Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO A PARTIR DA INSERÇÃO DE RESIDENTES EM UM DISTRITO SANITÁRIO DE RECIFE-PE
Enildo José dos Santos Filho, Rafaella Miranda Machado

Última alteração: 2018-05-07

Resumo


APRESENTAÇÃO

Apesar de haver registros de experiências de Programas de Residência em Área Profissional da Saúde (PRAPS), excetuada a médica; desde as décadas de 1960 e 1970, foi apenas com promulgação da Lei Nº 11.129, de 30 de junho de 2005 que esses programas passaram a ser reconhecidos oficialmente pelo Ministério da Saúde (MS) e Ministério da Educação.

Os PRAPS compreendem uma modalidade de pós-graduação lato sensu, de dedicação exclusiva, entendida como um processo de formação que integra o ensino com os serviços de saúde; norteados pela Educação Permanente em Saúde (EPS), que busca inserir os atores envolvidos nas problemáticas e experiências dos serviços de saúde.

Neste trabalho nos limitaremos a descrever sobre o programa residência em saúde coletiva do Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, sede Pernambuco (IAM/Fiocruz-PE), uma vez que é a este programa que nós, os autores, estamos vinculados.

Em seu processo seletivo de ampla concorrência para a turma 2017-2019 aquele programa ofertou 18 vagas. Vencida esta etapa, as atividades iniciaram em março do corrente ano com a seguinte distribuição dos residentes, de acordo com os respectivos núcleos profissionais: Enfermagem (9), Fisioterapia (2), Nutrição (2), Biomedicina (2), Psicologia (1), Serviço Social (1), Saúde Coletiva (1).

Do total da carga horária de um programa de residência, um percentual deve ser destinado ao componente teórico enquanto que o restante às atividades práticas e teórico-práticas.

Assim, durante os meses de março e abril os residentes foram inseridos em atividades dentro da própria instituição: semana de recepção e integração, disciplinas, curso, debates, seminário. Todos esses momentos serviram para integração da turma, amadurecimento do grupo, a partir do contato por vezes inicial com conteúdos e práticas profissionais não vistas; e preparação teórica para as vivências nos cenários de prática.

Um diferencial do programa de residência em saúde coletiva do IAM/Fiocruz-PE é o fato de competir ao residente, caso ele se sinta seguro; a escolha do serviço que gostaria de vivenciar. Desta forma, a partir do mês de maio do corrente ano, os residentes foram inseridos no dia a dia da 12º Gerência Regional de Saúde (XII GERES) e dos serviços de saúde dos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Vitória de Santo Antão e Recife. Neste, o setor da saúde está organizado em 8 Distritos Sanitários (DS). Contudo, os residentes foram introduzidos na realidade de trabalho dos DS I, DS IV, DS V e DS VI.

OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo relatar, a partir da percepção dos autores, as fragilidades e potencialidades encontradas, a partir da sua inserção dos mesmos, como residentes no Distrito Sanitário VI.

 

DESENVOLVIMENTO

O DISTRITO SANITÁRIO VI

Localizado no bairro do IPSEP, zona sul da capital pernambucana, este distrito é referência para os serviços de saúde dos bairros de Boa Viagem, Imbiribeira, Pina, Brasília Teimosa e do próprio IPSEP.

Ao chegar, os residentes foram orientados a procurar o setor de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde para entrega da documentação necessária e realizar o primeiro contato com o serviço. Em seguida houve uma apresentação guiada pelas dependências do serviço, para ao final ser realizada uma reunião que iria direcionar os setores a serem vivenciados, por meio da pactuação de interesse de ambas as partes.

Os autores deste trabalho permaneceram no referido serviço ao longo de todo o primeiro ano da residência. Desta forma, tiveram a oportunidade de conhecerem o processo de trabalho das vigilâncias epidemiológica e sanitária, política de saúde da criança e do adolescente, Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF), regulação distrital, Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), conselho distrital de saúde e coordenação de área (CDA). O tempo destinado para cada setor variou de acordo com o interesse do residente, mas de um modo geral, foram entre 15 dias a 2 meses de vivência.

RESULTADOS

 

Uma das dificuldades enfrentadas ao longo de todo esse processo, talvez a principal, foi a de conciliar os dias de atividade práticas com as atividades teóricas (aulas, principalmente). Uma vez que as disciplinas são ministradas nos mesmos horários que os residentes deveriam estar nos serviços. Isto fez com quem houvesse não só uma fragilidade na construção de um processo de trabalho sólido no DS, como a própria criação de vínculos com a maior parte dos trabalhadores daquele cenário.

Associada a esta problemática, outra que surgiu referiu-se a não congruência dos assuntos discutidos em sala de aula com as discussões vivenciadas nos serviços. É compreensível que em certa medida isto seja até natural, mas ao passo que se torna regra e não exceção, esta divergência não reflete um déficit no processo de formação uma vez que os processos de Educação Permanente em Saúde buscam refletir sobre as práticas do cotidiano?

Apesar de Recife possuir um longo histórico de programas de residência, ainda nos deparamos no DS VI com muitos profissionais que não conhecem ou distorcem o papel dos residentes, muitas vezes ainda sendo vistos como estagiários e não como profissionais de saúde em processo de especialização. A compreensão deste papel é de fundamental importância para o desenvolvimento do trabalho do residente, por permitir o protagonismo deste e o desenvolvimento de estratégias frente às dificuldades enfrentadas na realidade dos cenários vivenciados.

Ainda que tenha ocorrido de maneira tímida, é importante destacarmos como positiva a interação entre os residentes dos distintos programas que tiveram o DS VI como cenário de suas práticas. Acreditamos que esta integração potencializa o impacto do trabalho do residente e fortalece os programas de residência por permitir a troca de experiências e o trabalho em equipe.

A vivência no DS VI permitiu também experimentar novas possibilidades e desafios, do papel do sanitarista; a partir da inserção em setores até então desconhecidos. E ainda que se tenha vivenciado setores previamente conhecidos, foi possível realizar uma comparação entre as vivências anteriores e a atual, suas diferenças e semelhanças.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Destacamos que as impressões aqui relatadas limitam-se ao que foi vivenciado durante o primeiro ano do programa, sendo importante refletir também sobre as trajetórias do segundo ano, o qual será vivenciado em outros cenários, para identificarmos novas impressões e podermos comparar com o que foi vivido até o momento.

A importância desta reflexão consiste no fato de permitir ao profissional residente além do conhecimento técnico proporcionado através da inserção na realidade dos serviços e construções em sala de aula, o fomento de uma visão crítica e reflexiva sobre seu exercício profissional como propõem-se as estratégias de formação adotadas pela EPS.

Palavras-chave


Sistema Único de Saúde; Integração Ensino-Serviço; Residência em Saúde