Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE COGNITIVA DE IDOSOS CADASTRADOS NOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA EM PARINTINS-AM
Flávia Maia Trindade, Fernanda Farias de Castro, Rafaela Pantoja Cavalcante, Dayse Azevedo Mendes, Alessandra Sâmila de Oliveira Cantuário, Hilare Da Silva Menezes, Layanne Tavares dos Santos, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Apresentação: O envelhecimento antes visto como uma situação familiar para os países ditos desenvolvidos, atualmente apresenta-se com maior intensidade nos países em desenvolvimento, acarretando uma série de repercussões que modificam o cenário econômico e social desses países. O envelhecimento traz consigo o declínio das capacidades físicas e cognitivas, que variam conforme o estilo de vida adotado por cada indivíduo. Estudos epidemiológicos de avaliação de déficit cognitivo entre a população idosa são de suma importância e podem servir de subsídios para a elaboração de políticas públicas de atenção à saúde para essa faixa etária. Entre os testes mais utilizados para o rastreio de déficits cognitivos em idosos está o Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Os pontos de corte desse instrumento sofrem variações de acordo com o nível de escolaridade e habilidades prévias dos idosos. Requer preservação parcial das capacidades sensório-motoras e de linguagem e o contato direto entre o entrevistado e o avaliador. Tendo em vista as problemáticas que envolvem o processo de envelhecimento populacional, surge a necessidade de avaliações sobre as alterações do envelhecimento e suas consequências na capacidade cognitiva. Com isso, o presente estudo teve por objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico e realizar o Rastreio a capacidade cognitiva por meio da Mini Exame do Estado Mental – MEEM dos idosos que frequentam os centros de convivência na cidade de Parintins – AM e assim contribuir para o planejamento de atividades junto aos grupos. Método: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de natureza quantitativa, envolvendo idosos da cidade de Parintins - AM. Parintins. A população participante da pesquisa foi composta por idosos de 60 anos e mais, participante dos grupos de convivência distribuída na cidade, coordenados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH). Participaram do estudo, 11 grupos, com um total de 1.286 idosos cadastrados e uma amostra composta de 296 participantes. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, com aprovação sob o Parecer 2.363.992. A coleta de dados foi realizada em duas fases: a que tratou de permissão para a realização da pesquisa e a aplicação dos instrumentos composto por dados sobre o perfil do idoso (gênero, idade, escolaridades estado civil, renda etc.), condições de saúde e hábitos de vida  e a aplicação do MEEM. O rastreio do estado mental é constituído de duas partes, uma que abrange orientação, memória e atenção, com pontuação máxima de 21 pontos, e outra que aborda habilidades específicas como nomear e compreender, com pontuação máxima de 9 pontos, totalizando um escore de 30 pontos. Os valores mais altos do escore indicam maior desempenho cognitivo. Devido a conhecida influência do nível de escolaridade sobre os escores totais do MEEM, autores como Bertolucci et al (1994), Caramelli e Nitrini (2000) Brucki et al (2003) adotam notas de corte diferentes para pessoas com distintos graus de instrução . Nesta pesquisa foi utilizado a nota de corte sugerida por Brucki et al, sendo: 20 pontos para analfabetos; 25 pontos para pessoas com escolaridade de 1 a 4 anos; 26,5 para 5 a 8 anos; 28 para aqueles com 9 a 11 anos, considerando a recomendação de utilização dos escores de cortes mais elevados. Quanto à análise dos dados, estes foram apresentados por meio de tabelas, onde se calculou as frequências absolutas simples e relativas para os dados