Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O ACOLHIMENTO À FAMÍLIA DO USUÁRIO DA UTI: visão do familiar e equipe multiprofissional
Martha Nunes Freitas, Ellen Caroline Santos Navarro, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Antônia Regiane Pereira Duarte, Jefferson Guerreiro Da Costa, Márcia Jeane Do Rego Dias

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor hospitalar de monitoramento intensivo dos pacientes internados em estado grave nos hospitais. Consiste numa área especial onde ficam os pacientes com instabilidade clínica que necessitam de monitorização continua e cuidados da equipe multiprofissional. Por esta razão, os familiares apresentam sentimentos de desespero, angustia e medo de perder seu ente querido, e para lidar com todos esses sentimentos a equipe multiprofissional deste setor deve estar preparada para acolher esses familiares que necessitam de cuidados tanto quanto o paciente. As Políticas de Saúde, em especial a Política Nacional de Humanização (PNH), enfatizam a necessidade de que o cuidado oferecido ao usuário realmente vá além do cuidado técnico, dos procedimentos, e do conhecimento científico. Assim, um acolhimento realizado de maneira adequada ou mais próxima de suprir as necessidades humanas básicas dos familiares, auxiliaria na construção de um serviço de saúde hospitalar com qualidade e humanização. Diante disso, surgiu a necessidade de pesquisar o relato dos usuários e da equipe multiprofissional de um hospital quanto à percepção da importância do acolhimento dispensado aos familiares dos pacientes internados na UTI.  Neste trabalho propõe-se descrever a importância da prática do acolhimento à família do paciente internado na UTI, para garantir a implementação da humanização de qualidade realizado pela equipe multiprofissional da unidade de terapia intensiva. Assim, acredita-se que será possível produzir um conhecimento para ajudar em mudanças neste setor hospitalar partindo do ponto de vista de que o tema ainda é pouco explorado. Tem por objetivo conhecer qual a percepção dos familiares e equipe multiprofissional em relação ao acolhimento na unidade de terapia intensiva visando apontar o grau de satisfação dos familiares em relação ao atendimento recebido; demonstrar a partir dos relatos de familiares e colaboradores as metodologias de acolhimento utilizadas na UTI e apresentar as sugestões dos colaboradores e familiares para um acolhimento humanizado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com utilização da técnica de entrevista, realizada em um hospital público de Santarém, que é referência no atendimento de alta e média complexidade. Participaram do estudo profissionais de saúde que atuam na unidade e familiares de pacientes internados na UTI adulto do HRBA. O processo de amostragem foi por conveniência, sendo entrevistados cinco profissionais e cinco familiares, afim de abranger ao máximo o problema a ser investigado. Os critérios de inclusão foram: possuir idade superior a 18 anos; ser da equipe da UTI adulto do HRBA; ser familiar de paciente internado na UTI do referido hospital e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos sujeitos que não se enquadravam nos critérios da pesquisa. A coleta de dados foi feita por meio de entrevista individual com os profissionais de saúde e familiares de pacientes, através de um roteiro semiestruturado, com questões referentes a importância do acolhimento dispensado pela equipe multiprofissional à família dos pacientes internados na UTI adulto do HRBA. Os participantes da pesquisa foram abordados individualmente em um local específico do setor, os mesmos foram identificados pela letra “E” acompanhada de um número de ordem, preservando a identidade dos sujeitos. Entre os participantes do estudo constatou-se que 60% dos colaboradores pertenciam ao gênero masculino, com idade entre 26 e 39 anos. Em relação aos colaboradores do setor estudado, 03 entre os participantes possuíam nível superior (enfermeiro, médico e fisioterapeuta) e 02 tinham o ensino médio (técnicos de enfermagem). Em relação a carga horária varia muito de categoria, constatou que os enfermeiros trabalham em um regime de 12 horas trabalhadas por 36 horas de descanso, já os técnicos de enfermagem trabalham 6 horas/dia com direito a uma folga semanal, assim como os profissionais de fisioterapia, em contrapartida os profissionais médicos cumprem uma escala de plantão conforme pedidos pré-estabelecidos conforme sua disponibilidade. Em relação a satisfação no trabalho todos os profissionais mostraram-se satisfeitos. O estudo mostrou que o sexo feminino é o que mais se mostra disponível em realizar visita ao familiar internado (80%), entre os visitantes a faixa etária mais predominante foi entre 22 a 44 anos (80%). Em relação ao grau de parentesco constatou-se que os filhos e netos são os que mais buscam visitar seus entes (80%). Dentre os participantes da pesquisa, observa-se que 100% dos familiares entrevistados na pesquisa, referiram que o nível de estresse dos familiares é baixo. Quanto aos colaboradores do setor avaliado 60% relataram ter um nível de estresse baixo. Em relação ao nível de estresse médio e alto verificou-se um percentual de 40%. Entre relatos obtidos emergiram quatro categorias temáticas como: O acolhimento na visão dos familiares e equipe multiprofissional, Percepção da equipe multiprofissional e dos familiares referente a importância do acolhimento humanizado, Comunicação entre equipe multiprofissional e família e a Percepção da família e equipe multiprofissional em relação aos resultados do acolhimento prestado pela equipe e suas sugestões atribuídas para melhorar o acolhimento dispensado na UTI. Para a categoria “O acolhimento na visão dos familiares e equipe multiprofissional” os entrevistados foram questionados sobre como é visto o processo do acolhimento, sobre essa temática, avaliou-se que tanto os profissionais quanto os familiares têm bom entendimento sobre o que é acolhimento. Quanto a categoria “Percepção da equipe multiprofissional e dos familiares referente a importância do acolhimento humanizado”, todos os participantes da pesquisa consideram que o acolhimento humanizado na UTI é de fundamental importância para a recepção dos usuários. Na categoria “Comunicação entre equipe multiprofissional e família”, foi possível analisar nessa temática que os familiares estão satisfeitos com relação ao acolhimento prestado pela equipe durante o horário de visita, observa-se algumas estratégias de acolhimento adotadas pela equipe na recepção dos familiares no horário de visita como a apresentação dos colaboradores aos familiares, orientações da rotina da UTI destacando o tempo de visita e o preparo do familiar para adentrar no setor. Na categoria “Percepção da família e equipe multiprofissional em relação aos resultados do acolhimento prestado pela equipe e suas sugestões atribuídas para melhorar o acolhimento dispensado na UTI”, evidenciou-se que os entrevistados estão satisfeitos com o processo de acolhimento na unidade. Os familiares demonstraram-se satisfeitos com o processo de acolhimento na hora da visita e como melhoria, eles colocaram como sugestão um horário de visita mais flexível, além de permitir a entrada de pelo menos mais um familiar, assim, como maior tempo de contato com seu ente querido. O estudo sobre o acolhimento à família do usuário da UTI: visão do familiar e equipe multiprofissional, possibilitou alcançar os objetivos propostos e permitiu ainda confirmar as hipóteses levantadas. Com base nos resultados obtidos, observa-se que todos os entrevistados mostravam-se satisfeitos com o acolhimento recebido e ofertado, porém não os furtou de apresentarem sugestões para melhorias no setor de Unidade de Terapia Intensiva. Diante dos fatos conclui-se que tanto os colaboradores, quanto usuários mostram-se empenhados em minimizar o estresse/sofrimento dos futuros ocupantes do setor em estudo, uma vez que estes mesmos vivenciando tal experiência preocuparam-se em contribuir para um melhor direcionamento â uma assistência mais humanizada.


Palavras-chave


Unidade de Terapia Intensiva; Humanização da Assistência; Equidade