Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-26
Resumo
A pneumocistose é uma infecção oportunista causada pelo Pneumocystis jiroveci. Frequente em pacientes imunodeprimidos acomete, principalmente, aqueles com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). O Pneumocystis jiroveci raramente produz doença em indivíduos imunocompetentes, mas causa pneumonia grave em indivíduos com uma variedade de condições clínicas debilitantes. Até a ocorrência da epidemia da AIDS, a doença humana provocada pelos fungos era limitada a lactentes subnutridos e pacientes imunossuprimidos por corticoterapia, terapia antineoplásica e receptores de transplantes. Foi recentemente reclassificado por análise genômica como um fungo. É uma infecção oportunística em imunocomprometidos, sobretudo naqueles com AIDS, ocorrendo freqüentemente em pacientes com contagem de linfócitos CD4+ inferior a 200 células/mm. Diversos autores apontam doenças fungicas como importante causa de morbidade no paciente com aids, a pneumocistose contribui com o óbito em 8 % dos casos necropsiados, os casos de pneumocistose estão em declínio nos países desenvolvidos após a introdução dos anti-retrovirais, haja vista que há uma relação estreita entre essa doença e os níveis de CD4. O desrespeito dos avanços a pneumocistose permanece como um dos patógenos que mais acometem pacientes que não estão respondendo a anti-retrovirais ou que não estão respondendo ao esquema e entre pessoas que desconhecem seu status sorológico para o vírus da imunodeficiência humana. Os mecanismos de transmissão e o habitat natural do P. jirovecii ainda não estão esclarecidos. Evidências atuais indicam a transmissão inter-humana como o principal mecanismo de disseminação do microrganismo, que ocorre ainda na infância, período em que o indivíduo torna-se portador assintomático, a maioria dos casos de pneumocistose não é resultado de infecção adquirida precocemente e sim de uma fonte relativamente comum, a transmissão por via inalatória. Os achados comuns da forma de apresentação pulmonar da pneumocistose são: dispnéia, tosse e febre por dias a semanas, perda de peso e apetite. Diante desta questão é de suma importância abordar temas que envolvam a Pneumocistose para servir de fonte para novas pesquisas e análises sobre os vários aspectos que possam colocar em evidência tal patologia, possibilitando torna-la mais conhecida pelos profissionais de saúde. Esse trabalho tem como objetivo relatar um estudo de caso ocorrido no setor de reanimação de um Hospital Público no Oeste do Pará, abordando a patologia, pneumocistose. Utilizou-se o método clínico-qualitativo que apresenta de antemão a vivência do campo de estudo e de possíveis hipóteses que possam ser aplicadas no desenvolvimento da pesquisa, preservando assim, a natureza teórica e prática como pontos simultâneos de partida. Os dados da pesquisa foram coletados através de análise de prontuário e acompanhamento do caso clínico no setor de reanimação do referido hospital. Trata-se de um paciente de 37 anos, adulto, soro positivo, proveniente de Oriximiná-Pará, nega tabagismo, etilismo, alergia medicamentosa e doenças crônicas degenerativas. Deu entrada no setor de reanimação de um Hospital Público no Oeste do Pará no dia 14.05.2017 apresentando quadro clínico de fraqueza, perda de apetite, mal-estar intenso e dispneia. No segundo dia de internação no setor apresentava-se taquicardíaco, eupnéico, afebril e acianótico. Ao exame físico: pupilas isocóricas e fotorreagentes, presença de sonda nasogástrica em narina esquerda, TOT nº 8, em ventilação mecânica invasiva em modo VCV, recebendo volume: 0.46, FR: 20, Fio2: 100, I:E= 1:2. Tórax com expansibilidade reduzida, ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares positivos com presença de roncos e sibilos discretos em ápice esquerdo. Abdome plano, timpânico, indolor a palpação, sem presença de víceromegalias. Mantendo sonda de demora com débito urinário, 250 ml de coloração amarelo turvo. Acesso periférico em membro superior direito recebendo soroterapia 5ml/h. Membros superiores e inferiores sem alterações visíveis. Escala de Glasgow 5 (RO 1+ RV 1+ RM 3). Fazendo uso de medicações antirretrovirais. Sinais vitais: PA: 120x80 mnHg, TAX: 37°C, FC: 120 bpm, FR: 20 rpm. Foram realizados para diagnósticos do paciente em questão exames direto do escarro e laboratoriais. No leucograma os leucócitos tiveram como resultado 3.200/ mm³, sendo considerado valores normais para adultos de 4.5 a 10.0 x 10³ / mm³. O paciente do presente estudo é imunodeprimido, por isso, a baixa das células de defesas. A gasometria arterial e o DHL aumentado ajudam bastante no diagnóstico e desfecho do caso clínico da doença. Estava fazendo uso das seguintes medicações para tratamento da patologia: fluconazol 400 mg (medicação anti fungica), plasil 2ml de 8 em 8 h (para náuseas e vômitos), dipirona de 6 em 6 h (caso quadro de hipertermia), midazolan 20 ml (medicação para sedação) e fentanil 30 ml (para controle da dor). Apresentava os diagnósticos de enfermagem de troca de gases prejudicado, ventilação espontânea prejudicada, risco de infecção, risco de lesão por pressão e risco de broncoaspiração, sendo prescrito os devidos cuidados de enfermagem a equipe multiprofissional. Para conclusão do presente estudo de caso paciente obteve alta do setor de reanimação do referido hospital, porém, precisava ainda de cuidados tanto para a patologia em questão quanto para o restabelecimento dos linfócitos CD4+ para controle do quadro da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), sendo encaminhado para outro setor do hospital. Embora os resultados de estudos em animais e humanos favoreçam transmissão pelo ar, não é recomendado atualmente o isolamento para pacientes com pneumocistose. A Pneumocystis jiroveci é freqüentemente a primeira infecção oportunística diagnosticada nos indivíduos positivos ao HIV e constitui uma das principais causas de morte nesta doença. O prognostico vai depender da terapêutica precoce. Os fatores relacionados ao pior diagnostico são: PaO2 ≤ 70 mmHg, DHL sérico elevado, CD4 ≤ 50 cédulas/mm3, início tardio do tratamento ou da profilaxia, infiltrado intersticial intenso aos raios X, fibrose intersticial ou edema a biópsia e estado nutricional ruim. Quando não se faz o tratamento à patologia é fatal em 3 a 4 semanas em quase todos os imunodepressores. A taxa de mortalidade relacionada à resposta inflamatória é para pacientes HIV positivo 5 á 10 %, outras doenças de 20 á 25 % e ventilação mecânica de 60 á 90 %. Com isto conclui-se que o acompanhamento do paciente Imunodeprimido é de vital importância para evitar complicações, tais como a Pneumocistose, e caso o paciente adquira esta infecção o tratamento precoce é a solução para evitar o óbito e futuras complicações devido queda dos Linfócitos CD4+.