Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ACESSO AVANÇADO, UMA NOVA ÓTICA PARA O ACOLHIMENTO EM SAÚDE - RELATO DE EXPERIÊNCIA NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DA COMUNIDADE DE APARECIDA.
Isabel Veras, Samyra Marcelino, Isabela Gomes, Lorena Dantas, Neuma Marinho de Queiroz Santos da Costa Cunha

Última alteração: 2018-03-14

Resumo


RESUMO

Diante da importância de se provocar mudanças frente a um cenário tradicional de acesso à saúde, o grupo tutorial da disciplina Atividade Interativa Interdisciplinar: Saúde e Cidadania II (SACI-II) propôs aos funcionários da Unidade de Saúde da Família (USF) de Aparecida o acesso avançado no atendimento aos seus usuários. Dessa forma, o trabalho apresenta um relato de experiência de estudantes de graduação de enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Serão abordados pontos pertinentes aos benefícios dessa nova visão e como ela foi construída e exposta na USF Aparecida. Ademais, considerar os efeitos positivos causados nos profissionais e discentes para transformar o processo de trabalho em prol da garantia dos diretos da população.

INTRODUÇÃO

O acesso avançado é uma visão desafiadora do sistema de saúde que visa à reformulação no atendimento prestado a usuários da rede de Atenção Básica. Tendo em vista que a USF é a porta de entrada aos serviços do SUS (Sistema Único de Saúde), a mesma deve estar qualificada em ofertar uma assistência de forma universal, integral, longitudinal e com equidade. Muitos desses princípios são prestados deficientemente no acesso tradicional nas Unidades Básicas de Saúde. Mas por que isso ocorre?

O acesso tradicional em prática gera, na maioria das vezes, o congelamento do usuário no agendamento, impedindo a continuidade do serviço e quebrando a visão de prevenção e promoção em saúde. Mas não precisamos ir tão longe para falar das deficiências desse sistema, podemos começar com a porta de entrada da unidade, invadida com longas filas, com a realidade de vendas de fichas e até de sobrecarga dos profissionais, gerando uma desumanização no atendimento aos pacientes.

Veremos mais a frente os benefícios de implantar um sistema com acesso avançado e observaremos que o anseio de fazer o trabalho de hoje, hoje, apesar de ser um desafio, pode ser uma realidade atual das unidades de saúde brasileiras.

Pretendemos através desse relato exaltar a importância da implantação do acesso avançado nas unidades de saúde, conscientizar estudantes e profissionais sobre essa nova visão no acolhimento de pacientes e principalmente trazer a reflexão de que lutar é preciso para mudar a realidade do acesso à saúde.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de experiência baseado na intervenção final da disciplina SACI-II, a qual visa à inserção do aluno em Grupo Tutorial Interdisciplinar e Multiprofissional abordando a dinâmica dos serviços de Atenção Básica à Saúde e, mais especificamente, a Estratégia de Saúde da Família e sua relação com a comunidade. Possui como um dos seus métodos avaliativos uma intervenção, que ocorre no final da disciplina. O objetivo dessa é incitar nos alunos o trabalho em equipe, educação em saúde, pensamento crítico. E, além disso, o SACI-II vem reforçando as nossas políticas públicas de saúde, proporcionando educação em saúde para os profissionais, consequentemente, melhorando a qualidade do atendimento e deixando o legado para a comunidade.

A partir disso o grupo tutorial da disciplina despertou nos alunos o tema acesso avançado, tendo em vista às necessidades do território. Ponderou-se que a intervenção se daria através de um dia de integração entre os alunos com o apoio dos doutorandos de Medicina, em conjunto com os profissionais da USF, na própria Unidade.

