Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Integração ensino-serviço-comunidade em Palmas-TO como estratégia para fortalecer o saber-fazer na saúde - Desafio PET-Saúde/GraduaSUS
Milena Alves de Carvalho Costa, Cristina D’Ornellas Filipakis, Juliane Farinelli Panontin, Renata Junqueira Pereira, Juliana Maria Barbosa Bertho Oliveira, Leandro Guimarães Garcia, Micheline Pimentel Ribeiro Cavalcante

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: Em 2015, o Ministério da Saúde/Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde lançou edital para o PET-Saúde/GraduaSUS. Assim, o objetivo deste relato é descrever a construção e desenvolvimento do PET-Saúde/GraduaSUS no município de Palmas-TO. A interação ensino-serviço-comunidade é uma proposta transformadora quando pensada e executada como estratégia de modificação de práticas e reflexão sobre a formação de futuros profissionais da saúde. A inserção precoce de estudantes nos campos de prática pode contribuir para a compreensão do seu papel como transformador da realidade em que vive e, principalmente, como ator na ressignificação dos currículos da área da saúde, tanto na perspectiva metodológica quanto das habilidades e competências necessárias para melhor desempenho profissional. Nesse contexto, professores e profissionais dos serviços de saúde tornam-se essenciais na condução da aprendizagem de forma significativa. Essa vivência, vinculada ao processo ensino-aprendizagem, contribui para formação de profissionais mais autônomos e conscientes do seu papel na sociedade. Em Palmas-TO, a Fundação Escola de Saúde Pública – FESP desenvolveu algumas estratégias com o objetivo de ampliar a discussão da prática em saúde por gestores, professores, coordenadores de curso, gerentes de unidades e serviços e a FESP, influenciando o funcionamento de colegiados locais e promovendo o fortalecimento de comissões de residências. Desenvolvimento do trabalho: O projeto proposto pela FESP teve como grande desafio unir instituições de ensino superior - IES, públicas e privadas de Palmas, que têm nos serviços e unidades de saúde municipais os campos de prática para realização de estágios e pesquisas, em uma proposta viável para desenvolvimento do Programa na capital. O projeto é desenvolvido pela FESP em parceria com a Universidade Federal do Tocantins - UFT e o Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP/ULBRA. São 06 cursos de graduação: Enfermagem, Medicina e Nutrição pela UFT e Farmácia, Odontologia e Psicologia, pela ULBRA. Para desenvolvimento do Projeto foram criados 12 grupos, 06 tutoriais - GT, ou de curso, conforme propostos pelo edital, e outros 06, multiprofissionais, que chamamos de ampliados - GA, e que receberam nomes de etnias indígenas do Tocantins, seguindo a proposta de regionalização da saúde do município: Apinajé, Krahô, Xerente, Karajá, Kanela e Javaé. Com um total de 94 integrantes, o projeto possui 72 bolsistas e 22 voluntários. A fim de alcançar os objetivos do projeto: 1) qualificação dos processos de integração ensino-serviço- comunidade de forma articulada entre o SUS e as instituições de ensino, e 2) mudanças curriculares alinhadas às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação na área da saúde; foram desenvolvidas atividades tanto nos GA como nos GT. A coordenação Geral do programa ficou responsável pela proposição e desenvolvimento das atividades com os GA, e os coordenadores tutoriais responsáveis pelo andamento das atividades dos GT, sendo que as mesmas são propostas em conjunto entre os coordenadores. Utilizando metodologias ativas, foram trabalhados temas como território, trabalhos em equipe multiprofissional e interdisciplinar, com os GA. Todos os tutores e preceptores participam de momentos de Educação Permanente, em que podem compartilhar suas experiências e anseios, e juntos encontrarem alternativas para alcançar os objetivos propostos. Os GT focam suas atividades nos currículos e nas estratégias para compreender, debater e propor alterações nos planos de curso existentes. A proposta dos dois grupos tem como objetivo potencializar a troca de experiências e reconhecimento da prática profissional, e as discussões sobre