palmira, sendo esta escolhida por ser uma das unidades com maior demanda de diabéticos na cidade de Parintins-Amazonas. Os 215 usuários diabéticos cadastrados foram acompanhados durante as consultas, dos quais foi selecionada a amostra do estudo composta por 32 participantes. Os dados foram coletados a partir de um instrumento onde foram consideradas as seguintes variáveis: sexo, idade, cor de pele, etilismo, tabagismo e atividade física. Ao prontuário utilizou-se os últimos dados registrados: peso e altura para cálculo do índice de massa corporal (IMC) calculado pela fórmula da razão entre o peso (quilogramas) e o quadrado da altura (metros), sendo classificado da seguinte forma: normopeso, sobrepeso, obesidade grau I, grau II e mórbida; 3 últimos valores da pressão arterial (média dos três valores acima de 140x90mmHg considerou-se pressão não controlada). Três últimos valores da glicemia (média dos três valores acima de 130 foram considerados glicemia não controlada). A TFG foi calculada por meio da fórmula de Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI)que considera a idade, sexo, cor da pele e creatinina sérica. Foram considerados para avaliação da função renal os estágios da Doença Renal (DR) estimada pela TFG em mL/min. No estágio 1 a TFG deve ser ≥ 90 (TFG normal); no estágio 2, a TFG deve estar entre 60 – 89 (TFG reduzida). O Estágio 3A apresenta TFG entre 45 – 59 (TFG moderadamente reduzida) e o 3B, entre 30 – 44 (TFG marcadamente reduzida). Da mesma forma, no Estágio 4, a TFG encontra-se entre 15 – 29 (gravemente reduzida) e no Estágio 5, menor que 15 mL/min/1,73m² (insuficiência renal). As variáveis relacionadas a diminuição da TFG foram variáveis sociodemográficas, clínicas, nutricionais e estilo de vida. Para análise estatística utilizou-se teste T Student e teste Qui-Quadrado. Resultados e/ou impactos: No presente estudo constatou-se que 50% dos usuários diabéticos apresentam algum grau de comprometimento renal e que necessitam de acompanhamento nas unidades básicas de saúde para estabelecer medidas de lentificação da progressão da doença. Predominou o sexo feminino, 84% dos participantes, e idade entre 50-55 anos. O consumo de bebidas alcóolicas predominou em 100% dos participantes da pesquisa. Quanto as variáveis clínicas e laboratoriais, 84% dos participantes são diabéticos do tipo II, 59% estão com a pressão arterial descontrolada. Quanto ao controle glicêmico, 62% estão com a glicemia descontrolada. Do total de 32 usuários, 50% estão classificados no Estágio 1; 43,8% estão no estágio 2; 3,1% estão no estágio 3A e 3,1% estão no estágio 3B. A média de idade foi de 59,5 (±10,8) e da creatinina sérica 0,79 (±0,18). A análise bruta e ajustada das variáveis associadas à diminuição da Taxa de Filtração Glomerular, pode-se observar que do total de usuários, 13 são mulheres e 2 são homens que apresentam a TFG diminuída (<90ml/min). Na comparação entre médias de idade os usuários com a média de 65 anos de idade apresentaram Taxa de Filtração Glomerular diminuída, a partir do teste verificou-se que a idade avançada é um fator relevante relacionado a diminuição da TFG. Quanto aos 62% dos participantes com valores da glicemia descontrolada, 09 deles possuem TFG diminuída. E as pessoas com pressão arterial descontrolada, esses valores encontrados não diferem estatisticamente, não tendo relação com a diminuição da TFG. Ao tipo de diabetes, os diabéticos do tipo II é o grupo que mais apresenta diminuição da Taxa de Filtração Glomerular. Quanto a creatinina sérica, a média para os usuários com TFG diminuída foi de 0,92 e dos com TFG normal foi de 0,67. Sendo assim, a Taxa de Filtração Glomerular apresentou-se desfavorável em idosos, tabagistas e usuários com creatinina elevada. Conclusão: No presente estudo constatou-se que 50% dos usuários diabéticos, apresentam algum grau de comprometimento renal e que necessitam de acompanhamento nas unidades básicas de saúde para estabelecer medidas de lentificação da progressão da doença. Torna-se necessário que o enfermeiro utilize a Taxa de Filtração Glomerular para a avaliação renal dos pacientes nas unidades básicas de saúde. Embora a TFG seja um método eficaz e que apresente melhores índices durante a avaliação da função renal em pacientes diabéticos, sua eficiência e eficácia dependerá da responsabilidade profissional, da gestão de qualidade e de cuidados e do desenvolvimento de aprendizagens pelo enfermeiro. Contudo, é necessário implantar campanhas educativas, mais efetivas, na tentativa de prevenir e retardar complicações renais, assim como reforçar as medidas protetivas para rastrear usuários diabéticos portadores de lesão renal. Sendo assim, o enfermeiro da atenção básica, como agente responsável pela qualidade de vida dos usuários, precisa estar atento para esse grupo de risco, realizando anualmente o cálculo da Taxa de Filtração Glomerular juntamente com o exame de creatinina, para avaliar a sua função renal e promover melhor qualidade de vida a esta população.