Para se dar essa integração, elaborou-se uma apresentação com as seguintes etapas: (1) apresentação do tema e descrição rápida do Acesso Avançado, gerando problematização da realidade vivida; (2) separação de cinco grupos de profissionais para debater sobre o tema, trazendo questões relativas às perspectivas dos processos de trabalho vivenciadas, e como o acesso avançado poderia solucioná-las; (3) relato da discussão do grupo, por um representante discente, do que foi discutido para que se tivesse uma melhor percepção da receptividade do tema e das dificuldades enfrentadas relativas ao acolhimento; (4) exposição mais aprofundada sobre a temática sanando dúvidas acerca da sua implantação e funcionamento.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Visto que o sistema de atendimento tradicional, como já citado, é deficitário, com atraso na disponibilidade da oferta, levando ao agravamento do adoecimento e a sobrecarga da Atenção Secundária e Atenção Terciária. Temos que a USF Aparecida necessitava de adesão a um novo método que preconizasse as reais demandas dos usuários, garantindo acesso facilitado e com continuidade no cuidado, mitigação de tempo de agendamento, diminuição das faltas das consultas médicas, diminuição do absenteísmo e aumento do número de atendimentos resolutivos. E são esses aspectos que constituem o acesso avançado.

Diante disso, foi aberta a discussão na intervenção tentando responder as seguintes perguntas:

  1. Como você define o acesso avançado?
  2. Como é o acesso em sua equipe e o que pode melhorar?
  3. Como o acesso avançado pode auxiliar na melhoria do acesso a sua equipe?

 

Essas perguntas serviram para nortear a discussão e para uma auto-reflexão de cada profissional e aluno presente, revelando que mudanças precisam e devem ser implementadas buscando a fortificação dessa Atenção Primária, a qual deve ter cerca de 80% de resolutividade.

Temos que muitos profissionais da rede, como agentes de saúde e técnicos de enfermagem, podem otimizar o tempo de atendimento, realizando a escuta qualificada e orientando os usuários. Vale salientar, que enfermeiros, odontólogos e médicos precisam se adequar a uma realidade humanizada e holística que compõem o acesso avançado. Sendo assim, a equipe de forma geral, deve ser ativa e engajada para buscar capacitações e consequentemente melhorar o processo de trabalho.

A apresentação ocorreu sem grandes empecilhos, de forma dinâmica, e com boa receptividade. Com algumas opiniões divergentes que insistiam em dizer que a população não iria entender a lógica da oferta, gerando demanda maior. Entretanto, a população deve ser participante da sua política de saúde e como tal tem direito a informação. Ademais, para que se consolide esse sistema, o planejamento é fundamental, pois só se faz possível com equilíbrio entra a demanda e a oferta, que existe na USF-Aparecida.

Como resultados esperados vislumbram-se reuniões futuras com foco na mudança de fluxo de atendimento – com a reorganização e melhor utilização do espaço da unidade, com um fluxo resolutivo de resposta a demandas e com um horário de atenção da equipe para a população – bem como na associação de todos os funcionários para uma real aplicabilidade da proposta, com compartilhamento de relatos entre as equipes e capacitações para desenvolver a escuta qualificada e o profundo entendimento do processo de trabalho da unidade. Nesse sentido, promove-se um ambiente de trabalho favorável, com uma equipe fortalecida para ter condições de dar mais “sim” do que “não” ao paciente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível concluir que o modelo de acesso avançado pode ser extremamente significativo para o território de adscrição da unidade, pois tende a proporcionar – se bem estruturado e executado – mais serviços de saúde para quem apresenta uma real necessidade.

Diante disso, a intervenção na USF de Aparecida tem seu objetivo cumprido ao conseguir sensibilizar os profissionais de forma transversal para a importância de constantemente buscar uma maior qualidade no acesso à saúde, como forma de reforçar os princípios da Atenção Primária à Saúde.

Além de profissionais sensibilizados e mais críticos quanto ao sistema atual de atendimento, essa experiência revelou aos discentes que eles podem ser agentes de mudanças e que podem atuar junto aos princípios do SUS, enriquecendo sua futura vida profissional.

 


Palavras-chave


Acesso avançado; USF Aparecida; relato de experiência.