os currículos com foco na formação de profissionais com a visão mais ampliada e capaz de desenvolver atividades de forma integrada. Resultados: as reuniões dos GAs e GTs têm ocorrido, em média, duas vezes ao mês podendo variar dependendo das demandas. Além disso, uma vez ao mês todos os integrantes participam do “Encontrão”; momento de troca de experiência com convidados externos que promovem o debate sobre temas específicos que envolvem a formação e atuação profissional. Cada GT desenvolveu um caminhar próprio, o que permitiu alcançar resultados específicos e que refletiam os anseios de cada curso. Todos os estudantes bolsistas se mantiveram, os coordenadores de curso também, com exceção do curso de enfermagem, no qual foi necessária troca. Quanto aos tutores, a mudança foi mais constante, com exceção dos cursos de nutrição, apenas um tutor em cada precisou ser substituído. O curso que menos tutores teve, desde o início e que mais efetivou trocas desses, foi o de Medicina. Isto refletiu diretamente no desenvolvimento das atividades, e adesão de discentes voluntários, já que esses têm papel fundamental como referências nas atividades de revisão de currículo, articulação com colegiado e Núcleo Docente Estruturante - NDE. Foram realizadas visitas aos campos de prática, para reconhecimento, desenvolvimento de ações junto a profissionais e comunidade e realização de levantamentos para futuras intervenções; participação de discentes nas reuniões dos NDE, alterações de ementas, criações de disciplinas já aprovadas em colegiados de curso e mudanças em estágios, com inserção de portfólio reflexivo, metodologias ativas e atividades prévias ao estágio. Além de ações programadas, outras ocorreram que enriqueceram nossa proposta: centros acadêmicos envolvidos com as discussões de formação, profissionais da rede inseridos no processo de ensino, elaboração de planos de trabalho conjuntos, para atividades em campo, e interesse de outros docentes em compreender e contribuir com a proposta. As discussões entre GA e GT têm sido mais ricas que pensávamos quando da proposta de criação dos mesmos. Todos os integrantes estão nos dois grupos, vivenciando experiências diferentes, e quando se reúnem por curso, as discussões são enriquecidas com as mais diversas visões do SUS. Considerações finais: Desde o início sabiamos que o PET-Saúde/GraduaSUS seria inovador e principalmente desafiador. Presenciamos crescimentos individuais, envolvimento e compreensão dos papéis institucionais no processo de debate sobre formação em saúde e principalmente na defesa do SUS. Os GTs propiciaram uma aproximação entre discentes, docentes e integrantes dos NDEs dos cursos. Porém, a discussão nestes grupos permaneceria estritamente acadêmica se não fosse a participação dos preceptores, servidores que atuam nos campos de prática que contribuiram com a construção do conhecimento, trazendo a realidade do SUS para dentro das universidades. De forma semelhante, o PET-Saúde/GraduaSUS proporcionou que discentes e docentes levassem a teoria atualizada para a prática profissional, através dos GAs e das atividades em campo, enriquecendo as discussões com as equipes do SUS. Como resultado dessas aproximações, temos um melhor atendimento aos usuários, que se beneficiam com a integração ensino-serviço, obtendo uma atenção mais qualificada através de profissionais e práticas ressignificadas. Desenvolver atividades a partir do desejo do outro, da realidade com foco na efetivação de mudanças de prática e principalmente, mudanças no pensar formação em e para saúde, é extremamente complexo e enriquecedor. Debater currículo, debater formação, debater a prática profissional tem sido contraditório, confuso, esclarecedor, provocador... saber conviver, respeitar e promover espaços de reflexão sobre o saber-ser, o saber-saber e o saber-fazer individual, do outro e do coletivo é um aprendizado para a vida, e discentes, professores e servidores têm relatado como essa experiência tem mudado a perspectiva que tinham do SUS, da formação e do papel do aluno, como agente transformador do seu processo formativo.

Palavras-chave


Pet-Saude; Interação ensino-serviço-comunidade; formaçãobem saúde