Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Relato de caso de Pneumocistose em um Hospital Público no Oeste do Pará
Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Ellen Caroline Santos Navarro, Martha Nunes Freitas, Antônia Regiane Pereira Duarte, Ana Carina Diniz Calderaro, Sthefane Gomes Maderia

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


A pneumocistose é uma infecção oportunista causada pelo Pneumocystis jiroveci. Frequente em pacientes imunodeprimidos acomete, principalmente, aqueles com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). O Pneumocystis jiroveci raramente produz doença em indivíduos imunocompetentes, mas causa pneumonia grave em indivíduos com uma variedade de condições clínicas debilitantes. Até a ocorrência da epidemia da AIDS, a doença humana provocada pelos fungos era limitada a lactentes subnutridos e pacientes imunossuprimidos por corticoterapia, terapia antineoplásica e receptores de transplantes. Foi recentemente reclassificado por análise genômica como um fungo. É uma infecção oportunística em imunocomprometidos, sobretudo naqueles com AIDS, ocorrendo freqüentemente em pacientes com contagem de linfócitos CD4+ inferior a 200 células/mm. Diversos autores apontam doenças fungicas como importante causa de morbidade no paciente com aids, a pneumocistose contribui com o óbito em 8 % dos casos necropsiados, os casos de pneumocistose estão em declínio nos países desenvolvidos após a introdução dos anti-retrovirais, haja vista que há uma relação estreita entre essa doença e os níveis de CD4. O desrespeito dos avanços a pneumocistose permanece como um dos patógenos que mais acometem pacientes que não estão respondendo a anti-retrovirais ou que não estão respondendo ao esquema e entre pessoas que desconhecem seu status sorológico para o vírus da imunodeficiência humana. Os mecanismos de transmissão e o habitat natural do P. jirovecii ainda não estão esclarecidos. Evidências atuais indicam a transmissão inter-humana como o principal mecanismo de disseminação do microrganismo, que ocorre ainda na infância, período em que o indivíduo torna-se portador assintomático, a maioria dos casos de pneumocistose não é resultado de infecção adquirida precocemente e sim de uma fonte relativamente comum, a transmissão por via inalatória. Os achados comuns da forma de apresentação pulmonar da pneumocistose são: dispnéia, tosse e febre por dias a semanas, perda de peso e apetite. Diante desta questão é de suma importância abordar temas que envolvam a Pneumocistose para servir de fonte para novas pesquisas e análises sobre os vários aspectos que possam colocar em evidência tal patologia, possibilitando torna-la mais conhecida pelos profissionais de saúde. Esse trabalho tem como objetivo relatar um estudo de caso ocorrido no setor de reanimação de um Hospital Público no Oeste do Pará, abordando a patologia, pneumocistose. Utilizou-se o método clínico-qualitativo que apresenta de antemão a vivência do campo de estudo e de possíveis hipóteses que possam ser aplicadas no desenvolvimento da pesquisa, preservando assim, a natureza teórica e prática como pontos simultâneos de partida. Os dados da pesquisa foram coletados através de análise de prontuário e acompanhamento do caso clínico no setor de reanimação do referido hospital. Trata-se de um paciente de 37 anos, adulto, soro positivo, proveniente de Oriximiná-Pará, nega tabagismo, etilismo, alergia medicamentosa e doenças crônicas degenerativas. Deu entrada no setor de reanimação de um Hospital Público no Oeste do Pará no dia 14.05.2017 apresentando quadro clínico de fraqueza, perda de apetite, mal-estar intenso e dispneia. No segundo dia de internação no setor apresentava-se taquicardíaco, eupnéico, afebril e acianótico. Ao exame físico: pupilas isocóricas e fotorreagentes, presença de sonda nasogástrica em narina esquerda, TOT nº 8, em ventilação mecânica invasiva em modo VCV, recebendo volume: 0.46, FR: 20, Fio2: 100, I:E= 1:2. Tórax com expansibilidade reduzida, ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares positivos com presença de roncos e sibilos discretos em ápice esquerdo. Abdome plano, timpânico, indolor a palpação, sem presença de víceromegalias. Mantendo sonda de demora com débito urinário, 250 ml de coloração amarelo turvo. Acesso periférico em membro superior direito recebendo soroterapia 5ml/h. Membros superiores e inferiores sem alterações visíveis. Escala de Glasgow 5 (RO 1+ RV 1+ RM 3). Fazendo uso de medicações antirretrovirais. Sinais vitais: PA: 120x80 mnHg, TAX: 37°C, FC: 120 bpm, FR: 20 rpm. Foram realizados para diagnósticos do paciente em questão exames direto do escarro e laboratoriais. No leucograma os leucócitos tiveram como resultado 3.200/ mm³, sendo considerado valores normais para adultos de 4.5 a 10.0 x 10³ / mm³. O paciente do presente estudo é imunodeprimido, por isso, a baixa das células de defesas. A gasometria arterial e o DHL aumentado ajudam bastante no diagnóstico e desfecho do caso clínico da doença. Estava fazendo uso das seguintes medicações para tratamento da patologia: fluconazol 400 mg (medicação anti fungica), plasil 2ml de 8 em 8 h (para náuseas e vômitos), dipirona de 6 em 6 h (caso quadro de hipertermia), midazolan 20 ml (medicação para sedação) e fentanil 30 ml (para controle da dor). Apresentava os diagnósticos de enfermagem de troca de gases prejudicado, ventilação espontânea prejudicada, risco de infecção, risco de lesão por pressão e risco de broncoaspiração, sendo prescrito os devidos cuidados de enfermagem a equipe multiprofissional. Para conclusão do presente estudo de caso paciente obteve alta do setor de reanimação do referido hospital, porém, precisava ainda de cuidados tanto para a patologia em questão quanto para o restabelecimento dos linfócitos CD4+ para controle do quadro da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), sendo encaminhado para outro setor do hospital. Embora os resultados de estudos em animais e humanos favoreçam transmissão pelo ar, não é recomendado atualmente o isolamento para pacientes com pneumocistose. A Pneumocystis jiroveci é freqüentemente a primeira infecção oportunística diagnosticada nos indivíduos positivos ao HIV e constitui uma das principais causas de morte nesta doença. O prognostico vai depender da terapêutica precoce. Os fatores relacionados ao pior diagnostico são: PaO2 ≤ 70 mmHg, DHL sérico elevado, CD4 ≤ 50 cédulas/mm3, início tardio do tratamento ou da profilaxia, infiltrado intersticial intenso aos raios X, fibrose intersticial ou edema a biópsia e estado nutricional ruim. Quando não se faz o tratamento à patologia é fatal em 3 a 4 semanas em quase todos os imunodepressores. A taxa de mortalidade relacionada à resposta inflamatória é para pacientes HIV positivo 5 á 10 %, outras doenças de 20 á 25 % e ventilação mecânica de 60 á 90 %.  Com isto conclui-se que o acompanhamento do paciente Imunodeprimido é de vital importância para evitar complicações, tais como a Pneumocistose, e caso o paciente adquira esta infecção o tratamento precoce é a solução para evitar o óbito e futuras complicações devido queda dos Linfócitos CD4+.


Palavras-chave


Pneumocystis jiroveci;Pneumocistose;Síndrome da Imunodeficiência Adquirida