categóricos. Na análise dos dados quantitativos foi calculada a média e o desvio-padrão para os dados que apresentavam distribuição normal por meio do teste de Shapiro-Wilk ao nível de 5% de significância, já nos casos onde a hipótese de normalidade foi rejeitada foram calculados a mediana e os quartis (Qi). Na estimativa dos resultados dos instrumentos ainda foram calculados os respectivos Intervalos de Confiança ao nível de 95% (IC95%). Na comparação das médias quando aceita a hipótese de normalidade foram aplicados os testes t-student e Análise de Variância (ANOVA), sendo que nos casos que apresentaram diferença para mais de duas médias foi aplicado o teste de Tukey. O software utilizado na análise foi o programa Minitab versão 17 e o nível de significância fixado na aplicação dos testes estatísticos foi de 5%. Resultados: Participaram da pesquisa 296 idosos, desse total a maioria, 179 (60,5%) era do sexo feminino. A respeito da faixa etária, a maior parte, 72 (24,3%) tem entre 70 e 75 anos. Quanto à situação conjugal, 176 (46%) eram casados, 89 (30%) viúvos. Com relação à escolaridade, a maioria sabe ler e escrever, 221 (74,7%), sendo que destes, 167 (56,4) cursou apenas o primário. Quanto à renda mensal, a grande maioria, 214 (72,3%) declarou receber entre 1 a 2 salários mínimos. Verificou-se que em relação ao tabagismo, a maioria 159 (53,7%) declararam que nunca fumaram, 124 (41,9%) são ex fumantes e 13 (4,4%) são fumantes ativos. Quanto ao uso de álcool, 172 (58,1%) nunca beberam, 96 (32,4%) pararam de beber e 28 (9,5%) afirmaram que ingerem bebidas alcoólicas. Quanto à prática de atividades físicas, 191 (64,5%) disseram que realizam; 89 (46,6%) fazem caminhada e 67 (35,1) fazem dança. Quanto a frequência da prática de atividade física, a maioria 108 (56,5%) realizam de 1 a 2 vezes por semana. Dos principais problemas de saúde enfrentados, a maioria relatou hipertensão arterial (50%) e osteoartrose (19,6%). De acordo com os pontos de corte utilizados no MEEM, escores abaixo de 20 pontos em idosos sem escolaridade são indicativos de declínio cognitivo; abaixo de 25 para quem tem escolaridade também é sugestivo de déficit cognitivo. Dos 167 idosos que cursaram até o primário 86 (51,5%) tiveram uma pontuação <25. Em relação aos 62 idosos que afirmaram não ter cursado nenhuma série, 19 (30,6%) obtiveram pontuação <20. Dos 44 que começaram ou concluíram o 1° grau, 16 (36,4%) fizeram pontuação <26,5. Dos 17 que declararam ter o 2° grau incompleto ou completo, 2 (11,8%) fizeram uma pontuação <28. E por fim dos 6 idosos que tem ensino superior, 2 (33,3%) tiveram uma pontuação <29. Somando assim um total de 125 idosos com comprometimento cognitivo. Houve associação significativa da média do instrumento de avaliação da capacidade cognitiva com as variáveis gênero (p 0,005*), idade (p<0,001**) e escolaridade (p 0,001**) tabagismo (p<0,001**) e a realização de atividades físicas (p 0,031*). Considerações finais: Os resultados desse estudo confirmaram que o MEEM é influenciado pelas variáveis idade, escolaridade, tabagismo e a prática de atividade física e que uma parcela significativa dos idosos parintinenses apresentam declínios cognitivos. Tais resultados indicam a necessidade de reforçar a importância do diagnóstico precoce do déficit cognitivo, o que permite o tratamento mais eficaz e possibilita desenvolver ações efetivas que promovam a melhoria na qualidade de vida dos idosos. Os dados obtidos nesta pesquisa serão disponibilizados para a Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH) para que sejam tomadas medidas cabíveis que venham contribuir para a promoção do cuidado com a saúde dos idosos cadastrados nos centros de convivência, que sejam implementadas atividades que trabalhem corpo e mente, possibilitando melhoras na qualidade de vida do público participante.


Palavras-chave


Idoso; Capacidade Cognitiva; Envelhecimento